Desfeita de Dilma aos EUA é correta
Geral

Desfeita de Dilma aos EUA é correta


Por José Antonio Lima, na revista CartaCapital:

O Palácio do Planalto anunciou na tarde desta terça-feira 17 que está cancelada a visita de Estado que a presidenta Dilma Rousseff faria aos Estados Unidos a partir de 23 de outubro. A decisão pode provocar alguma turbulência doméstica, mas o governo brasileiro escolheu a melhor alternativa possível diante do impasse que produziu ao exigir um pedido de desculpas formal por parte de Washington.

A crise atual teve início com a denúncia, feita pelo jornalista Glenn Greenwald e pelo Fantástico, da TV Globo, de que a Agência de Segurança Nacional (a NSA) dos EUA espionou cidadãos, empresas e integrantes do governo brasileiro. Diante do escândalo, o Planalto elevou suas apostas e estabeleceu como condição para a realização da visita um pedido formal de desculpas por parte da Casa Branca.

A aposta era alta pois a exigência feita por Brasília não seria atendida por Washington de forma alguma, como de fato não foi. Barack Obama tentou dissuadir Dilma em conversa realizada na Rússia (durante encontro do G-20) e em um telefonema feito na segunda-feira 16, mas não teve sucesso. Obama não poderia chegar onde o Brasil queria por um simples motivo: para os EUA, não há razão para mostrar arrependimento por uma prática considerada legítima e estratégica.

Cabe lembrar que desde as primeiras revelações feitas pelo ex-NSA Edward Snowden a posição dos EUA não foi alterada. A defesa da espionagem foi mantida até mesmo quando ficou claro que as Nações Unidas e alguns de seus principais aliados europeus também estavam entre os alvos das interceptações. Ao contrário dos países europeus, cuja segurança nacional está entrelaçada com a norte-americana, o Brasil não tem tais amarras e pode, portanto, impor a “desfeita” de cancelar a visita de Estado em represália à espionagem.

É preciso saber, agora, quais serão os efeitos do cancelamento. A nota oficial divulgada pelo Planalto é bastante cuidadosa. Trata o cancelamento como adiamento e afirma que ele foi acertado em conjunto pelos dois presidentes, tendo em vista que uma solução considerada “satisfatória” para o Brasil “ainda não foi alcançada”.

Na prática, o perfil internacional do Brasil deve ser prejudicado. Ao chegar ao poder, Dilma rompeu com um aspecto importante da política externa de Lula, a busca por um papel de protagonista no cenário internacional, independente dos EUA. Dilma tentou remendar as relações com Washington e vinha tendo sucesso na empreitada. A visita de Estado, concedida apenas a parceiros importantes, era uma prova disso. Agora, o Brasil não tem nem uma coisa nem outra – as relações com os EUA tomaram um banho de água gelada e o Brasil que queria liderar o mundo emergente perdeu espaço. Como a crise da espionagem mostrou, há pouca margem de manobra no mundo para um Brasil que viva sob a sombra dos EUA. O melhor caminho, talvez Dilma perceba agora, é manter certa equidistância de Washington e buscar grandeza própria.




- Hora Da Verdade - Rubens Barbosa
O GLOBO - 08/10 O país deve priorizar os interesses nacionais permanentes sobre os objetivos de curto prazo Estava em Washington, liderando uma delegação empresarial da seção brasileira do Conselho Empresarial Brasil-EUA, no dia em que os presidentes...

- Perguntas Retrospectivas - Julia Sweig
FOLHA DE SP - 25/09 Terá Dilma desejado sorte a Barack Obama na busca de apoio a uma resolução sobre a Síria? Duvido Visualize o cenário nos bastidores do dia de abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas, ontem. Enquanto Dilma e Obama aguardavam...

- A Sorte De Dilma - Fernando Rodrigues
FOLHA DE SP - 18/09 BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff cancelou sua visita aos EUA em outubro. Ela considerou insuficientes as respostas do governo norte-americano sobre o recente caso de espionagem aqui no Brasil. Em nota oficial, por meio de sua...

- Bode Na Sala - Eliane CantanhÊde
FOLHA DE SP - 20/08 BRASÍLIA - Se até o namorado brasileiro do jornalista Glenn Greenwald é detido no Reino Unido, imagine-se o que vai acontecer com o próprio Greenwald quando ele puser os pés nos EUA, depois de ter revelado ao mundo as estrepolias...

- A Visita De John Kerry - Correio Braziliense
CORREIO BRAZILIENSE - 12/08O secretário de Estado americano, John Kerry, chega ao Brasil amanhã em visita oficial, que coincide com o escândalo provocado pelas denúncias de espionagem feita por agências norte-americanas. Ele e o ministro das Relações...



Geral








.