Por Cadu Amaral, em seu blog:A poucos meses das eleições gerais no país, o núcleo central do PSDB parece - ou confirma - estar sem capacidade de raciocinar. Não é novidade para ninguém que em anos eleitorais partidos e candidatos medem com mais cuidado suas ações e palavras.
A prefeitura de São Paulo, comandada pelo petista Fernando Haddad, deu início a uma ação positiva na busca de recuperar viciados em crack na maior cidade do Brasil. o programa “Braços Abertos” tem como foco a região chamada de “cracolândia”.
Ao invés de repressão bruta e tradicional, a prefeitura ofereceu emprego e moradia na busca de reinserir os viciados ao convívio coletivo. Além de ser uma iniciativa humanizadora, não se trata o dependente químico como bandido.
Sem nem dar tempo para avaliações mais concretas sobre o programa, o governo do estado de São Paulo, comandado pelo tucano Geraldo Alckmin, desceu a bordoada na “cracolândia” no último dia 23 de janeiro usando a Polícia Civil paulista sem, até onde se sabe, comunicar à prefeitura que faria tal operação.
Não existe a obrigação, do ponto de vista legal, de a prefeitura ser avisada, mas diante de uma nova abordagem sendo implementada pela prefeitura, seria de bom tom o informe. A Polícia Civil alega que a operação visava prender traficantes e não usuários.
Aqui cabe uma reflexão de métodos. A prefeitura pôs em prática um plano que busca o convencimento e a criação de oportunidades para que aquelas pessoas saiam da “cracolândia”. O governo paulista, como já demonstrado em outras situações, faz a opção pela pancada, pela truculência e pela violência. Algo que ocorre há bastante tempo e sem resultados concretos. Serve apenas para o gozo de quem tem horror a pobre.
É claro que existe uma parcela da população que aprova a repressão. Isso também não é novidade, mas será que tal gesto, diante da tentativa de uma nova abordagem não é demais até para setores que tendem a votar no PSDB em São Paulo? A ver.
Lorotas de FHC Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil, farol das ideias conservadoras modernas da elite brasileira, sociólogo e até imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), a cada entrevista que concede consegue superar o pré-candidato à Presidência da República, Aécio Neves.
Na última, ele disse que o “mensalão” do PSDB em Minas foi “apenas caixa dois”. O ato falho do grão mestre tucano, talvez sirva para mostrar como a elite pensa sobre a relação poder econômico e poder político: caixa dois pode, desde que seja o meu. Ou algo semelhante.
Essa fala de FHC pode explicar o porquê da insistência em negar que o “mensalão” do PT nunca existiu e que o erro cometido foi caixa dois. E isso não é uma mazela menor. Pensa assim que concorda que toda e qualquer relação social e política deva ser banhada a dinheiro.
O ato falho de FHC, digamos assim, também pode ter acontecido diante da certeza de impunidade. O “mensalão” tucano está em vias de prescrever. No esquema, até ele, andou recendo alguns “agrados”.
O que ele disse sobre o propinoduto tucano do metrô em São Paulo é algo que nem merece comentário. Coisa de quem perdeu a vergonha ou toma remédio controlado.
Para além do comparativo entre os casos de caixa dois entre PT e PSDB, a luz que ilumina as ideias parisienses tucanas, disse na mesma entrevista que seria bom que “qualquer um vença Dilma” em outubro. Ou seja, tanto faz. Desde que Dilma não se reeleja.
Ora, mas o PSDB tem um pré-candidato. É o senador Aécio Neves. Ele foi alçado à presidência nacional do partido para ter mais visibilidade. Se tanto faz quem vença a disputa em outubro, por que o tucanato lançou candidato? Depois da péssima colocação, FHC tentou consertar, mas o estrago já estava feito.
Mais um mal estar no ninho tucano. Se a coisa já não anda muito bem, segundo as pesquisas de opinião, elaboradas inclusive, por institutos ligados à imprensa grande. O que dirá agora com mais uma “bicorada” interna. Se ainda fosse o Serra quem tivesse dito tal coisa, isso poderia ter passado batido, mas foi o FHC, a quem Aécio vem afirmando que seu “legado” precisa ser resgatado para salvar o Brasil da bancarrota (surreal, não?).
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