Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:Através do Viomundo, chega o anúncio de que o Departamento Intersindical de Estudos Econômicos, que todo mundo conhece pela sigla Dieese, lança na quarta-feira um estudo sobre o tratamento inferior que os negros continuam recebendo no mercado de trabalho.
Embora o quadro seja muito melhor do que há anos atrás, as desigualdades persistem e nada tem a ver com o grau de educação: mesmo com nível superior, os negros ganham apenas 60% dos não-negros com a mesma formação.
É o contrário da “tese” do diretor da Globo, Ali Kamel, que em seu livro “Não somos racistas” se insurge contra ações afirmativas, dizendo que apenas o atraso da pobreza discrimina, e a negros e brancos. Claro que é verdade, mas não é toda a verdade. É, portanto, como mostram os números do Dieese, falso.
Veja o resumo do trabalho:
O estudo “Os negros nos mercados de trabalho metropolitanos” destaca que:
– Nas áreas metropolitanas, os negros correspondem a 48,2% dos ocupados, mas, em média, recebem por seu trabalho 63,9% do que recebem os não negros;
– A desvantagem registrada entre a remuneração de negros e não negros é pouco influenciada pela região analisada, horas trabalhadas ou setor de atividade da economia, ou seja, em qualquer perspectiva, os negros ganham menos do que os brancos;
– À medida que acrescentam anos de estudo a sua formação, pretos e pardos melhoram suas condições de remuneração, mas é nos patamares de maior escolaridade que se constatam as discrepâncias mais acentuadas de rendimentos entre negros e não negros;
– Na indústria metropolitana, o confronto de rendimentos-hora de trabalhadores com ensino superior completo indica que, em média, os ganhos dos negros ficam em R$ 17,39, enquanto os dos não negros ficam na ordem de R$ 29,03.
– Os negros ocupam os grupos ocupacionais de menor prestigio e valorização: Na RMSP, enquanto 18,1% dos ocupados não negros alcançam cargos de Direção e Planejamento, apenas 3,7% dos negros chegam lá.
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