Editorial do site Vermelho:O ano de 2014 entra para a história como um período de grandes embates políticos, marcado pela polarização, no quadro de uma disputa eleitoral acirrada e um reagrupamento da direita em torno de uma campanha para derrotar o avanço das forças progressistas. Forças de direita optaram pelo extremismo, representando a oligarquia financeira e os grupos monopolistas da mídia. De maneira desesperada, tudo fizeram para tentar voltar a assumir o comando político do país.
Em agosto deste ano, em plena campanha eleitoral, publicamos editorial que apontava as conquistas sociais como principal legado do governo Dilma Rousseff e, portanto, a sua reeleição representava avançar nessas conquistas. Também dissemos que a campanha eleitoral promovia o debate mais amplo sobre o Brasil que temos e o Brasil que queremos e que a escolha não era apenas entre o candidato A ou B, mas de um projeto para o país.
Efetivamente. Em plena campanha, a oposição assumiu um discurso de ódio, revelando o grau da luta de classes no país. Os candidatos oposicionistas tinham apenas um inimigo, a presidenta Dilma Rousseff. Esta, por seu lado, rechaçava os ataques dos adversários afirmando a continuidade das conquistas e dos avanços sociais. No embate político-eleitoral esteve em jogo, como ainda está, o futuro dos brasileiros. Tratava-se, como ainda se trata, de avançar nas conquistas ou retroceder.
As urnas decidiram e foram soberanas. Reelegeram a presidenta Dilma Rousseff, com mais de 54 milhões de votos e decidiram, de forma democrática, pelo avanço conduzido pelas forças progressistas, sendo a quarta vitória consecutiva, processo iniciado com a conquista da Presidência por Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
A disputa do segundo turno foi bastante acirrada, mas a maioria do povo escolheu um vencedor. Foi uma vitória da democracia, da esquerda brasileira, de sua militância aguerrida e dos movimentos sociais, que na reta final, diante da possibilidade de retrocesso representado pela campanha neoliberal do tucano Aécio Neves, uniu todas as suas forças em apoio à candidatura da presidenta Dilma.
Os derrotados, por sua vez, não aceitam o veredito das urnas. A diferença de mais de três milhões de votos que deram a vitória a Dilma tornou amarga a vida da direita, que no período pós-eleitoral tenta a todo custo criar um “terceiro turno”. A mídia oligárquica tem sido o alicerce dessa empreitada. Deste o início da campanha, a movimentação golpista da direita neoliberal foi sempre a mesma, para obstruir e impedir que a presidenta governe.
A presidenta Dilma já enfrenta desafios relacionados com o segundo mandato que serão vencidos se as forças progressistas se mantiveram unidas para respaldar seu governo, apontando o caminho do aprofundamento da democracia, da defesa da soberania nacional e do desenvolvimento econômico e social.
As eleições demonstraram o amadurecimento do povo brasileiro, que quer distribuição de renda, emprego e mais conquistas sociais, educação e saúde de qualidade, transporte público que respeite o cidadão e segurança pública de fato. Também quer uma ação firme do Estado contra a corrupção e a impunidade. E, sobretudo, reformas estruturais democráticas.
Quem melhor encarna essas aspirações e tem condições de realizá-las é a esquerda. Não somente pelo compromisso da firmado, mas pelas suas ações práticas.
Os governos do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma criaram formas de combater a corrupção, com o Portal da Transparência, a Lei de Acesso à Informação, a Lei da Ficha Limpa e a Lei das Organizações Criminosas, por exemplo. Dados comprovam que os governos de Lula e Dilma se destacaram por ações neste sentido. As operações da Polícia Federal saltaram de 48, no período de FHC, para 2.226 entre 2003 e maio de 2014.
Por isso, além do legado das conquistas sociais, os governos conduzidos pelas forças progressistas também foram responsáveis por romper a lógica fisiologista caracterizada pela impunidade de políticos corruptos e pela prática do procurador-geral da República, que se tornou conhecido como “engavetador-geral” da República, durante o governo tucano.
A corrupção, infelizmente, é uma mazela presente nas estruturas de Estado de qualquer país. A diferença está na forma de combatê-la. A história mostra que no Brasil os governos da direita não combateram a corrupção, ao contrário, sempre se beneficiaram dela.
Dar um salto de qualidade no debate sobre a corrupção é certamente um caminho a ser percorrido, já que o discurso da grande mídia é de incentivo ao ódio e de aversão à política, criando uma percepção distorcida dos avanços no combate à corrupção, procurando fazer crer que esta é a marca que caracteriza os governos das forças progressistas.
Apesar dessa avalanche noticiosa míope, o governo da presidenta Dilma e as forças aliadas têm conseguido vitórias. Pesquisa aponta que a confiança dos brasileiros em Dilma cresceu e hoje atinge 51%, ante os 45% registrados em setembro. O percentual da população que aprovou a maneira como Dilma governa o país atingiu 52%, quatro pontos percentuais acima dos 48% registrados na última pesquisa, divulgada na primeira quinzena de setembro.
Surpresa? Não. Desde o anúncio de sua vitória, em 26 de outubro, e mesmo durante a campanha, a presidenta Dilma destacou que o seu governo terá como fio condutor a participação popular e que para isso manterá um diálogo permanente com os movimentos sociais. A manutenção desse compromisso será fundamental para construir as mudanças necessárias ao avanço do país e à sua consolidação como nação progressista.
A participação popular efetiva não se dará somente por essa disposição da presidenta de promover o diálogo, mas principalmente pela atuação e organização dos movimentos sociais, para que possam interferir, seja no governo ou no Congresso Nacional, de modo a atender os anseios do povo brasileiro.
É neste contexto que os movimentos sociais estão se mobilizando para realizar uma grande festa da democracia, saindo em caravanas dos quatro cantos do Brasil para homenagear a vitória de Dilma em sua posse, no dia 1ª de janeiro. Para os movimentos sociais, este deve ser um ato de reafirmação de apoio e da continuidade da trajetória de conquistas sociais e promoção das mudanças de que o Brasil precisa. Por um segundo mandato mais forte e com maior participação popular.
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