Direita acelera golpe do impeachment
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Direita acelera golpe do impeachment


Por Altamiro Borges

Crescem os boatos em Brasília de que a oposição direitista deve acelerar o golpe do impeachment nos próximos dias. Aproveitando-se do desgaste do governo Dilma, que enfrenta grave crise econômica e dá vários tiros no pé, PSDB, DEM, PPS e SD pretendem ingressar com o pedido formal na Câmara dos Deputados. O movimento já teria o apoio de uma parcela do PMDB e de outras legendas ainda mais fisiológicas. Ele também teria o aval do presidente da Câmara Federal, o lobista Eduardo Cunha, que foi atingido pela midiática Lava-Jato e atua desesperadamente para escapar da sua própria cassação.

Os jornais desta sexta-feira (11) refletem, em certo sentido, esta escalada golpista. A Folha tucana é a mais excitada. A coluna Painel, que virou um palanque dos conspiradores, está recheada de fofocas e intrigas. "Coordenadores do movimento pró-impeachment de Dilma se reuniram com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) após o lançamento do grupo, nesta quinta-feira. O presidente da Câmara sinalizou que não vai 'sentar em cima' dos requerimentos pela saída da presidente - entre eles o protocolado por Hélio Bicudo, que foi abraçado pelo grupo", informa a colunista Vera Magalhães, que curiosamente é esposa de Otávio Cabral, coordenador de comunicação da campanha do cambaleante Aécio Neves.

No mesmo rumo, a jornalista Mônica Bergamo, que ainda mantém certa aura de independente, afirma em sua coluna que "ministros, deputados e senadores do PT já consideram não apenas possível mas provável que a presidente Dilma Rousseff seja afastada do governo num processo de impeachment ainda neste ano. O clima é de abatimento... Pelo monitoramento do PT, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, rejeitará pedidos de impedimento, inclusive o de Hélio Bicudo. Deputados da Frente Pró-Impeachment, com 280 votos, recorreriam ao plenário e, com maioria simples, votariam pela admissibilidade do impeachment, primeiro passo para o afastamento de um presidente".

A jornalista da Folha apimenta ainda mais sua especulação, sem citar as fontes: "Um senador do PT observa que foi a partir da aprovação da admissibilidade do impeachment de Fernando Collor que 'as pessoas começaram a acreditar e tomaram as ruas do país' para derrubá-lo do poder, em 1992. O mesmo poderia acontecer com Dilma Rousseff... Nesse clima de pressão máxima, o impeachment seria então apreciado na Câmara. Como o voto é aberto, até mesmo parlamentares de oposição que são contra o afastamento se veriam forçados a votar a favor".

Estas e outras matérias "jornalísticas", que congestionam também as páginas do Estadão e do Globo e excitam os comentaristas das emissoras de rádio e televisão, podem ser apenas balões de ensaios, sem maior consistência. Mas elas alimentam os parlamentares de várias legendas, que hoje viraram meros dispositivos partidários da mídia hegemônica. Não é por acaso que nesta quinta-feira (10), deputados e senadores do PSDB, DEM, PPS e SD decidiram lançar oficialmente o movimento pela deposição de Dilma. Segundo os noticiários, o grupo tem o objetivo de apresentar, em 15 dias, o pedido formal de impeachment da presidenta. Até uma página fajuta na internet foi criada para colher adesões. 

Para os que achavam que o golpe já estava afastado do horizonte político, o clima deve esquentar um bocado nas próximas semanas. A defesa da legalidade democrática e do mandato constitucional da presidenta Dilma Rousseff vai exigir forte unidade e muitas iniciativas dos movimentos sociais e progressistas, a começar da Frente Brasil Popular criada no sábado passado (5) em Belo Horizonte.

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