Como o ser humano se adapta a tudo! Considere, por um momento, que eu e o maridão somos seres-humanos, e ainda por cima adaptáveis. Tô falando do frio. Ontem à noite saímos. Tava apenas um grau negativo e, claro, cobertos de casacões da cabeça aos pés, nem sentimos frio. O maridão atingiu um estado de demência tal que, quando tá um grau negativo, ele costuma dizer: “Hoje dá praia!”. Porque isso virou calorão pra gente! Ok, kidding, nunca vou me conformar em viver num congelador. Mas compare: pra hoje a previsão de temperatura vai de menos 5 a menos 13 (celsius, que é medida de gente. Ignoro os fahrenheit). E isso não é nada, se compararmos o que vem amanhã: de menos 13 a menos 18! Portanto, já comuniquei o maridão que amanhã não saio de casa nem se aparecer barata (não existe essa possibilidade. Barata pode sobreviver à hecatombe nuclear, mas não ao inverno de Michigan). Só que o maridão é teimoso. Ele diz que quer sair por aqui pertinho só pra tirar umas fotos (sim, essas fotos de altíssima qualidade que você conhece). Acho que 18 graus negativos é cenário de “O Dia Depois de Amanhã”, sabe? Da gente colocar um dedinho fora de casa, ele congelar em matéria de segundos e cair? É isso que eu vislumbro. Às vezes penso também no Jack Nicholson no labirinto de neve, na última cena de “O Iluminado”. Mesmo assim, já pedi pro maridão amarrar uma corda em torno de sua cintura antes de sair (à la “O Nevoeiro”; reze pra esse filmaço chegar aí). Desse jeito, eu consigo medir até onde ele conseguiu ir, e posso resgatar o cadáver congelado sem pisar lá fora, só puxando a cordinha.