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Dívida de governos locais chineses preocupa
Bloomberg
A dívida dos governos locais da China equivale a uma "bomba-relógio". A avaliação é do analista Tao Dong, do Credit Suisse, que acompanha a economia do país há quase duas décadas.
"Precisamos prestar bastante atenção nesse problema, já que é uma das maiores ameaças à estabilidade econômica chinesa", afirmou Tao em Hong Kong.
Na semana passada, o banco central da China disse ver um risco crescente de perdas nas mais de 8 mil empresas que os governos locais criaram para evitar regulamentações que proíbem a contratação de empréstimos diretos. Segundo estimativa da Standard Chartered, a dívida dos governos locais pode atingir 12 trilhões de yuans (US$ 1,85 trilhões) em 2012.
"O problema da dívida dos governos locais é o maior que eu já observei em 17 anos de acompanhamento da economia chinesa", afirmou Tao. "Todavia, não prevejo uma explosão imediata da dívida local porque o setor imobiliário não está exibindo nenhum sinal drástico de desaceleração."
De acordo com a empresa de avaliação de risco Fitch Ratings, no pior cenário possível os empréstimos para governos locais financiarem a compra de veículos e construtoras imobiliárias podem levar a fatia dos empréstimos podres nos bancos chineses atingir 30% do total.
Comentário: As províncias chinesas contam com incentivos perversos, pois possuem metas de crescimento e emprego. Isso tem levado a um foco demasiado na construção civil, setor intensivo em mão de obra que contribui com o aumento dos dados agregados de PIB. Com seus balanços no limite oficial de endividamento, estes governos locais criam mecanismos fora do balanço para expandir o grau de alavancagem. Criaram um problema gigantesco de "bad debt", ou seja, dívida podre. Calcula-se (e tudo na China tem pouca transparência e é difícil de calcular) que os bancos tenham entre 20 e 25% de passivo podre nos balanços, fora este problema das províncias. Construíram muitas pontes ligando Lugar Algum a Nenhum Lugar, prédios suntuosos e até cidades fantasmas. Os economistas austríacos chamariam isso de "malinvestments", ou má alocação de recursos por conta de incentivos inadequados. Quando esta bomba vai estourar ninguém sabe. Mas o problema não pode ser simplesmente ignorado.
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