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E os direitos humanos em Honduras?
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ORLANDO SIERRA/AFP/Getty Images |
Por Altamiro BorgesNa terça-feira (14), um sinistro incêndio causou a morte de 356 detentos no presídio de Comayagua, em Honduras. Aos poucos, surgem indícios de que houve um cruel atentado aos direitos humanos – neste sofrido país, saqueado pelos EUA e alvo de tantos golpes militares. O brasileiro Adilio Gomes Sobral, que se encontrava preso “neste inferno”, relata algumas cenas chocantes.
"Queriam que todo mundo morresse"Numa entrevista ao repórter Diogo Bercito, da Folha, o sergipano de 50 anos garante que os agentes penitenciários se negaram a salvar os presos. “Os policiais encarregados de abrir os portões jogaram fora as chaves. Queriam que todo mundo morresse... Vi muitos amigos morrerem. Também vi quando retiraram os mortos. Todos queimados. O fogo comeu tudo. Só o esqueleto ficou”.
O brasileiro não é o único a denunciar a ação criminosa. Vários relatos têm sido feitos à imprensa local e mundial sobre o estranho incêndio. As celas estavam superlotadas – com mais de cem presos em espaços para 60 pessoas; não havia qualquer condição de higiene e segurança no presídio. Muitos vegetavam no local sem que a sentença judicial tivesse sido proferida, como Adílio.
ONU exige investigação independente“Ele foi preso há dois anos e nove meses pelas acusações de tráfico de pessoas e abuso de menores, de que se diz ‘totalmente inocente’. Como boa parte dos presos, ele ainda não tem sentença. Um documento oficial divulgado por agências de notícias dá conta de que 57% dos presos de Comayagua ou aguardavam julgamento ou estavam detidos por suspeita de serem membros de gangues locais”, relata o jornalista.
Na sexta-feira (17), a ONU pediu uma investigação independente sobre o incêndio. Para o comissariado de direitos humanos, o desastre é conseqüência de “uma série de problemas endêmicos, como a superlotação carcerária”. Segundo a ONU, Comayagua tem condição para manter 250 pessoas, mas o presídio abrigava mais de 800.
Mídia protege os golpistasTodas estas barbaridades, porém, não têm sido amplamente denunciadas pela mídia brasileira. Será que é porque ela apoiou o golpe militar que depôs o presidente Manoel Zelaya, qualificando-o como um “golpe constitucional?”. Será porque ela fez duras críticas ao governo Lula, que rechaçou o golpe e deu abrigo ao presidente deposto na sua embaixada em Honduras?
Será que se a tragédia tivesse ocorrido na Venezuela, Bolívia, Equador ou em outro país que não segue as ordens dos EUA, a mídia nativa colonizada seria tão comedida? O Jornal Nacional da TV Globo não daria destaque ao assunto?
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