Por Altamiro BorgesOs protestos diários contra as fraudes nas eleições presidenciais de Honduras, realizadas no domingo passado, ganharam importante reforço. O ex-juiz espanhol Baltazar Garzón, famoso por ter levado à prisão o falecido ditador Augusto Pinochet, deu entrevista à imprensa mundial confirmando o roubo. Ele acompanhou o pleito como observador da Federação Internacional de Direitos Humanos e afirma: “Há claros indícios de manipulação e fraude eleitoral”. Mesmo assim, a mídia colonizada do Brasil já parabeniza os fraudadores hondurenhos. O Globo é o porta-voz dos golpistas.
Segundo o Tribunal Supremo Eleitoral da nação centro-americana, Juan Hernández, do direitista Partido Nacional, obteve 36% dos votos e venceu Xiomara Castro, mulher do presidente deposto Manuel Zelaya, que teve 29%. Vale lembrar que o poder judiciário local deu total apoio ao golpe militar de junho de 2009, orquestrado pelos EUA e pela oligarquia nativa. Além do partido Libre (Liberdade e Refundação), liderado por Xiomara, todas as outras legendas que disputaram as eleições de domingo questionaram o resultado do pleito.
Para Baltazar Garzón, “o alcance da fraude ainda não está determinado, mas houve compra de votos, compra de credenciais, clara influência e tentativas de manipulação através da contagem eletrônica e da transmissão de atas”. O ex-juiz espanhol também criticou o financiamento da campanha do candidato governista. Há suspeitas de ingerência externa e do uso de dinheiro do tráfico de drogas. As críticas de Baltazar Garzón reforçam as mobilizações populares na capital hondurenha. Novo protesto está marcado para este sábado (1).
Apesar das suspeitas de fraude, a mídia brasileira já manifestou total apoio ao ‘presidente’ direitista – assim como tinha apoiado o golpe no país. O Globo foi o mais descarado. Em editorial nesta quinta-feira (28), o jornal da famiglia Marinho festejou: “Chavismo sai derrotado em Honduras”, estampou no título. Para o diário, “com a derrota de Xiomara quem perde é o chavismo, ao qual Zelaya aderira; e, por tabela, o ex-presidente Lula, que apoiou a candidata... Mais uma vez, Lula não se furta à ingerência em assuntos internos de outro país para ajudar ‘companheiros’”.
Contra as forças progressistas e populares da América Latina – sempre rotuladas de “chavistas” –, O Globo prefere mesmo a “ingerência” dos EUA, os golpes militares e as fraudes eleitorais! Num recente editorial, o jornal fez “autocrítica” do seu apoio ao golpe militar de 1964 no Brasil. Como se observa, era pura falsidade.
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