E se? - ELIANE CANTANHÊDE
Geral

E se? - ELIANE CANTANHÊDE


 O ESTADÃO - 19/06

A presidente Dilma Rousseff parecia superar seu pior momento, mas nesta semana enfrenta um triplo ataque. Com seus míseros 13% de aprovação, Dilma é uma presidente fraca ? em mais de um sentido, aliás. Logo, é alvo fácil de tiroteios e balas perdidas.

O Congresso deixou a presidente vulnerável, cara a cara com as centrais sindicais, à esquerda, e com as classes patronais, à direita. Comandado pelo PMDB, aprovou de surpresa o novo cálculo do fator previdenciário que Dilma foi obrigada a vetar. Ao mesmo tempo, o Legislativo demora meses para revisar as desonerações fiscais das empresas. Ou seja: além de reduzir recursos, evita que Dilma aumente a arrecadação. Como fazer o ajuste fiscal com um barulho desses? O arrocho é em cima do trabalho, enquanto o capital vai mantendo a mamata das desonerações.

Mas as delicadas questões do fator previdenciário e das desonerações são pinto perto do estrago político causado pelo Tribunal de Contas da União ? não sem excelentes motivos, registre-se. Os dois projetos exigem exasperantes negociações com os líderes da base aliada, mas o TCU exige mais: exige que Dilma prove o que, talvez, ela não tenha como provar.

Em todas as votações do ajuste, como no novo fator previdenciário e nas desonerações, Dilma e seus articuladores políticos, inclusive o vice Michel Temer, partem do velho princípio do ?vão-se os anéis, ficam os dedos?. A cada rodada de negociação, lá se vão alguns bilhões da previsão de economia. Tudo para preservar o próprio ajuste.

Já no caso do TCU, o que está em jogo não são dedos nem anéis, mas sim a própria cabeça de Dilma. Pela lei e pelo parecer do jurista Miguel Reale Junior, por encomenda do PSDB, ela pode ser julgada por ter recorrido às tais ?pedaladas fiscais? para fechar artificialmente suas contas. Apesar da dinâmica diferente, uma ação por crime de responsabilidade tem o mesmo objetivo de um impeachment: a destituição do, ou da, presidente.

É, evidentemente, uma questão da mais alta gravidade e o TCU, por mais que esteja ?apanhando? dos dois lados e de boa parte da opinião pública, agiu adequadamente ao dar à presidente da República um prazo de 30 dias para explicar, se puder, 13 pontos suspeitos do último ano do primeiro mandato.

A quem critica o TCU por não ter reprovado as contas de Dilma, pura e simplesmente: veja bem, o tribunal não as reprovou ainda, mas igualmente não as aprovou nem recorreu ao velho jeitinho de ?aprovar com ressalvas?. E, ao dar a Dilma chance de defesa, a corte garante mais legitimidade para seu veredicto final, seja qual for.

A quem, ao contrário, acusa o tribunal de agir como oposição por não aprovar as contas e pronto: exigir explicações da presidente e admitir a possibilidade de condenação é um risco menor para a democracia e para as instituições do que desrespeitar as leis e fazer vistas grossas para crimes de quem quer que seja.

A semana acaba, mas continua um deus nos acuda e um acuda-se Dilma. A troca do fator previdenciário está uma lambança. A desoneração virou uma novela. O TCU é um problemaço. Durante um mês, Dilma terá que quebrar a cabeça (dela, do ex-ministro Guido Mantega e da sua atual assessoria) para explicar, tintim por tintim, as contas, as pedaladas e as previsões erradas. E responder se, como diz o Ministério Público de Contas, atropelou a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a própria Constituição. E se?

Desrespeito. Depois que a Bolívia jogou cães farejadores num avião da FAB que transportava o próprio ministro da Defesa do Brasil, tudo é possível, ainda mais na Venezuela de Nicolás Maduro. O Planalto e o Itamaraty não podem miar.




- Arno é O Novo Cerveró - Vera MagalhÃes
FOLHA DE SP - 18/06 O que dirá Dilma Rousseff na defesa que terá de entregar ao Tribunal de Contas da União, que nesta quarta-feira deu um inédito e vexatório ultimato à presidente da República? A versão que aliados da petista têm ventilado,...

- Tcu Vê Irregularidades Nas Contas De Dilma E Pede Explicações
Dilma já perdeuVotar pela manutenção do fator previdenciário representou enorme desgaste para os partidos governistas, sobretudo os de esquerda A decisão sobre o veto ou não do fator previdenciário é uma derrota anunciada da presidente Dilma....

- O Tcu E As Pedaladas Golpistas
Por Altamiro Borges A presidenta Dilma Rousseff não terá paz até o final do seu mandato em dezembro de 2018 – isto se conseguir chegar até lá. Apesar dos otimistas de plantão, em especial daqueles que bajulam pelos corredores do Palácio do Planalto,...

- Fator Previdenciário: Dilma Lê A Folha
Por Altamiro Borges Apesar da pressão das centrais sindicais e das forças de esquerda, a presidenta Dilma Rousseff decidiu vetar a alternativa ao fator previdenciário aprovada pelo Congresso Nacional – a chamada fórmula 85/95. Ao mesmo tempo, o...

- Fator Previdenciário Desgasta Dilma
Por Altamiro Borges No seu primeiro mandato, o governo Dilma Rousseff negociou com as centrais sindicais mudanças no “fator previdenciário”, criado no reinado de FHC com o objetivo de reduzir as aposentadorias e as pensões e elevar o tal “superávit...



Geral








.