Por Altamiro BorgesA presidenta Dilma Rousseff não terá paz até o final do seu mandato em dezembro de 2018 – isto se conseguir chegar até lá. Apesar dos otimistas de plantão, em especial daqueles que bajulam pelos corredores do Palácio do Planalto, a oposição de direita não vai dar trégua, seja tentando “sangrar” o seu governo ou apostando no impeachment. Neste esforço, o dispositivo partidário composto por PSDB, DEM, PPS e SDS conta com a barulhenta militância da mídia privada, que se comporta como o principal partido golpista e atingiu um ponto de não-retorno. A cada semana, um novo petardo é lançado contra Dilma Rousseff. Nos últimos dias, entrou em campo com estridência o sinistro Tribunal de Contas da União (TCU), hoje dominado por ministros declaradamente de oposição.
Nesta quinta-feira (18), o órgão fixou “prazo de 30 dias” para que a própria presidenta explique as irregularidades na prestação de conta do governo de 2014. Até a Folha tucana estranhou a sentença. “A decisão do TCU, unânime, é inédita. O tribunal nunca havia pedido a um presidente da República para responder diretamente a questionamentos do órgão. Agora, Dilma terá que explicar 13 – um número simbólico, por ser o do PT – das 31 irregularidades apontadas pelo relator do caso no tribunal, o ministro Augusto Nardes”. Caso o TCU considere que as respostas são insuficientes, a oposição direitista terá um prato cheio para retomar a sua ofensiva pelo impeachment da presidenta e os fascistóides que saíram do armário convocarão novas marchas golpistas pelo país.
Mesmo na hipótese mais otimista, o da aprovação das contas, os estragos já estão feitos. O Palácio do Planalto, que pretendia deflagrar sua “agenda positiva” após as vitórias amargas do ajuste fiscal e do veto parcial ao fator previdenciário, voltou a ficar acuado, na parede. Os efeitos também se fizeram sentir na economia, que dá nítidos sinais de recessão. Os abutres do mercado financeiro já insinuam que o Brasil poderá ter a sua conta rebaixada pelas tais agências internacionais de risco. Já no mais conservador Congresso Nacional da história recente do país, os achacadores exploram a nova crise para aumentar o seu poder de barganha. No bojo da denúncia sobre as “pedaladas fiscais” do governo Dilma, os piores oportunistas aproveitam para dar as suas pedaladas.
Nesta nova onda golpista, os maiores absurdos são cometidos e poucas vozes se erguem para denunciar as sacanagens. Na semana passada, por exemplo, as contas de 2014 do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foram aprovadas sem qualquer escarcéu na mídia chapa-branca. Em apenas 90 minutos, os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), totalmente controlado e manietado pelos tucanos, deram aval à gestão do “picolé de chuchu”, apesar dos graves atrasos nas obras da Sabesp, que deixam milhões de paulistas sem água diariamente, das promessas não cumpridas de ampliação do Metrô e das reduções drásticas dos investimentos nas áreas de saúde, educação e segurança pública. O TCE sequer aprovou uma moção de “ressalva” às contas do tucano.
Outro absurdo que ainda não repercutiu na sociedade é que o procurador Júlio Marcelo de Oliveira, que representa o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) e que solicitou a rejeição das contas da presidenta, é um ferrenho inimigo do governo. Ele não tem nada de imparcial. Em seu perfil no Facebook, este senhor convocou seus seguidores a comparecem às recentes marchas golpistas pelo impeachment de Dilma. Ele também diz integrar o grupo golpista “Vem pra Rampa”, em alusão aos mercenários do “Vem pra Rua”. É esta turma que hoje domina vários aparelhos de hegemonia do Estado – como o Ministério Público, a Polícia Federal e os tribunais. É ela que, aliada à mídia e aos dispositivos partidários da oposição, não dará trégua ao governo Dilma.
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