Economia zerada exige mais ousadia
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Economia zerada exige mais ousadia


Por Altamiro Borges

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, hoje, um estudo com dados preocupantes sobre a economia. No terceiro trimestre do ano, ela permaneceu quase zerada, sem crescimento, na comparação com o trimestre anterior. O Produto Interno Bruto (PIB) somou R$ 1,05 trilhão. A expansão no ano é de apenas 3,2%, bem inferior às expectativas iniciais do governo Dilma.



Na comparação com o segundo trimestre, o único setor que cresceu foi o da agropecuária (3,2%). A indústria teve queda de 0,9% e os serviços, de 0,3%. A retração de 1,4% na nevrálgica indústria de transformação foi a maior culpada pelo fiasco na indústria. Também houve reduções no consumo do governo (-0,7%), no consumo das famílias (-0,1%) e nos investimentos (-0,2%).

Governo se move, mas timidamente

Diante do colapso das economias da Europa e dos EUA, que estão desintegrando – com recordes de desemprego, endividamento extremo e outras chagas capitalistas –, os dados do IBGE até que são um refresco. Mas não dá para tapar o sol com a peneira. A crise mundial já atinge o Brasil. O país sente os efeitos da queda da exportação e dos primeiros sintomas da retração do crédito internacional.

Diferente dos agiotas financeiros e a mídia rentista, o governo Dilma não está inerte diante da gravidade do cenário econômico. O Banco Central finalmente decidiu baixar as taxas de juros – ainda que de forma muito tímida – e, na semana passada, o Ministério da Fazenda anunciou várias medidas para estimular o consumo interno, com corte de impostos e aumento do crédito interno.

Tripé neoliberal ainda persiste

Estas medidas, porém, talvez sejam insuficientes para evitar o tsunami internacional. Na sua essência, o tripé neoliberal na política macroeconômica - arrocho monetário, aperto fiscal e libertinagem cambial – prossegue em vigor e cobra o seu alto preço. O Brasil continua atado aos interesses dos rentistas, do capital financeiro. Falta-lhe maior ousadia para enfrentar os gargalos da economia.

Como afirma o economista Amir Khair, o governo precisaria agir com mais vigor num momento de tanta turbulência. Ele lembra que as taxas de juros praticadas no país ainda são as mais elevadas do mundo. “Isso desestimula os investimentos, impede o equilíbrio fiscal e artificializa o câmbio, reduzindo a competitividade das nossas empresas. É hora de mudar isso para completar o arsenal de defesa do país para enfrentar a crise que já está em nossa porta”.




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