Novo presidente do sindicato já tem seu 1º desafio: negociar novo carro para evitar crise no emprego
Arthur Costa
São José dos Campos
O primeiro desafio do próximo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que será escolhido em eleição no final deste mês, será negociar a manutenção de pelo menos 3.000 empregos na fábrica da General Motors, maior colégio eleitoral da base.
O grupo trabalha na montagem de veículos que sairão de linha nos próximos meses. A unidade, conhecida como MVA, não recebe um projeto novo desde 2003, quando ficou responsável pela produção da picape Montana, cuja fabricação foi levada para São Caetano do Sul.
Atualmente, a unidade local produz carros próximos de saírem de linha, como Meriva, Zafira e Corsa. No caso das minivans, a sua versão substituta, conhecida como Spin, será produzida em São Caetano do Sul este ano.
A ociosidade da linha preocupa lideranças empresariais, prefeitura e o sindicato da categoria. Hoje, a GM emprega 8.000 na cidade.
?O MVA está na berlinda. Alguns trabalhadores já foram transferidos para a linha da S10 e outros estão sendo demitidos. Esta é uma realidade?, disse Nilson Araya, o ?Chileno?, candidato da CTB (Central dos trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).
Ele argumenta que para manter a linha ativa é preciso aumentar o diálogo tanto com a empresa como com os trabalhadores. ?O que temos percebido é que o sindicato tem tomado as decisões e induzido trabalhadores ao erro. Falta transparência. Estamos dispostos a salvar essa planta.?
O candidato da Conlutas, central que comanda o sindicato desde 2006, Antonio Ferreira Barros, o ?Macapá?, não comentou o assunto. O atual presidente da entidade, Vivaldo Moreira, negou que falte diálogo para trazer novos investimentos para São José.
?Os lançamentos foram definidos em 2008. Todos os projetos que nos foram apresentados foram aprovados. A S10 é um exemplo?, disse.
Ele afirmou que a situação do MVA preocupa, mas que a empresa não apresentou novos projetos para a linha.
?Não acredito que os carros saiam de mercado com essa rapidez?, disse Moreira.
Além do MVA, a planta de São José inclui a linha de produção da S10, que emprega 1.500 trabalhadores, e a Powertrain, que faz motores.
Opinião. O diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São José, Almir Fernandes, considera o sindicato o responsável pela ausência de projetos.
?Nós tivemos chance de trazer dois projetos. A GM não conseguiu aprovação do sindicato e eles foram levados para São Caetano. Enquanto lá está borbulhando, sem lugar para crescer, com terceiro turno, aqui está assim, com temor de novos cortes?, disse.
O secretário de Relações do Trabalho da cidade, José Luís Nunes, afirmou que a situação atual da fábrica preocupa.
Outro lado. A GM não comentou o assunto ontem.
lesionados
Demissões são ilegais, afirma MPT
O procurador do Ministério Público do Trabalho, Alexandre Salgado, considerou irregular a demissão de 20 trabalhadores da GM. Em seu despacho, ele afirma que os funcionários tinham estabilidade legal na empresa, de acordo com o acordo coletivo da categoria. O sindicato impetrou uma ação cível pública ontem contra a empresa, cobrando a reintegração dos lesionados.
São Caetano
Fábrica do ABC tem 100% da capacidade
A produção da General Motors em São Caetano do Sul está a todo vapor, afirma o sindicato da categoria. Pela falta de espaço no complexo da empresa, a GM alugou um terreno vizinho à planta para funcionar de estacionamento dos trabalhadores. A unidade tem 12 mil trabalhadores e produz, em média, 900 veículos por dia. Desde 2011, o terceiro turno foi reativado.
FÁBRICAS DA GM NO BRASIL
São Caetano
Modelos fabricados: Classic, Montana, Cobalt e Cruze
Projeto futuro: Minivan Spin
Trabalhadores: 12 mil
São José
Modelos fabricados: Corsa, Meriva, Zafira, Classic e S10, além da Powertrain, fábrica de motores e transmissão
Trabalhadores: 8.000
Gravataí (RS)
Modelos fabricados: Celta e Prisma
Projeto futuro: novo compacto da GM
Trabalhadores: 2.000
Joinville (SC)
Fábrica de motores e transmissão está em fase de construção. Depois de concluída, vai gerar 450 empregos diretos e outros 50 indiretos
Outras unidades
Mogi das Cruzes: fábrica de componentes
Sorocaba: centro de distribuição de peças
Indaiatuba: campo de provas
Eleição
Nos dias 29 de fevereiro e 1º de março acontece a eleição do Sindicato dos Metalúrgicos de São José. Concorrem ao pleito as centrais sindicais Conlutas, no comando da entidade desde 2006, e a CTB, de oposição
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