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Eleitores em disputa - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 04/10
Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda não tinham acabado de proferir os votos sobre o partido de Marina Silva, a Rede Sustentabilidade, e as legendas já começavam ontem a fazer apostas sobre quem herdará o percentual de intenção de voto que a ex-senadora amealhou desde que concorreu à Presidência da República em 2010. Obviamente, ninguém levará tudo. Afinal, os votos de Marina são de opinião e não seguirão em bloco para este ou aquele partido. Ainda há quem tenha a esperança de que ela termine concorrendo por outra legenda até que consiga formar a Rede e promover a fusão com a sigla que lhe abrigar agora, seja o PEN, seja o PPS, as duas opções mais viáveis.
Apesar dessa perspectiva, os partidos trabalham mesmo é com o fato de Marina não ser candidata. E, dentro desse contexto, cada um tenta trabalhar suas deficiências. Os oposicionistas agora julgam ter que trabalhar dobrado no sentido de buscar um volume suficiente que assegure o segundo turno e estanque a recuperação de Dilma Rousseff.
No caso do senador Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais, a semana tira dos ombros dos tucanos o fantasma de uma candidatura de José Serra patrocinada por outras praças que não o PSDB. A permanência, entretanto, não é suficiente. Quem acompanha o ritmo tucano percebe que o momento é de assegurar a unidade do grupo de Serra dentro do projeto da candidatura de Aécio. Ciente dessa necessidade, o senador mineiro trabalha inclusive uma aproximação com Serra. Os dois conversaram esta semana, antes e depois do anúncio do ?fico? de Serra, para avaliar o impacto da notícia.
Em contrapartida, o outro concorrente de Dilma, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, chega a esta sexta-feira com mais dificuldades do que na semana anterior, por conta da debandada, no Ceará, de Cid e de Ciro Gomes. Mas não dá para dizer que está desenganado pelos especialistas em eleição. Eduardo passou os últimos dias trabalhando filiações que reduzissem aquela sensação de terra arrasada que alguns mais afoitos trataram de disseminar no meio da política, de forma a desacreditar a pré-candidatura. Em Belo Horizonte, filiou um grupo expressivo, inclusive o presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil. De Minas, seguiu para o Rio de Janeiro, também em busca de novos socialistas.
Nem mesmo a presidente Dilma Rousseff ficou parada, olhando os adversários em movimento, tentando conquistar os votos de Marina. Esta semana, por exemplo, Dilma estava decidida a se tornar bem mais popular, tanto é que abriu o trimestre com uma entrevista ao apresentador Ratinho. E, para não deixar nos demais partidos da base a sensação de que Cid Gomes está turbinado demais, combinou a saída de Leônidas Cristino da Secretaria de Portos.
Por falar em governo?
O que levou a saída de Leônidas Cristino, segundo afirmavam ontem alguns políticos, foi o fato de a nomeação do técnico Francisco Teixeira ter sido lida como um prestígio a mais ao governador do Ceará, Cid Gomes. O PMDB, que se sentiu preterido em relação ao novo Pros, entendeu que havia poder demais nas mãos do cearense e, conforme mencionado aqui ontem, fez uma reunião de bancada para expor as reclamações ao líder do partido, Eduardo Cunha.
Agora, com os dois interinos, sendo apenas Teixeira ligado a Cid Gomes, Dilma pode jogar com o tempo e tentar equacionar a queda de braço entre PMDB e PT pelo Ministério da Integração, uma espécie de joia rara da coroa no Nordeste. E, ainda que não consiga evitar a entrega da pasta ao PMDB logo ali na frente, quando fizer a reforma ministerial, Dilma terá a Secretaria de Portos para atender Ciro e Cid. Ambos defendem o nome do ex-deputado Bismarck Maia para o comando da Secretaria de Portos, e é um cargo para o qual, até o momento, o PT não apresentou nomes.
Enquanto isso, no PSD?
Algumas teses dos ministros do Supremo Tribunal Federal começam a vingar. Especialmente, aquela que deixa o sujeito de um novo partido como senhor absoluto do mandato. Uma das primeiras a testar essa tese é a senadora Kátia Abreu, do PSD de Gilberto Kassab. Ela deixou o DEM rumo ao PSD e, agora, vai para o PMDB. Kassab, nem se quisesse, poderia pedir o mandato de Kátia de volta. Afinal, não foi o partido responsável pela eleição dela no Tocantins. Quem poderia ter feito isso era o DEM, se, à época, Kátia estivesse seguido direto para o PMDB, partido pelo qual se filia agora.
Assim, o PSD de Kassab, caso não consiga acender uma nova chama em seus filiados, arrisca-se a virar uma espécie de aeroporto, que serve de hub para outros partidos. Hub (plataforma, em inglês) é o nome que, no jargão da aviação comercial, serve para designar o aeroporto de onde uma determinada companhia distribui os voos dentro de um determinado país.
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