Em meio a crises, governo falha mais do que poderia - EDITORIAL VALOR ECONÔMICO
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Em meio a crises, governo falha mais do que poderia - EDITORIAL VALOR ECONÔMICO


VALOR ECONÔMICO - 09/10

Para quem corre o risco real de se envolver em uma batalha cruel de um processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff e seus auxiliares diretos têm cometido erros sucessivos, que podem tornar mais próximo o fim que suas ações procuram evitar. O espaço político no qual se move o governo se reduziu e a soma de maus passos e desorientação pode conduzir em breve à paralisia, em um momento em que romper o imobilismo é essencial para se consertar a economia. Nenhum dos flancos vulneráveis do governo, expostos nos processos no Tribunal Superior Eleitoral e no Tribunal de Contas da União, conduz diretamente à retirada de Dilma da Presidência. Tudo indica, pelo menos até agora, que uma tentativa de impedimento terá de passar por incerta, longa e ruidosa disputa judicial.

É para sair dessa rota de perigo que o governo tem agido, colecionando insucessos. É cedo para se aferir se os últimos passos dados, com a reforma ministerial e a entrada em cena do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como orientador político e ator direto, podem estancar a fraqueza política e começar a reverter o jogo a favor do governo. Os primeiros sinais não foram promissores.

As incongruências do núcleo palaciano tornam indiscerníveis os objetivos a serem alcançados. É conhecido que a presidente Dilma não tem traquejo político e é centralizadora. A bagunça política começou nos primeiros dias do segundo mandato, quando a cúpula palaciana tentou, ao mesmo tempo, afastar a corrente majoritária de Lula do governo e reduzir a dependência do PMDB de Michel Temer, ao estimular a criação de novos partidos pela prestidigitação de Gilberto Kassab. Dessas temeridades nasceu a rivalidade de Eduardo Cunha, cujo caminho para a presidência da Câmara o Planalto tentou barrar com uma candidatura petista, derrotada fragorosamente.

Com o comando da Câmara e do Senado na mão de inimigos, ambos do PMDB, e uma base rebelada, o Planalto terceirizou então a coordenação política para Michel Temer, sem deixar de contradizê-lo nos bastidores e retirar força de suas negociações com os partidos e o Congresso. Com um PMDB dividido, em que uma ala abertamente conspira para derrubar Dilma, e diante de um inimigo forte como Cunha no comando da Câmara, seria conveniente dar mais tempo e espaço a Temer.

Contrariado, Temer devolveu a coordenação política ao governo, isto é, para ninguém. A tentativa sem convicção de uma costura política no atacado, com Temer e lideranças partidárias, deu lugar à abertura da caixa de Pandora, com uma reforma ministerial obtida a partir de um mergulho no varejo do Congresso, aventura para a qual o governo não estava de forma alguma equipado. Lula entrou em campo na montagem de outro ministério medíocre, cuja missão é entregar votos no Congresso.

Essa arriscada manobra leva algum tempo para produzir resultados, mas seus pontos fracos são visíveis desde o início. Ao ter o poder de indicar ministros, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, viu o chão fugir-lhe aos pés, com as manobras de seu padrinho, Eduardo Cunha, e a retirada de apoio de siglas minúsculas preteridas na obtenção de um naco ministerial. O conjunto ministerial não tem, para dizer o mínimo, o perfil de austeridade que o momento requer.

Acreditando, contra toda a evidência, que tudo quanto toca se materializa em seguida, a cúpula do Planalto quis logo testar a revivida base governista com um objetivo secundário: a votação dos vetos presidenciais. Os vetos podem dormir em paz por anos a fio nos escaninhos do Congresso, na companhia de dezenas de outros que lá estão. Com o bazar ministerial fechado, porém, os parlamentares foram convocados duas vezes para a votação e não houve quorum. O Planalto agora pensa em mais negociações de cargos com os descontentes, desta vez com vagas no segundo escalão.

O vale-tudo do governo tem o objetivo de mantê-lo vivo e conquistar maioria no Congresso para consertar a economia. O apoio ao ajuste do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deveria ser inequívoco para que a fase dura da recessão se abrevie e a recuperação ocorra logo. Sem que a questão com os aliados esteja mesmo resolvida, há sinais de que Levy voltou a ser um alvo. Faltava unidade na base, ainda falta unidade e convicção de propósitos no governo. Sem isso, a economia seguirá em estado lamentável e os acertos políticos serão, fatalmente instáveis.





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