EM QUEM VOCÊ VAI VOTAR?
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EM QUEM VOCÊ VAI VOTAR?


Daqui a menos de um mês, no dia 7 de outubro, as eleições estarão aí. Você sabe em quem votar?
Calma que este post não será propaganda eleitoral gratuita. Na realidade, eu queria que você, se já sabe em quem vai votar pra prefeito e principalmente pra vereador, compartilhasse com a gente. Pra gente ter ideias também.
Mas eu tenho alguns pré-requisitos. Primeiro, eu disse vereador no parágrafo acima? Pode apagar. Eu quis dizer vereadora.
Ohhhh, já ouço os machistas e alienados gritarem. Isso é sexismo! É discriminação por gênero! Se alguém dissesse que só votaria em homem você faria um escândalo. Viu? Eu sabia! Você odeia homenzzzzz. A gente já conhece o script.
Mas quem fala essas bobagens está partindo do princípio que vivemos em igualdade. A representação feminina na nossa política é totalmente desigual. Mesmo que o número de eleitoras seja maior que o de eleitores –- somos 52% da população brasileira, segundo o Censo 2010 -–, o número de eleitas vem caindo. Pensar que por termos uma mulher na presidência (uma conquista fundamental, mas mais pelo seu simbolismo que por qualquer outra coisa) e várias ministras importantes no governo, estamos bem representadas, é pura asneira. A ONU ranqueou 188 países em máteria de participação das mulheres na política. Você nunca iria adivinhar a posição brasileira. Somos número 141. Estamos atrás do Afeganistão. 
Nas últimas eleições, em 2010, para a Câmara federal, havia 21,17% de candidatas. O número de eleitas acabou ficando em 8,8%. Um número de eleitas idêntico ao de 2006 -– com a diferença que naquele ano só tivemos 12,71% de candidatas.   
Isso é muito triste, ainda mais se considerarmos que este ano completamos oitenta anos desde que conquistamos o direito a voto no Brasil.
Agora, pela primeira vez os partidos conseguiram preencher a cota de 30% de candidatas mulheres (temos 31,8%). Sim, há uma cota, porque se não houvesse, continuaríamos tendo uma esmagadora maioria de homens candidatos (70 a 30 já parece meio esmagador; o PT foi o primeiro partido a estabelecer cota de 50% para mulheres). Ainda assim, os partidos não destinam os mesmos recursos para as campanhas de homens e mulheres. Segundo Eleonora Menicucci, ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, só 5 a 10% do financiamento de um partido vai para as candidatas. Dessa forma, fica muito difícil que mulheres sejam eleitas.
Toda vez que se fala na dificuldade que é uma mulher ser eleita, aparece o famigerado "mulher não vota em mulher". O que não é verdade. Como diz o doutor em demografia José Eustáquio Diniz Alves, vimos na última eleição presidencial que esse mito não tem validade: "Tínhamos nove candidatos à Presidência da República, sendo sete homens e duas mulheres. Essas duas mulheres levaram dois terços dos votos". 
E no entanto, falta um comprometimento nosso pra votar em mulheres. Eu já votei muito mais em homem que em mulher. Não foi proposital, é só que eu conhecia o trabalho de alguns candidatos, e eles eram homens (e brancos, e héteros). Mas não dá, né? Se nem eu, que sou feminista, vou fazer o mínimo esforço pra encontrar candidatas que mereçam a minha confiança, como vou ficar reclamando que apenas onze das 81 vagas no senado são ocupadas por mulheres?
Se realmente tivéssemos uma representação igual (50% mulheres, 50% homens, ou qualquer coisa próxima disso), eu talvez não pediria pra votar em mulheres. O talvez fica por conta que políticas mulheres tendem a propor leis que interessam a mulheres, enquanto políticos homens podem não ter a sensibilidade de pensar em algo distante da sua realidade.
Só pra dar um exemplo. O Partido Republicano, que tem chance de ganhar as eleições presidenciais americanas agora em novembro, se fixou beeem à direita no espectro político. Seu único discurso é diminuir impostos. E, claro, impedir que minorias tenham direito às mesmas leis. E controlar o corpo das mulheres das maneiras mais toscas possíveis, promovendo um grande retrocesso (já que o aborto é legalizado nos EUA). Não é à toa que a maior parte das eleitoras americanas vota no Partido Democrata. Porém, mesmo entre os republicanos, há diferenças. Recentemente houve a votação de uma lei de combate à violência contra a mulher. Todos os 31 republicanos homens votaram contra a aprovação da lei. Todas as cinco republicanas mulheres votaram a favor. Então esse mito de que “tanto faz se for homem ou mulher” não se aplica muito bem.
Mas agora vem o segundo pré-requisito pra eu votar numa determinada pessoa: tem que ser de um partido de esquerda. Ninguém legisla só, sempre há diretrizes do partido a seguir. E partidos de direita não querem transformar nada, apenas manter velhos privilégios das classes e grupos de sempre. A meu ver, o feminismo é incompatível com a direita. Dizem que existem feministas de direita. Eu não tenho certeza se já conheci alguma, pra falar a verdade. Mas também não sou leoa de chácara pra ficar confiscando carteirinha feminista de alguém.
Então: tem que ser mulher, tem que pertencer a um partido de esquerda... (e antes que me perguntem: sim, continuo considerando o PT de esquerda. Talvez não tão à esquerda como gostaria). E tem que estar minimamente comprometida com causas das mulheres, digamos assim. Quais são os projetos daquela candidata à vereadora? Se ela já foi vereadora antes, o que ela conseguiu fazer? Se essa candidata for ligada a movimentos negros e LGBT, melhor ainda. Também estamos sub-sub-sub representadas nesses quesitos.
Bom, acho que está bem geral. Agora é com você: deixe nos comentários em quem você pretende votar, tanto pra vereadora quanto pra prefeitx. Não esqueça de sinalizar a cidade e o partido. Se puder, escreva o número da candidata e um link pra maiores informações. E, se você é candidata, mande um email pra mim ([email protected]), porque gostaria de publicar um guest post sobre a sua luta.




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