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Entenda a deflação - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 19/11
A inflação aleija e pode matar; a deflação, também. Depois de passar meses a fio temendo os efeitos da inflação sobre a economia, os europeus agora temem o contrário (veja o gráfico).
Primeiro, o conceito. Muita gente no Brasil acha que deflação é uma queda geral de preços apenas episódica que não dura mais que dois meses. Isso não é deflação, é inflação negativa. A deflação acontece quando os preços caem de maneira constante durante um período relativamente longo.
Os efeitos da deflação são tão ou mais perniciosos do que os produzidos pela inflação. E é mais fácil compreender a deflação pelos seus efeitos do que pelo seu conceito.
Para começar, é difícil de saber onde está a ponta do rolo, mas causas e efeitos acabam se misturando.
Uma deflação é uma tragédia para grandes devedores, porque os compromissos permanecem os mesmos enquanto preços e renda caem. Ou seja, na prática, a dívida fica mais alta. Quem, por exemplo, comprou uma casa e tem muitos anos para pagar prestações mais ou menos fixas, em caso de deflação acabará pagando mais do que vale a casa - se sobreviver financeiramente até lá. Por aí já se vê que, em tempo de deflação, a regra geral é evitar levantamento de empréstimos e a atividade bancária é prejudicada.
Numa situação de deflação, empresas e consumidores adiam compras, porque apostam em que, mais à frente, serão beneficiados pela rebaixa de preços. Menos compras e menos investimentos tendem a puxar para baixo a atividade econômica e a contratação de pessoal. É também o que vai derrubar os salários e as rendas e, por sua vez, contrair ainda mais o consumo. Em países cuja população está mais insegura em relação ao futuro, o consumo cai por uma razão adicional: pelo aumento da poupança. As pessoas economizam mais porque imaginam que, lá na frente, vão precisar de mais dinheiro. Esse é, por exemplo, um fenômeno particularmente grave no Japão.
Como a arrecadação do setor público está quase inteiramente baseada nos preços e nos valores, uma queda persistente dos preços tende a derrubar a arrecadação. O efeito seguinte é menos despesa pública, mais recessão, mais vida dura.
O risco de deflação foi o principal fator que levou e continua levando grandes bancos centrais a emitir trilhões em moeda nacional. O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) inventou o quantitative easing, que é a recompra de títulos no mercado à proporção de US$ 85 bilhões por mês que despeja dólares no mercado. O Banco Central Europeu (zona do euro) adotou o Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM) para socorrer os bancos e acaba de derrubar os juros básicos para 0,25% ao ano. O Banco do Japão, orientado pelo primeiro-ministro Shinzo Abe, também está emitindo moeda, experiência que hoje está sendo chamada Abenomics.
Também é a principal razão pela qual, nos países em que vigora o regime de metas, os bancos centrais nunca perseguem uma inflação inferior a 2,0% ao ano. Se errassem para menos, poderiam atolar a economia na deflação, de saída difícil.
Mas, decididamente, dessa doença o Brasil está longe.
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