ENTRE A INDEPENDÊNCIA E A MORTE
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ENTRE A INDEPENDÊNCIA E A MORTE


Um pouco depois de Portugal achar o Brasil no meio da rua.

Ontem foi sete de setembro, só percebi agora. Semana passada, minha mãe foi desfilar numa parada junto às escolas. Ela faz parte de um grupo da melhor idade e de reeducação alimentar. Chegou lá no lugar da parada e se deparou com uma faixa enorme dizendo "Nós Amamos Darci de Matos". Esse é o candidato a prefeito de Joinville pelo DEM(O). Minha mãe se recusou a participar. O grupo não entendeu o porquê - afinal, foi ele quem deu a faixa, tão altruisticamente... Isso me lembra a explicação mais singela que já ouvi sobre a independência do Brasil. Foi no meu estágio de Pedagogia (assunto tabu!). Antes da gente pôr a mão na massa, tinha que observar algumas aulas. E a professora que peguei na terceira série era uma déspota. Sua aula consistia em escrever montes de frases no quadro e mandar os aluninhos copiarem, sem dar um pio. Apenas muito raramente ela explicava alguma coisa. A semana antes de 7 de Setembro foi uma dessas ocasiões privilegiadas. Logo, ela contou a história pros alunos: "Era uma vez quando Portugal descobriu o Brasil. Sabem, o Brasil não tinha dono, não tinha ninguém, então Portugal ficou com ele. Sabem quando vocês encontram alguma coisa na rua? Não tem dono, então vocês ficam com ela, né? Com Portugal foi igual. E aí os reis de Portugal ficaram aqui por muito tempo. Mas o Brasil era como um filho rebelde, sabem? Que nem esses adolescentes rebeldes que brigam com os pais. E um dia o Brasil se rebelou contra Portugal, e virou independente. Esse dia foi 7 de setembro. Entenderam?" Eu estava incrédula com a aula de História. Sério, acho que eu tava boquiaberta. Mas como estagiária é o último elo da cadeia alimentar, o cocô do cavalo de Dom Pedro, não falei nada. Um aluno corajoso ainda levantou a mão e perguntou: "Mas, professora, e os índios? Ouvi falar que tinha índio aqui antes de Portugal chegar". A mestra respondeu: "Fica quieto! Isso não tem nada a ver com a independência do Brasil!". E pôs matéria no quadro pra classe copiar.
Deve ser por isso que crescemos patriotas e conhecedores da importância vital desta data. Enquanto isso, a Veja esbraveja contra a ideologia de esquerda que esses professores comunas ensinam nas escolas.




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