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ENTREVISTA COM TRINA ROBBINS
Para os que ainda não sabem, eu conclui meu mestrado esta semana, no dia 08 de abril. Uma etapa vencida, que venham outros desafios.
Uma das fontes que eu usei na minha pesquisa foi a obra de Trina Robbins, quadrinista e historiadora dos quadrinhos. Já fiz uma postagem sobre ela aqui no blog (clique aqui para conferir). Além dos livros que eu li pude contar ainda com a colaboração direta da autora. Ela me concedeu, inclusive, uma entrevista, no dia 07 de setembro de 2014. Irei disponibilizar aqui alguns trechos da entrevista, onde a autora fala sobre os desafios enfrentados pelas mulheres na indústria dos quadrinhos norte-americana.****************
N. N - Sra Robbins, como a senhora tornou-se uma cartunista? Como surgiu o desejo de ser uma cartunista?
T.R - Minha mãe, que era professora do 2º ano primário/fundamental, ensinou-me a ler com a idade de 4 anos e logo eu estava lendo tudo o que havia em casa e na biblioteca, inclusive os gibis. Junto com a leitura veio a escrita. Na verdade eu escrevi meu primeiro poema aos 3 anos, antes mesmo de saber ler ou escrever. Eu sempre desenhei, então era natural que eu viesse a combinar a contação de histórias com os desenhos, e isso é o que as revistas em quadrinhos são. Lá pelos 11 anos eu pegava uma folha de papel ofício, dobrava ao meio, e fazia 4 páginas, o que é perfeito para os quadrinhos.
N. N - Durante a sua carreira a Sra. encontrou algum tipo de obstáculo que um homem não teria enfrentado na mesma profissão? Qual?
T.R - Ah! O maior obstáculo que eu enfrentei foram os homens que trabalham com quadrinhos, tanto os profissionais mais convencionais quanto os alternativos. Eu não era convidada aos seus grupos e também não me sentia bem vinda. Tinha que fazer tudo sozinha, sem nenhuma ajuda, enquanto os rapazes estavam se convidando para participar dos seus trabalhos e oferecendo, uns aos outros, dicas em como desenhar e colorir.
N. N - Na sua carreira a Sra. Sempre apoiou outras cartunistas mulheres, encorajando-as e colaborando na divulgação dos seus trabalhos. A Sra. acha que hoje em dia as cartunistas mulheres, e seus trabalhos, têm maior visibilidade que nos anos 1960 e 1970? Nos dias atuais ainda há obstáculos para as mulheres na indústria dos quadrinhos? Quais são as perspectivas para uma cartunista nos USA?
T.R - Atualmente as perspectivas para as cartunistas são mais favoráveis que nunca! Devido ao sucesso dos quadrinhos (graphic novels), as mulheres podem desenhar e escrevê-los. Há muito mais mulheres desenhando super-heróis, e desenhando-os bem, que antigamente. Mais mulheres estão nessa indústria e não há outra possibilidade senão ganharem mais e mais projeção.
N. N - Em 1989 a Sra. tornou-se uma historiadora dos quadrinhos. Como entrou nessa área? Quais os motivos para essa mudança?
T.R - Alguém tinha de fazê-lo! Se você ficasse só na história (dos quadrinhos) escrita por homens (e elas eram todas escritas por homens), você nunca saberia que as mulheres desenharam quadrinhos também. (Estes são os mesmos caras que diziam que garotas não liam quadrinhos, e eu sabia que isso era BOBAGEM!)
N. N - Quais são as maiores dificuldades que a Sra encontra quando pesquisa a história das cartunistas mulheres e da presença feminina nos quadrinhos?
T.R- Foi mais difícil na minha primeira história, escrita em parceria com Catherine Yronwode. Isso foi muito antes da internet e nós garimpamos no escuro. Muito da nossa pesquisa apresentava erros porque as fontes continham erros. A cada nova história eu pude corrigir a informação anterior truncada e fazer novas descobertas excitantes (pelo menos para mim!).
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