Estranho no estrangeiro - parte I
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Estranho no estrangeiro - parte I



Vou metralhando, presta atenção. Porque isso aqui não é redação pra vestibular e não precisa ter começo, meio e fim. Ou mesmo sentido.

Quando eu digo que sou timida, as pessoas riem. Algumas ja gargalharam, o que não foi muito legal. Quanto mais riem, maior é o grau de distância que percebo entre mim e este ser humano, porque, quem me conhece, nunca duvidaria que esta afirmativa é verdadeira, porque, quem me conhece, sabe que eu gosto de falar, de falar e de falar (um amigo me disse uma vez que eu não era timida, que eu apenas tinha traços de timidez. Mas o que é uma pessoa com traços de imbecilidade senão um imbecil?). Não culpo as pessoas que me conhecem pouco por rirem de mim quando falo da minha suposta timidez. Afinal, geralmente estas pessoas me encontram em mesas de bares, shows, festas de rua e, nesses lugares, eu estarei, quase que com certeza, bêbada ou prestes a ficar. E todo mundo sabe que pessoas bêbadas são os seres mais expansivos e desenrolados do mundo (perdendo a linha do raciocinio... voltando em um, dois, três).

O fato é que, bêbada ou não, eu gosto de conversar. Eu gosto de sentar numa mesa de bar e descobrir uma figura desconhecida do outro lado. Quem mora em João Pessoa sabe o quanto é dificil situações como estas acontecerem. E pior, é muito raro que as pessoas de João Pessoa que conseguem juntar no mesmo corpo bom humor, conversa interessante e HUMILDADE, se sentem na sua mesa de bar. Não é a toa que meus melhores amigos se tornaram meus melhores amigos desde o primeiro instante.

Então, sair de uma cidade subprovinciana, onde muitas pessoas (também os jovens) tem o cérebro do tamanho de uma ervilha, e ir para uma das maiores cidades de um dos maiores paises da Europa, me deixou, no minimo, excitada com a possibilidade de uma nova vida. Me deu ao menos a esperança de que, um dia, uma tarde que fosse, eu conversaria com alguém que não tem cérebro de ervilha, que não faz questão de inserir, no meio de uma conversa sobre geo-politica, que seu pênis mede dois palmos ou que você passou no vestibular aos 16 anos.

Mas a pergunta é: e cego vê? Porque, de repente, apesar de ter todos os sentidos funcionando perfeitamente, de ter as faculdades mentais em ordem, na França eu sou surda, muda e analfabeta. Eu não entendo as pessoas, não consigo me expressar e, como se não bastasse, não consigo identificar os codigos do mundo exterior estampados nos letreiros do ônibus e nos cartazes das ruas. Eh isso. Fiz faculdade, mas, da noite do dia 20 de maio pro dia 21, me tornei uma completa tapada.

Obviamente esse post não é um pedido de ajuda e a autora dele não admitira conselhos e tapinhas no ombro. Vou falar francês algum dia, não tenho duvida quanto a isso. Mas enquanto esse dia não chega, é mais do que frustrante ir a uma festa e não encontrar sequer um cérebro de ervilha pra trocar meia duzia de palavras. Irônico, não?




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