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No Brasil, os unicos amigos que moravam sozinhos (leia-se, sem parentes) eram aqueles que vinham de outras cidades para estudar. Aqui, graças aos céus, ou não, os jovens costumam sair de casa aos 18 anos. Isso estimula certos habitos, como festas e jantares frequentes na casa dos amigos. E eu adoro isso! Na nossa casa fazemos muitas festas e não ha nada melhor que beber sem preocupações (sem preocupações = muito), dar dois passos e cair na propria cama.

Sexta passada fizemos uma festa surpresa para Simone aqui em casa. Na ocasião, pude conhecer uma das meninas que vai morar com a gente na proxima casa. Eh uma marroquina que deve ter a minha idade e que mora na França ha cinco anos. Das pessoas que vão morar conosco (sem contar eu e Camilo, serão seis) ela foi a unica com a qual não simpatizei muito.

Meu inglês é uma porcaria, mas é com ele que eu me viro aqui na França. Então, toda vez que alguém me faz uma pergunta, respiro fundo e falo sempre fazendo caretas e perguntando "você entende?" ou "essa palavra tah certa?" e costumo sempre, sempre, ver as pessoas com um sorriso me aprovando com a cabeça, mesmo quando eu tou errada, afinal, o que vale é o esforço. Mas acho que essa não é o lema da marroquina. Cada vez que eu falava alguma coisa errada, ela mexia a sobrancelha de uma maneira quase imperceptivel, mas pelo fato de se repetir sem parar, eu acabei notando. E, porra, isso brocha qualquer interlocutor! Ela não era de todo chata, mas a conversa não estava sendo agradavel e tampouco ela se mostrou interessante, o que é uma pena, ja que ela vai MORAR comigo. E, no auge da conversa, eu:

- Meu pai trabalha num banco e minha mãe é dona de casa. Ela trabalha muito, é a primeira a acordar e a ultima a dormir.
- Mas por que?!
- Porque ela limpa, lava, cozinha, cuida de toda uma casa!
- Ela não tem maquina de lavar?
(Claro, porque uma maquina de lavar resolve todos os problemas domesticos. Inclusive, a roupa vai pro varal sozinha, é passada sozinha e vai pro guarda-roupa sozinha)

- Tem, mas existe outras coisas pra fazer.
- Ah, pois eu vou ser dona de casa! (se espreguiçando) Acordar tarde, não ter nada pra fazer, soh cuidar do bebê.

Adoro mulheres ambiciosas.

Depois de meia hora de sofrimento gratuito, nos livramos uma da outra e eu corri pra Camilo pra dizer que não tinha gostado dela. Foi ai que descobri que eu não sou a unica.

Ja ontem teve uma festa pra comemorar a mudança de Laure pro apartamento das amigas. Pedi e implorei a Camilo que, pelo amor de jesus cristinho, não me deixasse sozinha (principalmente com alguém chato). Beleza.

Chegamos na festa e, mais ou menos uma hora depois, um amigo liga pra Camilo dizendo que precisa urgentemente conversar com ele em tal lugar. O assunto é sério. Camilo me da essa noticia e eu fico me perguntando "o que porra eu vou fazer aqui sozinha?" Porque geralmente, depois de eu beber, não preciso mais ficar seguindo Camilo pra onde ele vai e acabo conversando por ai com qualquer pessoa. Mas não era o caso. Eu não tava bêbada, a festa tava estranha, tinha pouca gente conhecida. Então, la vai Luci com seu copo de vinho na mão se enfiando nesse grupo aqui, ou naquele ali...

O que aconteceu foi que, finalmente, não consegui achar nenhum grupo interessante pra me meter, e o melhor que consegui foi conversar com um cara com um sotaque francês fortissimo e não entender porra nenhuma.

- Minha namorada é de tal pais.
- Eh de onde, brother? Sei...
- Então, ela enfrenta o mesmo problema que você...
- Ela enfrenta o que? Que coisa, hein!

Acho que ele notou, as respostas não tavam encaixando muito bem. Uma hora depois, Camilo ainda não tinha voltado, e eu ja tava tão doida de vinho, que entrei em um dos quartos e me joguei numa cama. Ai vem o que eu lembro. Flash um: eu brigando com Camilo que tinha acabado de me acordar e, flash dois, eu no meio da rua chorando voltando pra casa a pé com ele.

Hoje de manhã acordei meio puta porque sabia que a gente tinha brigado, mas não lembrava exatamente porquê, então, toda desconfiada, liguei pra ele (no trabalho) e perguntei porque a gente brigou. Que pessoa idiota. Ele riu, disse que eu tava muito bêbada, que acordei histérica dizendo que ele tinha me esquecido, que fiquei batendo no braço dele, que tentei vomitar etc. Ele disse ao amigo do trabalho hoje: "tenho que voltar pra casa cedo pra me resolver com Luci. Ou ela vai tah muito puta e a gente vai brigar ou ela não vai lembrar de nada e vai rir da historia". Então, foi mesmo a segunda opção, mas eu não ri muito. A pior ressaca é a moral.




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