Geral
Falhou - CELSO MING
O ESTADÃO - 17/09
A principal fonte das apreensões que cercam mais um malogro em leilões de concessões de serviços públicos é a reação imatura do governo federal, que reflete despreparo.
Não houve interesse para as obras da BR-262, a rodovia que liga os Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, que integram o primeiro lote de leilão de concessões da área. A outra, a BR-050, entre Minas Gerais e Goiás, teve oito consórcios interessados, mas, entre eles, nenhuma empresa estrangeira.
Há meses o modelo de concessões vem sendo apontado pelo governo Dilma como símbolo da virada no crescimento do PIB e como aposta para a nova era da infraestrutura nacional. Só o pacote para rodovias, ferrovias, portos e aeroportos prevê quase R$ 200 bilhões em investimentos. Nos discursos pronunciados nas últimas semanas, a presidente Dilma vinha reforçando a perspectiva de sucesso. O tom previamente triunfalista, na base do "agora, sim, vocês vão ver", levava jeito de tentar compensar o fracasso do leilão do trem-bala, em agosto, e de concessões rodoviárias anteriores (BR-040, BR-116 e BR-262).
A desenxabida surpresa do governo com o fiasco do leilão da BR-262 é a principal nota negativa. Depois de tanta expectativa, nem o ministro dos Transportes, César Borges, nem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a quem foi confiada a liderança das negociações preparatórias do empreendimento, tinham noção do que acabaria acontecendo, sinal de que, de fato, não controlaram o processo.
Em seguida, as declarações de Mantega, que atribuíram o fracasso de uma obra com repercussões perenes no Brasil "a questões políticas" menores, reforçam a impressão de erros nas negociações. Se, como declarou logo em seguida o ministro, os maiores empecilhos foram de natureza política paroquial (e não técnica), então o governo falhou na tarefa de viabilizar politicamente o novo jogo, especialmente quando se sabia que partem de dentro do governo as maiores resistências às concessões de serviços públicos.
Desta vez, há grande interesse do governo em atrair capitais estrangeiros para os novos investimentos. Os ministros Guido Mantega e Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, se encarregaram de vender os empreendimentos em "road shows" no exterior. No entanto, até agora, esses capitais se mantiveram arredios, como já ficara evidente no cancelamento do leilão do trem-bala.
Tudo isso sugere que a modelagem dos leilões carrega vícios que precisam de pronta correção. A fragilidade das regras do jogo deve ser um deles. Por pressões do governo federal, reajustes de pedágio previstos em contrato foram revogados para atender às pressões das manifestações de junho. A falta de comprometimento do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) também está sendo apontada como obstáculo à remuneração pelas obras da BR-262.
Deficiências em estudos preliminares podem ser outra explicação para o insucesso. No entanto, a falta de confiança num governo que mantém em postos importantes gente para a qual o capital privado é sempre suspeito e não deve ser convenientemente remunerado "porque as concessões envolvem risco zero" pode ser o maior problema.
Confira
Déficit de gênero?
O presidente Obama se sente em déficit com indicações de mulheres para cargos do seu governo. Seria esse um bom motivo para a indicação de Janet Yellen, a atual vice-presidente, para a direção do Fed (o banco central dos Estados Unidos)?
-
Lances Inseguros - Editorial Folha De Sp
FOLHA DE SP - 24/09 Resultado das incertezas que cercam o atual governo, programa de concessões tem atraído menos interessados do que seria de esperar Se o programa de concessões do governo federal dependesse de superstições para ser bem-sucedido,...
-
A Defesa Do Pedágio - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 18/09 A presidente Dilma fez ontem, em Porto Alegre, uma defesa contundente da cobrança de pedágios: "Ninguém pode querer concessão sem pagar pedágio. Não existe, é conto de fada. Se tiver concessão, vai pagar pedágio. Ninguém...
-
Operação Tapa-buraco - Vinicius Torres Freire
FOLHA DE SP - 17/09 Depois da derrapagem no leilão do primeiro lote de rodovias federais, governo vai mudar seus planos O GOVERNO VAI mexer nos leilões de estradas devido ao fracasso parcial do primeiro lote de concessão. Primeira mudança, ficará...
-
Derrapagem Nas Estradas - Vinicius Torres Freire
FOLHA DE SP - 15/09 Leilão do "filé" das rodovias do governo federal começa meio mal, meio bem, mas bem esquisito FOI BEM ESQUISITO o fracasso parcial da primeira rodada de leilões de concessão de estradas do governo federal. O resultado do leilão,...
-
Privatização á Moda Da Pt - Editorial O EstadÃo
O ESTADO DE S. PAULO - 07/09Com a decisão de duplicar com recursos públicos parte das rodovias cujas operações e obras de manutenção e melhoria serão transferidas para empresas privadas em leilões de concessão que começam daqui a duas semanas,...
Geral