Fiesp e Itaú apoiaram a ditadura
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Fiesp e Itaú apoiaram a ditadura


Por Tatiana Merlino, no blog Viomundo:

“Fiesp financiou a ditadura civil militar”, anuncia, em letras vermelhas, um cartaz colado num poste na Alameda Santos, zona oeste de São Paulo. “O Itaú apoiou a ditadura civil militar”, diz outro cartaz, colado na frente de uma agência do banco, na mesma rua. Postes, muros, lixeiras, pontos de ônibus e até um posto da Polícia Militar dos bairros Cerqueira César, Jardins e Bela Vista foram forrados na noite desta terça-feira, 8, por centenas de cartazes acusando a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) de ter articulado durante a ditadura civil militar (1964-1985) reuniões de empresários que apoiaram financeiramente a repressão a opositores do regime.

“De 1971 a 1978, Geraldo Resende de Mattos, funcionário da Fiesp, visitou até quatro vezes por semana o Dops, um violento centro de tortura e repressão da ditadura”, denuncia o panfleto, assinado pela Frente do Esculacho Popular (FEP), organização formada por militantes de direitos humanos que denunciam a violência do Estado cometida durante a ditadura militar e também no período democrático. A sede da Fiesp está localizada no número 1313 da Avenida Paulista.

Sobre o Itaú, os cartazes dizem: “Os vínculos do Itaú com a ditadura foram tão grandes que um de seus controladores, Olavo Setúbal, foi prefeito nomeado (sem voto popular) de São Paulo, de 1975 a 1979”. No documento, os manifestantes lembram, ainda, que no começo deste ano o Itaú distribuiu uma agenda a seus clientes em que o dia 31 de março, data do golpe militar de 1964 que instaurou uma ditadura no Brasil, é chamado de “aniversário da revolução de 1964”, como os apoiadores da ditadura se referem a esse dia.

A participação de civis, em especial os empresários brasileiros, no golpe militar de 1964 e o apoio financeiro dado durante a ditadura tem sido tratada pelas Comissões da Verdade. A Comissão da Verdade de SP realizou audiências apresentando as relações da Fiesp com a ditadura e mostrando como o empresariado nacional se beneficiou do regime. Em fevereiro deste ano, o coronel reformado do Exército Erimá Pinheiro Mota relatou que a Fiesp subornou o general Amaury Kruel para que ele apoiasse o golpe de Estado de 1964, que derrubou o presidente João Goulart. Ele afirmou à Comissão da Verdade da Câmara Municipal de SP ter presenciado o ex-presidente da Fiesp Raphael de Souza Noschese, na companhia de três homens, chegar a uma reunião com o general com uma mala contendo 1,2 milhão de dólares.

PS do Viomundo: Recentemente, depois de mandar recolher agendas do banco impressas com o 31 de março assinalado como “aniversário da Revolução” de 1964, o banco afirmou em nota: “Em nada reflete o DNA e as crenças do Itaú Unibanco. Lamentamos o desconforto causado. Somos uma instituição financeira que respeita a diversidade de pensamentos e ideias e a democracia”.




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