Franklin, Dilma e a ofensiva da mídia
Geral

Franklin, Dilma e a ofensiva da mídia


http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A reunião de quarta-feira entre o ex-ministro da Comunicação Social do governo Lula Franklin Martins e a presidente Dilma Rousseff gerou alvoroço dissimulado entre os grandes meios de comunicação – que, oficialmente, quase ignoraram o fato político -, mas, na blogosfera, surgiram especulações e apostas “otimistas” sobre o significado daquela reunião.

O encontro ocorreu no Planalto na manhã de quarta-feira, 30. O “Blog do Planalto”, que diariamente informa a agenda de Dilma, mencionou de passagem seu encontro com Franklin. Porém, limitou-se a informar que o ex-comentarista da Rede Globo e da Band seria recebido.

Vários blogs e sites simpáticos ao governo teceram apostas em mudança de postura da presidente em relação ao projeto de regulação da mídia eletrônica deixado pelo ex-ministro ao fim do governo anterior, a dita “lei da mídia”. Veículos como a Folha de São Paulo também lembraram esse fato.

O Blog da Cidadania, porém, obteve informações sobre o encontro que, à primeira vista, parecerão um balde de água fria a quem apostou em que estaria em curso mudança de visão da presidente no que diz respeito à regulação da mídia – qual seja, a de que o único controle que ela quer é o “controle remoto”.

Mas o fato é que Dilma não chamou Franklin com vistas a encampar o que, até aqui, vinha rejeitando. Ela nem teria como, de repente, desdizer o que vinha dizendo sobre o assunto. Até porque, o projeto do ex-ministro não tem as propriedades “miraculosas” nas quais muitos acreditam.

Para quem não sabe, o projeto de Franklin é muito diferente do projeto da presidente argentina, Cristina Kirchner. Não mexeria com o império de uma Globo, por exemplo, obrigando-a ao “desinvestimento” (venda de parte de seu império) que a “Ley de Medios” pretende impor à Globo argentina, o Grupo Clarín.

E muito menos o projeto que Lula esperava que fosse adotado pelo governo Dilma contém qualquer iniciativa no sentido de cercear a imprensa escrita e partidarizada (O Globo, Folha de São Paulo, Estadão, Veja e congêneres).

Então por que Dilma chamou Franklin? É aí que o “balde de água fria” começa a ficar morno. Apesar de não haver intenção de encampar o projeto do ex-ministro, ela o chamou para obter uma análise de conjuntura.

O que seria isso? Vejamos.

A análise que Dilma quis de Franklin foi sobre o que pode estar ocorrendo na mídia devido aos ataques múltiplos que ela vem desfechando contra o seu governo. A presidente vem se surpreendendo porque, no início de seu mandato, chegou a acreditar que a guerra entre seu antecessor e os impérios de comunicação decorriam de mera “picuinha”.

Esse foi o sentido da presença da presidente na festa de 90 anos do jornal Folha de São Paulo pouco depois de assumir o cargo, em 2011. Dilma tentou estabelecer uma nova relação não respondendo a ataques ao seu governo e, em troca, vinha sendo poupada de ataques pessoais.

Contudo, nos últimos meses os ataques indiretos a ela, via críticas contundentes ao seu governo, viraram pessoais.

No fim do ano passado, por exemplo, a presidente foi à televisão anunciar redução do custo da energia elétrica. Desde então, o noticiário da dita “grande imprensa” tratou de tentar desmenti-la e passar ao público a versão de que ela estaria tentando iludir 200 milhões de brasileiros.

Mais recentemente, diante de pronunciamento em cadeia de rádio e televisão em que a presidente defendeu seu governo das críticas quanto à redução do custo da energia elétrica, a mídia passou a acusá-la pessoalmente. Os ataques midiáticos foram tão pessoais que o PSDB representou contra Dilma no MPF usando o que esses veículos publicaram.

Nesse ponto, foi quebrado o pacto velado de não-agressão.

Voltando a Franklin. Ele é a antítese da atual ministra da Secom, Helena Chagas, uma opção de Dilma pela coexistência pacifica e até pela pacificação das relações entre o governo e a mídia, enquanto que o antecessor de Helena no cargo foi opção de Lula para enfrentar a guerra aberta entre seu governo e a mídia em meados da década passada.

Franklin, antes de tudo, é estrategista para momentos de confronto. Além de ir ao Planalto para oferecer uma análise sobre os próximos movimentos prováveis da mídia contra o governo, também foi oferecer sugestões sobre estratégias de comunicação para enfrentar uma guerra política que, a partir de agora, entra em nova fase.

O “balde de água fria”, portanto, torna-se um “balde de água quente”, pois a presidente finalmente entendeu que não havia picuinha alguma entre Lula e a mídia. Finalmente ela entendeu que ele foi empurrado para essa guerra. E a razão para a inevitabilidade dessa guerra o ex-presidente deu em seu discurso recente em Cuba.

A elite que a mídia representa e encarna não se contrapôs ao governo Lula e não se contrapõe ao governo Dilma porque os considera feios, bobos e chatos, mas porque as políticas dos governos petistas, a partir de 2003, promoveram o que é mais intolerável para a elite brasileira: distribuição de renda.

Dilma descobre agora, após dois anos no poder, que não existe possibilidade de coexistência pacífica entre um governo popular que trabalha para tornar o Brasil um país mais justo e um oligopólio de comunicação cuja função é, justamente, a de impedir que os ricos fiquem menos ricos defendendo políticas cujos efeitos são tornar os pobres mais pobres.

A iniciativa da presidente de chamar Franklin, portanto, se não encerra a notícia ideal (decisão pela regulação da mídia), ao menos encerra uma boa notícia. A presidente da República finalmente percebeu quais são as regras do jogo e que o cargo que ocupa não é meramente gerencial, sendo, isso sim, eminentemente político. Antes tarde do que nunca.




- Comunicação Mais Agressiva - Editorial O EstadÃo
O Estado de S.Paulo - 03/02 A troca de Helena Chagas por Thomas Traumann na Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) foi uma importante vitória da caciquia do PT na luta para ampliar sua influência em uma área do governo considerada...

- Troca Na Secom E A Regulação Da Mídia
Por Najla Passos, no sítio Carta Maior: Mal havia terminado a cerimônia em que a presidenta Dilma Rousseff agradeceu os serviços prestados pela jornalista Helena Chagas a frente da Secretaria de Comunicação Social da Presidência e deu posse ao novo...

- Dilma E A Regulação Do “negócio” Mídia
Por Miguel do Rosário, no blog Tijolaço: Em entrevista à Mônica Bergamo, da Folha, a presidenta Dilma fez as seguintes declarações: Regulamentação da mídia “O que eu e Lula jamais aceitaremos é que se mexa na liberdade de expressão. Vou...

- Ley De Medios No Uruguai. Já No Brasil
Por Altamiro Borges Nos próximos dias, o governo do Uruguai deve enviar ao Congresso Nacional o seu projeto de nova lei dos meios de comunicação. A proposta, elaborada pelo Ministério da Educação e Cultura e pelo Ministério da Indústria,...

- "mídia Séria” Não Teme A Regulação
Na Rede Brasil Atual: O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, defendeu neste sábado (3) ao chegar ao Congresso do PT, em Brasília, o projeto de regulação da mídia, e afirmou que os veículos de comunicação que trabalham...



Geral








.