Globalização não hegemônica - MERVAL PEREIRA
Geral

Globalização não hegemônica - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 08/01
A Academia da Latinidade, que reúne intelectuais de diversas partes do mundo com o objetivo de promover a aproximação das culturas, começa hoje aqui em Kuala Lumpur, na Malásia, sob a coordenação do cientista político brasileiro Candido Mendes, seu secretário-geral, um seminário para discutir o que está acontecendo com a globalização a partir dos novos blocos internacionais formados por países não necessariamente integrados entre si, uma nova configuração que determinaria a globalização não hegemônica, reduzindo a antiga dimensão regional para a formação dos blocos.
Na visão de Candido Mendes, se os Brics não são um bloco, ao mesmo tempo retiram a possibilidade de uma integração global hegemônica, o que ele chama de desintegração da globalização . Nenhum dos países que compõem o grupo tem integração com o outro, embora exista hoje uma tentativa de aproximação China-Brasil. Há uma absoluta ruptura entre a China e a Índia, por exemplo, que, caso se associassem, representariam 1/3 do mundo.

O que queremos saber, diz Candido Mendes, é o que significa essa nova configuração, pois há uma insistência muito grande dos malaios em definir o atual século como o século asiático , que não será nem chinês nem hindu, mas um século que envolverá todas essas novas configurações. O ponto central é a tentativa de individualização do Sudeste Asiático no jogo político internacional, e a Malásia, um país muçulmano, aspira a ser representante dessa região no Conselho de Segurança da ONU, para o que busca o apoio do governo brasileiro, que tem a mesma aspiração em relação à América Latina.

A seu favor , a Malásia demonstra a vocação para a intermediação dos contrários e a capacidade de união com a Cingapura e o Vietnã. A preocupação básica é saber como se vai conviver com a diferença, salienta Candido Mendes. Como não há mais parâmetros para essa convivência de valores diversos, pode vir a radicalização da guerra das religiões, que levaria ao terrorismo. Para evitar essa situação extrema, a primeira premissa é que temos que coexistir com as diferenças, mesmo que os valores universais já não tenham o consenso.

O secretário-geral da Academia da Latinidade considera que é importante a posição muito criativa da Malásia, que não aceita a tese de um simples pluralismo cultural, mas sim quer o multiculturalismo, envolvendo todas as etnias numa mesma convivência.

O movimento político no poder na Malásia tem por motivo a moderação, quase um partido único que reúne as diversas tendências representadas na sociedade, sem que um tenha que ceder ao outro o protagonismo. O presidente de seu Centro de Estudos Globais, Tan Sri Razali Ismail, fará uma palestra na abertura de hoje.

Essa nova configuração política pode ser uma alternativa, diz Candido Mendes, para o que se pensava, sobretudo no Oriente Médio, que seria o movimento democrático resultante do que ficou conhecido como a Primavera Árabe. Se a democracia ainda não é absorvida pela cultura da região, o conceito de ´moderação´ na convivência pode ser o recomeço da tentativa , analisa.

As representações das ideias-chave da Ásia estarão na conferência de Kuala Lumpur, com acadêmicos, além da Malásia, da China, de Cingapura, do Vietnã. O novo alto representante para a Aliança das Civilizações da ONU, Nassir Abdulaziz Al-Nasser, fará a abertura do seminário. Alguns especialistas brasileiros estarão presentes, pessoalmente, como a deputada Aspásia Camargo e o membro da Academia Brasileira de Letras Marco Luchesi, ou através de trabalhos enviados, como o professor de Ética e Filosofia Política Renato Janine Ribeiro.

O Brasil hoje, na sua expressão política, segundo Candido Mendes, lança-se como liderança além do continente, pois tem uma presença política e econômica na África, mas encontra um contraponto na ação de Peru, Colômbia, Chile e México na Aliança do Pacífico. O filósofo italiano Gianni Vatimo, professor emérito da Universidade de Turim, fará o que pode ser a síntese desse seminário em uma palestra que tem como motivação o reconhecimento recíproco além do universalismo .




- A Romã - Merval Pereira
O GLOBO - 12/01O movimento dos moderados na Malásia foi definitivamente o ponto de destaque do seminário que se encerrou em Kuala Lumpur. E a romã, fruta que simboliza a Academia da Latinidade porque se tornou sinônimo de renovação, multiplicidade,...

- O Sonho Chinês - Merval Pereira
O GLOBO - 10/01O seminário de Kuala Lumpur da Academia da Latinidade teve ontem seu ponto alto com a visão de estudiosos chineses sobre o século chinês , que eles aceitaram classificar de século asiático para ficarem dentro do espírito da região....

- O Que Nos Diz O Pacífico - Marcos Caramuru De Paiva
FOLHA DE SP - 19/10 O Pacífico está longe de nós, mas precisamos fazer mais para nos vincularmos a economias dinâmicas Uma das poucas certezas sobre a realidade internacional do futuro é que o Pacífico será uma das mais --senão a mais-- dinâmicas...

- Aliança Para O Futuro - Rodrigo Botero Montoya
O GLOBO - 28/05Os governos de México, Peru, Chile e Colômbia puseram em marcha a Aliança do Pacífico, um novo esquema de integração aberto ao comércio mundial, com ênfase nas relações com a Região Ásia-Pacífico. Costa Rica e Panamá manifestaram...

- Aeronave Avista No Mar Restos Que Poderiam Ser De Avião Malaio Desaparecido Com 239 Pessoas A Bordo
Um avião vietnamita avistou neste domingo (9) nas águas do Golfo da Tailândia restos que poderiam pertencer ao avião da Malaysia Airlines que desapareceu no sábado (8) com 239 pessoas a bordo, informou o Ministério de Informação do Vietnã. Em...



Geral








.