GUEST POST: A CONFUSÃO DA ADOLESCÊNCIA
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GUEST POST: A CONFUSÃO DA ADOLESCÊNCIA


Recebi este email delicioso da Nicole, uma adolescente cheia de dúvidas que, vocês vão ver pela fluidez, escreve muito bem. E ela autorizou a publicação. Bom, creio que vocês vão poder falar mais coisas legais e encorajadoras pra ela. Pra mim, faz tanto tempo que fui adolescente que mal me lembro como foi. Tenho a impressão que foi tranquilo, mas, claro, eu tinha mil e uma dúvidas. E mil e uma certezas. Pensava que quando chegasse aos dezoito anos eu seria uma super adulta independente, morando sozinha e tal, ha ha. Nicole, querida, tudo que posso dizer é: 'guenta firme aí. Porque chega uma hora que a gente passa a depender pouco ou nada dos outros, e nessa hora pode fazer as próprias escolhas e não dar bola pro que pensam a respeito da nossa vida. Chatos, metidos, babacas sempre existirão. Mas você vai poder mais ou menos ignorá-los. Com 16 anos é muito mais difícil. Força aí, menina!

Tenho dezesseis anos, sou baixinha e... gordinha. E, no momento, estou de saco cheio.
Quando eu era criança (aí vem algum famoso comentário: "Era?") eu sempre fui.. esquisitinha. Sei lá. Eu sempre pensava diferente das outras crianças. Ah, por favor, não estou dizendo que eu era mais inteligente que elas. Eu era a que sempre sobrava, por agir diferente. Eu ficava muito triste no começo, sabe. Fui aprendendo a conviver com isso, mas estou saindo do foco.
Quando eu era criança, eu ia na igreja (ainda vou, mas não porque eu queira). Eu era a ÚNICA criança que diziam que deveria parar de ser infantil. Mas, peraí, gente: Eu tinha OITO ANOS quando isso começou. Eu fazia uma brincadeira, eram três repreensões. Enquanto isso, as outras crianças brincavam do jeito delas, e NADA acontecia. Incrível que eu era uma das únicas que nunca quebrou nada enquanto corria por aí!
Ah (vai ficar meio desviado do assunto, mas tenho que botar), e sem esquecer o comentário de um garoto/jovem/seilá, "Nossa comendo tanta bala. Foi assim que minha irmã (A irmã dele ERA bem gorda) começou."
E foi. 8 anos. 9 anos. 10 anos. 11 anos. 12 anos. 13 anos. (É, pra mim, infância termina nos treze). E, aos catorze, eu ainda era criança, claro. Eu sabia que um dia aquilo tudo ia acabar, sabe? Que as responsabilidades iam chegar. Não que eu nunca tivesse desejado crescer e ter minha própria casa o mais rápido possível, mas eu sabia que a infância nunca mais ia voltar.
Bom. Entre 14-16 anos, eu mudei, E MUITO. Passei por um monte de besteira adolescente, de "ninguém me ama ninguém me quer". E é a fase que muitas pessoas acham que você está só fazendo drama. De certo modo, está. Mas quando você passa por isso (SE você passa por isso), você se sente a escória do mundo. Enfim, enfim.
Nos meus quinze anos, quase dezesseis, foi que eu me tornei o que sou agora. Sou tímida, mas sempre fui. Às vezes, eu sinto que penso demais. Um pensamento leva ao outro, e subitamente, estou triste. Penso que minha vida está horrível, que eu nunca vou decidir o que quero ser na vida, que vou morrer antes de aprender tudo o que quero aprender. Aí, quando eu penso, eu fico sozinha no meu canto. Aí voltamos ao foco: igreja.
"Nossa, você é tão estranha, porque não usa um vestido?" "Nossa, seu cabelo tá tão curto, parece um menininho" "Nossa, você não conversa direito com ninguém". "Nossa, virou vegetariana? Tá revoltadinha?". Nossa, nossa, nossa, NOSSA.
Ah, e sem esquecer o comentário de um garoto/jovem/seilá, "Nossa comendo tanta bala. Foi assim que minha irmã (A irmã dele ERA bem gorda) começou."
Aí vem. "Você tá tão diferente, você era tão mais alegre quando era criança."
PÁ. Tapa na cara.
Não estou botando a culpa toda naquelas pessoas, até porque tive uns problemas com más influências que não vem ao caso, mas acho que nem preciso botar o que senti quando ouvi aquilo.
Mas o que me enche o saco é aquele monte de pessoas pregando o amor de jesus, o amor de deus, a compaixão, o espírito-santo, e que, no fundo (ou até na casca mesmo) são tão ruins ou às vezes piores do que as outras que vivem fora do “lugar sagrado”.
Uma vez eu ouvi "Já percebeu que os únicos amigos que param pra ouvir seus medos/aflições e não riem de você são da igreja e não do 'mundo carnal'? " Pera, pera. Pera aí. Comigo foi sempre ao contrário. Só porque eu sou diferente dos de lá, eles NUNCA quiseram saber como eu estava, se eu me sentia bem.
(e, desculpe, desculpe, se você está lendo isso até aqui, eu abrirei outra frente, mas prometo demorar menos)
Que história é essa de que adolescente é só uma massa de hormônios furiosa? Que tudo que sentimos são coisas frescas e somente uma paixão (ou seja, dura pouco tempo)?
Ouvi (ouço muitas coisas) na igreja (de lá sai muita coisa boa, como pode ver) que as únicas preocupações de um adolescente era que mamãe não deixa sair pra ir no cinema e que mamãe não comprou a calça jeans.
Eu sou adolescente e posso dizer que podemos ser tão racionais como adultos. Não, não a todo tempo, porque nem adultos conseguem ser racionais sempre (alguns são irracionais quase sempre). Há também outros adolescentes, que a meu ver podem chegar a ser muito fúteis, mas eu não os conheço por dentro.
Eu já amei, já perdi pessoas importantes na vida, já fui traída e humilhada. Claro que os hormônios influenciam. Mas as pessoas banalizam os "nossos", por exemplo aquela paixão platônica.
Às vezes eu me sinto perdida, Lola. Ouvir que aquele amor que você sente por alguém é nada mais que besteira, que tudo passa. "Não conhecem a dor de verdade". "Nem saiu das fraldas ainda”.
Dói, Lola, dói.
Obrigada se leu até aqui, peço desculpas se algo ficou confuso.
Abraços para você, da Nicole, uma adolescente na TPM que achou que talvez colocar algumas coisas pra você fosse ajudar a esfriar um pouco a cabeça.




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