GUEST POST: FILHA E IRMÃ MAIS VELHA
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GUEST POST: FILHA E IRMÃ MAIS VELHA


A Bá mora em Porto Alegre e cursa publicidade. Acho que ela está sendo um pouco injusta com a irmã e com os pais. Mas, de fato, existem privilégios e desvantagens em ser a filha ou irmã mais velha (ou o filho/irmão). Creio que nunca tratamos deste assunto no blog. E eu sou a mais velha...

Queria compartilhar minha história com as demais leitorxs do blog, porque nunca li nada parecido com o que vivenciei, e acho impossível ser a única.
Sou de família de classe média alta, sempre ganhei todos os brinquedos, atenção e carinho que precisei. Fui filha única até os cinco anos. Até que ganhei uma irmã.
Um ano depois, meus pais se separaram. Eu e minha irmãzinha nenê, a Dô, continuamos morando com a minha mãe. Dô era bebê, ocupava muito a minha mãe/vó, enquanto meu pai vivia em suas funções de emprego, casa, e namoradas (sempre nos deu atenção, mas um final de semana sim, outro não). Eu tinha mais duas primas, também pequenas, o que consumia meus avós e tios. Resumindo: fiquei sozinha.
Sozinha, tinha que entender que meus pais tinham se separado. Que eu era a mais velha e tinha que dar o exemplo (frase que eu mais ouvi na vida). Quando minha irmã ficava gripada, eu não podia comer sorvete. Quando eu ficava, ela podia, porque ela era menor e eu tinha que entender. Ela ganhava tudo o que queria, nunca estava errada nas brigas, vivia me batendo com todo o tipo de objeto (escova de cabelo, caderno e afins), mas ai de mim se eu revidasse, porque eu era maior e tinha que cuidar dela. Eu, com sete anos, tinha que apanhar quieta, ficar sem sorvete, enquanto ela, quando com sete anos, era a rainha. Porque ela sempre será a mais nova e eu, a mais velha.
Assim fui crescendo, minha irmã também. Lembro de vários casos tensos na minha pré-adolescência, como por exemplo minhas amigas indo dormir lá em casa, querendo conversar, e eu tendo que aturar a minha irmã de 8 anos junto (sendo que nunca dividi quarto com ela), porque ela era menor e eu não podia excluí-la. Com o tempo, fui fazendo minhas escolhas religiosas e me tornei ateia. Já era bissexual e militante anti-homofobia desde os 14 anos.
Quando me percebi ateia, com 16 anos, entendi que não, não era culpa minha. Não era culpa minha que eu era "revoltada" com meus pais, que não suportava a minha irmã e discordava da minha mãe em quase tudo. Eu não estava errada em reclamar de falta de atenção e injustiça em casa e, principalmente, não era ciuminho. Meus pais foram injustos e abusivos, principalmente nos castigos (apanhei, fui castigada por coisas ínfimas, minha irmã jamais).
Um dia não pude mais me controlar e joguei tudo isso na cara da minha mãe, quando a Dô repetiu de ano e foi consolada por ela, enquanto eu quase fiquei em recuperação, mas passei sob a ameaça de não poder mais sair de casa a não ser pra ir pra escola. Porque a minha irmã tem "desvio de atenção", enquanto eu era só preguiçosa mesmo. Resposta da minha mãe: sou uma MIMADA sem LIMITES e ela e meu pai me mimaram muito. Sim, querida mãe, até os meus cinco anos eu fui mimada, mas os anos de repressão, cortes e excesso de limites com os quais fui punida por ter sido mimada anularam a existência de qualquer mimo na minha vida, obrigada.
Hoje em dia tenho 18 anos, sou considerada um desastre, já que sou gordinha, feminista, ateia, bissexual e inteligente, enquanto a pobre da Dô é magrinha, e ingênua, como minha mãe. Sim, eu terminei muito melhor que ela, mas ainda sim, todos os dias eu penso em como minha vida teria sido diferente, quantas das minhas três tentativas de suicídio não teriam existido se minha vida não tivesse mudado tão drasticamente aos 5/6 anos, quando eu era apenas uma criança, não a mais velha.




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