GUEST POST: NÚMERO DE ESTUPROS JÁ SUPERA O DE HOMICÍDIOS
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GUEST POST: NÚMERO DE ESTUPROS JÁ SUPERA O DE HOMICÍDIOS


O texto a seguir foi publicado ontem na página Cantada de Rua. A autora, que também é administradora da página, o enviou pra mim.
O post fala de um caso ocorrido na semana passada, em SP. Aterrador.

Saída do metrô Tatuapé durante o dia
Nenhum homem NUNCA vai entender como uma mulher se sente ao andar na rua.
Pode ouvir, pode exercer empatia, mas a sensação de vulnerabilidade e o medo de ter seu corpo abusado sexualmente por um agressor qualquer enquanto se anda na rua nenhum homem nunca vai saber o que é.
Essas são imagens reais exibidas no Brasil Urgente, da Band. Assista só se tiver estômago (trigger warning).
Uma estudante de 18 anos saía da estação Tatuapé do metrô em São Paulo quando foi covardemente atacada por um homem visivelmente maior que a vítima.
Ele a seguiu correndo, pôs uma faca em seu pescoço e a levou para um canto ermo, segurando-a pelo pescoço. A estuprou por horas seguidas debaixo de um viaduto. Por um momento a libertou, mas logo a agarrou e estuprou novamente. Este é o retrato falado divulgado pela Band.
Este é o medo de TODA mulher.
Mulheres que por conta deste medo calculam as roupas que vão usar, seus passos, suas companhias, seus caminhos. O TEMPO TODO. Já é tão parte da rotina que muitas nem se dão mais conta de que vivem sob esta tensão. Já se acostumaram a limitar suas vidas, sem questionamentos.
Muitas já se habituaram a não sair de casa sem o namorado, uma amiga, pai ou o irmão. Se acostumaram a não voltar depois das nove, dez, onze da noite, ou a voltar correndo se for depois desse horário. Se acostumaram a viver dentro do cercadinho que é possível viver. Seguem com suas vidas, com essa limitação -- é o que resta. Afinal, a qualquer momento um homem pode querer nos atacar. Infelizmente a paranoia que as mulheres vivem é surreal. Eu me pergunto como nós aguentamos.
Nós vivemos uma maldita guerra civil não declarada, que além de deixar a todos com medo de assalto ou homicídio, ainda exerce sobre as mulheres uma pressão horrível que alerta diariamente sobre o perigo de seus corpos serem abusados. Vivemos sob o estresse diário que nos limita a viver, simplesmente! 
Não basta ter medo de andar na rua vazia ou escura, também temos que encarar assédio no ambiente de trabalho, no colégio, dentro da família, nas calçadas. Temos que suportar viver sob comentários a respeito do nosso corpo, sob mãos que nos apertam em inúmeros ambientes, sob olhares que nos despem enquanto estamos tentando viver nosso dia.
E quando reclamamos do medo, do assédio, o que ouvimos é que estamos exagerando, que somos paranoicas, neuróticas, que estamos nos fazendo de vítimas, que "devemos nos acostumar", que o mundo é assim mesmo.
O número de estupros no Brasil já superou o número de homicídios. Mais de 50 mil estupros foram registrados ano passado. E esses números são completamente subestimados, já que a grande maioria das vítimas não realiza denúncia. Pesquisas apontam que apenas 10% dos casos são registrados, sendo que o número de estupros real é maior do que 500 mil AO ANO no país. E o caso mostrado no vídeo representa menos de 30% dos estupros. A maior parte dos estupradores não é um estranho numa rua deserta à noite. Não precisa nem ameaçar de faca. Mas esses muita gente nem vê como estupro.
Repórter no viaduto onde ocorreram
os estupros
É, a nossa paranoia não é irreal ou coisa da nossa cabeça. Tem, sim, muito fundamento.
Até quando viver com medo de estupro vai ser considerado normal pela sociedade, que não nos ouve? Até quando teremos nossas queixas silenciadas e consideradas exagero?
Retrato falado do estuprador
Obviamente o estuprador mostrado no vídeo está foragido! Isso porque crimes sexuais NÃO SÃO UMA PRIORIDADE no Brasil, aliás, longe disso! Outros casos de mulheres estupradas nos arredores da estação Tatuapé já foram denunciados, mas o sujeito continua atacando.
Nossas queixas são legítimas! Nós não aceitamos sermos silenciadas! Nós temos direito de viver em uma sociedade em que mulheres não tenham medo de viver por serem mulheres.
Você, mulher, já pensou por um segundo apenas como seria sua vida, sua existência, sem este medo de ser estuprada? Como seria voltar para casa a pé a uma da manhã com medo apenas de ser assaltada? Andar com tranquilidade pela rua sem assédio ou olhares nojentos?
Não consegue imaginar? Pergunte a um homem. Ele sabe.




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