GUEST POST: O ADORÁVEL HUMOR DOS BRASILEIROS
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GUEST POST: O ADORÁVEL HUMOR DOS BRASILEIROS


É com muita honra que publico um artigo da Nana Queiroz, escrito especialmente para este blog. 
Nana, 28 anos, jornalista em Brasília, é a criadora da campanha "Não Mereço Ser Estuprada", que foi abraçada por mais de 40 mil mulheres, e que eu encampei no mesmo dia. Parabéns pela sua luta e pela sua força, Nana!

Nana com Fátima Bernardes
A Delegacia da Mulher do Distrito Federal indiciou, há dois dias, um homem que (supostamente) ameaçou me estuprar. Honestamente, não lembro qual foi a exata ameaça feita por ele, já que recebi cerca de 500 delas. Escolhi as 50 mais assustadoras e levei à polícia. Lá, eles fizeram sua própria triagem do que valia e não valia a pena investigar -– acredite, na capital de nosso país há apenas UM investigador para crimes virtuais contra as mulheres! Cada luta tem que ser bem escolhida por este sobrecarregado e dedicado funcionário.
As ameaças começaram a chegar alguns segundos após eu postar na internet a minha foto para o protesto #EuNãoMereçoSerEstuprada, criado meio sem querer por mim há mais ou menos um mês. Eu incentivava as mulheres a mostrarem ao menos um pouquinho dos seus corpos com os dizeres “Eu não mereço ser estuprada”. 
Era meu jeito de sugerir uma resposta à absurda mentalidade de 58% dos brasileiros, que acreditam que menos estupros aconteceriam se as mulheres “soubessem se comportar” e 26% que acreditam que mulheres que mostram muito o corpo merecem ser atacadas.
O curioso é que o indivíduo assumiu ter me ameaçado após ver a foto e justificou, marotíssimo: “era brincadeira”.
Brincadeira?!
Quero contar que parei de andar de bicicleta, meu meio de locomoção, lazer, exercício físico e momento de relaxamento, por um mês por conta da “brincadeira”. Minha mãe, uma mulher adorável debilitada por uma doença rara, perdeu noites de sono. Meu marido teve que adiar uma viagem de trabalho, sacrificando todos os colegas dele de serviço. Eu perdi peso, chorei e senti muito medo de ser estuprada. Pergunto: qual a graça em tudo isso?
O brasileiro tem a horrorosa mania de não entender o conceito de humor. Já percebeu como muita gente acha graça de fazer piada com os mais “fracos”? Riem de jogar banana para negros, acusar judeus de X atrocidades, diminuir a capacidade de mulheres ao volante e falar que coisa entediante é “programa de índio”. Alguns humoristas acham até motivo para rir de sexo com grávidas e bebês!
Quero pedir a todos que me leem que pensem com carinho antes de fazer (ou rir de) uma piada. Humor é bom quando é inteligente e respeitoso -– e é ainda mais hilário nessas condições. E como disse um colega no Twitter: no dia em que estupro for engraçado, eu quero ser mal humorada.
Nana entrega documento à ministra Eleonora Menicucci




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