GUEST POST: PAVOR DENTRO DO ÔNIBUS
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GUEST POST: PAVOR DENTRO DO ÔNIBUS


A T., de 16 anos, me enviou este relato, que de cara me lembrou o começo do filme Cidade do Silêncio, sobre a onda de estupros seguidos de morte ocorridas na fronteira entre EUA e México.

De madrugada estava lendo um post sobre abusos em linhas de ônibus. O que aconteceu comigo foi um pouquinho pior, mas o tratamento que tive não mudou em nada. 
Sou de uma cidade pequena, onde consequentemente todos se conhecem. Há um ano passei por uma coisa horrível em uma linha de ônibus de minha cidade, que vai de um distrito para o outro.
Em uma quarta feira, fui na casa de minha avó após a escola. Pelas 8 horas da noite peguei um micro-ônibus vazio. Ao entrar, o motorista me pediu para pagar a passagem e sentar nos bancos da frente, antes da roleta, porque ela estava com defeito. Até aí tudo bem, não atinei pra nenhum problema. Só que, depois de eu ter entrado no ônibus, ele passou por três pontos com passageiros e não parou, dois deles lotados de estudantes. Já comecei a estranhar. 
O cara rapidamente começou uma conversa muito esquisita, dizia que várias garotinhas iam à casa dele almoçar, esperavam ele chegar do trabalho, e ainda me ofereceu o número do seu celular caso eu quisesse ligar e pegar ônibus de graça com ele.
Comecei a ficar nervosa, me deparei com meu celular sem bateria, e pela rua não passava uma pessoa. Na mesma hora levantei e pedi pra ele parar no próximo ponto. O motorista disse então: "Você vai pra casa comigo, não vou te deixar aqui."
Eu insisti, comecei a chorar, implorar, e nada d'ele me deixar sair.
Ele continuava com o mesmo papo. Então comecei a gritar e bater nas janelas. Nervoso, ele parou na mesma hora e me deixou sair. Enquanto eu descia, ele insistiu em me oferecer seu número de telefone, isso depois de cinco pontos que pedi para parar. Eu saí desesperada, chorando, tremia tanto que nem conseguia andar direito. Por acaso, parei perto da casa de um casal de amigos dos meus pais, em que o rapaz é policial.
Corri pra lá, contei tudo e eles ligaram pra minha mãe (meu pai estava de serviço nesse dia). Fomos até o ponto final, pedimos informações ao supervisor e checamos quem era o motorista. Ainda descobrimos que ele não podia pegar nenhum passageiro, pois realmente a roleta estava ruim e ele apenas levaria o ônibus para garagem, nem trabalhava naquele trajeto, ou seja, ele já teve más intenções ao parar o ônibus só pra mim. 
Esse supervisor ligou pra garagem e pediu que segurassem o cara lá. Quando chegamos, o crápula estava lá, rindo, e com a cara mais lavada do mundo, dizendo que não era nada daquilo. Na mesma hora o amigo do meu pai não se conteve e bateu nele até que separassem. 
Dali fomos pra delegacia, e lá tive uma decepção enorme. O investigador que me atendeu foi indiferente, me tratou como se eu tivesse culpa, e durante toda a conversa, tentava menosprezar a mim e a minha mãe, como se ela fosse irresponsável por deixar uma menina de 16 anos andar a essa hora sozinha de ônibus. Ele ainda disse que isso só acontece porque "algumas meninas dão ideia pra esses caras". 
Nem preciso falar que minha mãe ficou muito nervosa, e eu também, vendo que meu problema se tornava cada vez maior. No final, eu não aguentei e soltei o verbo, olhei bem na cara do investigador e perguntei: "Você tem filha?". Ele respondeu que sim, e então falei aos prantos: "Imaginou se fosse ela no meu lugar, se isso acontecesse com sua filha, imagina? Você ia gostar? Ia tratar assim?"
Na mesma hora ele ficou sem nenhuma reação. Depois pediu muitas desculpas por algum mal entendido, e nos encaminhou pro Conselho Tutelar. Lá fui bem atendida e descobrimos que o meu caso não foi o primeiro envolvendo funcionários daquela linha de ônibus.
Na conclusão disso tudo, o motorista não foi mandado embora, o investigador apenas ouviu algumas adolescentes, e eu fui só mais um caso. Nessas horas vemos o quão negligentes são as autoridades no nosso país. 
Hoje em dia não me envergonho de dizer que o desgraçado do motorista levou uma bela surra, e se borrou todo com uma arma apontada no meio da fuça. Se não fosse isso, o cara ainda sairia se vangloriando. Sou totalmente contra a violência e justiça com as próprias mãos, mas nesses casos... Ainda aqui na minha cidade o boato que ficou da minha história você pode imaginar.
Bom, só queria contar minha história e testemunhar como nós, mulheres, muitas vezes somos tratadas.




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