GUEST POST: PELAS MULHERES ESQUECIDAS DO TRANSPORTE PÚBLICO
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GUEST POST: PELAS MULHERES ESQUECIDAS DO TRANSPORTE PÚBLICO


Os protestos nas ruas conseguiram seu primeiro resultado concreto, que foi a redução das passagens. 
É uma vitória, sem dúvida, mas pouco ou nada se fala dos lucros absurdos das empresas de ônibus. 
Eu me lembro (inclusive porque morava em SP na época) quando Erundina tentou enfrentar essas empresas e foi massacrada pela mídia. E, por incrível que pareça, ainda hoje, as pessoas veem os gigantescos lucros privados em cima de um serviço essencial como algo aceitável, natural, "é assim que as coisas são", enquanto concentram sua revolta unicamente no poder público.  
Outra coisa que vem sendo esquecida das reivindicações é quem anda no transporte público. Não é surpresa pra qualquer um que pega ônibus que a maior parte dos usuários é mulher. E mulheres costumam ter prioridades que muitas vezes são ignoradas pelos homens. Portanto, o Coletivo Feminista Pagu - Baixada Santista escreveu este post para trazer essas questões para a pauta principal.

Diante de todas as manifestações que ocorreram, ocorrem e ocorrerão por todo o território nacional a respeito da Luta Nacional Contra o Aumento das Passagens, fica a reflexão: e as mulheres? O que o transporte público pode oferecer às mulheres? Aliás, no que elas são prejudicadas por ele?
Não é novidade para quem está presente no movimento feminista o quanto as mulheres sofrem quando o assunto é transporte público. E, pasmem, 55% dos usuários do transporte público na Grande São Paulo são mulheres! Isso pode em grande parte ser explicado pela diferença salarial entre homens e mulheres. Em média, homens ganham 66% mais que mulheres com o mesmo nível de escolaridade, chegando a uma diferença de 185% em certos cargos, como o de diretor. 
Tendo em vista que em média as mulheres utilizam o sistema três vezes na semana, pelo menos, para ir e voltar do serviço, a perda monetária é muito maior, proporcionalmente aos seus rendimentos, do que a dos homens. Afinal, mesmo que as mulheres ganhem menos, o valor da passagem é igual.
Como as mulheres são maioria em funções de baixa remuneração e que necessitam de menor qualificação, qualquer aumento tarifário pesará mais sobre elas. E esta situação as torna mais dependentes do transporte público, mais expostas aos abusos cometidos por outros passageiros e, às vezes, até por motoristas e cobradores. Também essa dependência do sistema público de transporte mantém a mulher em situação de vulnerabilidade quanto ao estupro/assédio sexual, uma vez que a imensa maioria de linhas passa em péssimos horários durante a madrugada e a noite.
O desrespeito à mulher no transporte público é outro assunto muito abordado por nós do meio feminista. Não faz muito tempo que explodiu nas redes sociais da nossa militância um blog que tinha o objetivo de disseminar o assédio de mulheres no transporte coletivo. Esse blog foi denunciado, e depois disso apareceu mais outro de tanto que era -- se assim podemos dizer -- a demanda. Fazia-se upload de vídeos e fotos em que homens expunham seus órgãos sexuais e começavam a se masturbar próximos às mulheres que estavam, muitas vezes, em pé no transporte coletivo. O fato de que uma mulher não pode estar dentro de um ambiente fechado que seu corpo já se torna público, que não merece nenhum respeito, é chocante. A “mão boba” é conhecida: é o que as mulheres recebem dentro do transporte público lotado depois de um dia inteiro na escola, faculdade ou trabalho.
A demora na chegada do transporte também contribui para colocar a vida da mulher em risco. O que para muitos homens chega a ser apenas um empecilho tedioso é, na verdade, para as mulheres longos minutos ou, muitas vezes, horas de apreensão e insegurança na espera do ônibus. Inconscientemente, só pelo fato de estar ali parada, muitas vezes sozinha, a mulher teme a figura do estuprador à espreita. É isso que o patriarcado faz conosco. É um medo tão enraizado que não tem como escapar. Não sendo suficiente a demora, ocorre que normalmente os pontos de transporte são mal iluminados e mal estruturados, ocasionando um local propício para que a cultura de estupro coloque em prática toda a sua força.
Existe também o fator da má distribuição de rotas do transporte público. Quantas vezes temos que fazer longas caminhadas à noite em ruas pouco iluminadas porque a rota do ônibus não cobre determinada região? Qual é a sensação que temos ao fazer isso? O medo é o primeiro sentimento. Não é medo de assalto, é aquele medo de estar sendo seguida, de que qualquer um pode estar à espreita e querer te submeter ao “sexo” forçado. Sexo entre aspas porque isso nunca foi sobre sexo, isso sempre foi sobre dominação, sobre subjugar o outro. Esta é uma das armas do patriarcado para manter as mulheres com medo: o estupro. E pessoas com medo são mais fáceis de dominar, de controlar.
Mas aqueles que não vem o espaço público como pertencente também à mulher poderiam perguntar: "Que mulher é essa que utiliza o transporte público para sair à noite ou de madrugada?". Respondemos: são profissionais domésticas, inspetoras escolares, merendeiras, cozinheiras, arrumadeiras, faxineiras, profissionais da área de saúde, professoras, estudantes, mães, e em alguns casos prostitutas (elas existem e são gente)... A lista é enorme: são essas mulheres que precisam andar no escuro por ruas pouco ou nada iluminadas, que precisam parar em pontos desertos; que pegam ônibus com poucos passageiros, ou com passageiros demais. 
Há que se levar em conta também o medo de denunciar a violência sofrida e se expor piorando a situação. Quantos casos ouvimos de mulheres brutalizadas no transporte público que contam baixinho, furtivamente para a família e/ou para algumas amigas e pedem silêncio? Quantas conhecemos que se culpabilizam por serem brutalizadas? Deixemos claro que a culpa não é da vítima. Embora possa ser daquelas pessoas que vendo o abuso evitam ajudar porque "a mulher está pedindo".
O patriarcado age quando nenhum desses temas expostos aqui é considerado na luta pelo transporte. E por quê? Por que é tão difícil pensar na situação da mulher em relação ao transporte coletivo? Porque a opinião da mulher é secundária e, infelizmente, seus interesses também. Talvez nenhum desses tópicos tenha sido considerado pelo simples fato de que a sociedade brasileira ainda culpabiliza a mulher que sai à noite. Afinal, quem mandou ser mulher e sair à noite? O transporte público não tem nada a ver com isso.
Por isso precisamos criar uma campanha feminista dentro da Luta Nacional Contra o Aumento das Passagens. Vamos levantar cartazes com os nossos problemas. Não podemos ficar invisíveis nessa luta, por mais que para parte da sociedade nossas reivindicações sejam secundárias. Para as mulheres, não são.




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