GUEST POST: TANTAS ESCOLHAS E EU FUI ESTUDAR!
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GUEST POST: TANTAS ESCOLHAS E EU FUI ESTUDAR!


Este relato que a Vanessa me enviou é ilustrativo dos estereótipos que teimam em nos limitar. E também é bastante comum. Eu me lembrei do famoso caso da Skepchick. Bom, talvez não seja tão famoso, e nunca tratei dele aqui, mas vamulá. Ano passado, uma ótima blogueira ateia americana chamada Rebecca Watson fez um pedido: pediu aos homens de comunidades ateístas que respeitassem mais as mulheres. Ela disse que talvez o fato de haver poucas mulheres nessas comunidades acontecesse porque elas são objetificadas, vistas como menos racionais, paqueradas sem limites, tocadas sem seu consentimento nas conferências e nos bares dessas conferências. E ela narrou um episódio emblemático: numa dessas conferências ateístas, ela participou de um painel justamente sobre esse tema, exigindo respeito. Na mesma noite, às quatro da manhã, um sujeito entrou no elevador do hotel com ela, a elogiou, e a convidou pra tomar um drinque com ela no seu quarto. E ela sentiu-se desconfortável (algo que boa parte dos homens é incapaz de entender) e fez um vídeo pedindo: "Rapazes, não façam isso". Por conta desse incidente, o renomado escritor Richard Dawkins lhe mandou um comentário inacreditável, em que ele se dirige a "Muslima" (uma garota islâmica que ele inventou), ironizando que os problemas dela de mutilação genital e de não poder votar não eram nada perto de ser abordada num elevador. Ou seja, Dawkins, do alto de seu privilégio masculino, pensa que, por mulheres sofrerem numa parte do mundo, as mulheres de outras partes do mundo deveriam ficar quietas e parar de reclamar. A declaração sem noção de Dawkins ganhou grande repercussão, foi muito criticada, e fez Watson ficar ainda mais célebre. E houve também aquele negócio típico: a cada nova "explicação", mais Dawkins se complicava. O cúmulo foi afirmar que o desconforto que uma mulher sozinha abordada por um estranho num elevador às quatro da manhã é igual ao desconforto que ele, Dawkins, sente, quando alguém masca chiclete perto dele!
O relato da Vanessa me lembrou o caso da Watson porque mostra como mulheres são mal recebidas em espaços majoritariamente masculinos. E mostra como certos homens são completamente sem noção. Vamos ao guest post da Vanessa.

Sou mestranda na área de ciência do solo e venho lhe reportar uma situação que ocorreu comigo em um congresso, e que muito me recorda diversos posts seus.
Sou mulher, gosto de esportes, malho e sempre sonhei em ser cientista. Porém, trabalho em uma área bastante masculina. Até aí nada mudou em minha vida: pouco me importo com o sexo de quem trabalha comigo, costumo estar bem mais interessada em empenho e nos resultados da minha pesquisa.
Mas ano passado passei por uma situação no mínimo embaraçadora.
Viajei para a cidade de Uberlândia, onde ocorrera o Congresso Nacional de Ciência do Solo. Neste congresso, estava à frente de dois trabalhos junto com meu orientador. Uma noite estávamos na boate onde ocorria a festa do congresso, eu e meu orientador, e passamos a noite batendo papo e tomando cerveja. Como já era de se esperar, a festa tinha um grande número de homens e muita gente do interior, já que nossa área é muito forte no interior. E eu já havia reparado no grande número de homens me olhando como se eu fosse carne no açougue -- estes pareciam um pouco intrigados com meu comportamento.
Estava eu ali, altas horas da noite, conversando com um homem mais velho, tomando uma cerveja e altamente alheia aos acontecimentos e homens ao meu redor.
começa o momento sem noção. Certa hora meu orientador foi ao banheiro, e eu fiquei tomando minha cerveja esperando, quando fui abordada por um homem que me diz: "Oi, você está aí a noite toda com esse coroa bebendo, quem é ele? Seu namorado?"
Eu respondi: "Que é isso? Ele é meu orientador e estamos tomando uma cerveja, qual o problema?"
E o sujeito: "Ah, tá! Já estava achando que você era dessas prostitutas de luxo que dizem ter no Rio".
Eu fiquei totalmente estupefata com a situação e lhe disse que se essa era a sua forma de abordar uma mulher, que não a fizesse mais. Ele então tentou se desculpar dizendo que eu era uma mulher muito bonita para trabalhar nessa área, e que eu havia passado a noite alheia ao meu redor, enquanto vários homens se mostravam interessados. Continuou falando que era do interior e que sempre ouvia essas histórias que as mulheres do Rio (eu sou carioca) são mais liberais, ou prostitutas.
Um absurdo! Eu, mulher, não posso passar uma noite agradável com um amigo, pois estando eu solteira e havendo grande oferta de homens, tenho que estar focada em arrumar um macho, porque senão é um desperdício pra humanidade. E se eu não estou interessada e sou do Rio (aff) é porque chegaram antes e já estão me pagando, já que sou prostituta!
Isso aconteceu em um evento fechado para um congresso, ou seja, estavam lá congressistas, pesquisadores!
Hoje acho a situação cômica e ridícula. Mas parece que sempre causo estranhamento por trabalhar nesta área, já que bonitinha assim, eu podia estar à caça de um deputado rico ou de um jogador de futebol, ou me tornar uma dessas dançarinas de programa de humor de baixo nível... E eu, diante de todas essas possibilidades maravilhosas, escolhi estudar, trabalhar e me enriquecer intelectualmente!




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