GUEST POST: VEREADORES APROVAM QUE PRECONCEITOS NÃO PODEM SER COMBATIDOS NA ESCOLA
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GUEST POST: VEREADORES APROVAM QUE PRECONCEITOS NÃO PODEM SER COMBATIDOS NA ESCOLA


Bispo e vereador João Batista comemora a vitória do retrocesso

Gustavo me enviou este texto assustador, não muito diferente do que vem acontecendo em Câmaras de Vereadores de inúmeras cidades do país. 
Nos estados, até junho
(clique para ampliar)
A pressão que as bancadas religiosas fazem é fortíssima. Inventam mentiras mil, aterrorizam a população, dizem que o filho será "transformado" em gay ou menina (não chegam a uma conclusão sobre o que seria pior), e falam, na cara dura, que educação sexual deve ficar fora das escolas, pois seria um assunto que cabe apenas à família -- e, como sabemos, pra essa gente só existe um modelo de família. 
Na maior parte das cidades, a votação sobre o que os reaças chamam de "ideologia de gênero" (como se o que eles ensinam não fosse ideologia) foi o horror descrito abaixo. 
Quer dizer, São Bernardo Campo já deu um passo além: proibiu discussões de gênero em sala de aula. É a lei da mordaça mesmo.
O pior é que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) já prevem que discussões sobre gênero e tolerância sexual sejam realizadas nas escolas. 
Ativistas LGBT em São Bernardo.
Apesar de todo o empenho dxs ativis-
tas, os reaças ganharam a batalha
E, como disse Camila Moreno, representante do MEC, temas que os reaças identificam como feministas (mas que são, ou deveriam ser, temas de toda a sociedade, como o combate à violência contra a mulher) já estão aparecendo no ENEM. Como, então, proibir que o conteúdo que cai no maior exame nacional não seja aprendido nas escolas?
Leia o que Gustavo nos relata e deixe sugestões: o que pode ser feito para reverter essa sandice, que não é exclusividade da cidade dele?

Campanha "Falsos Profetas":
ativistas tentaram mostrar
que julgar é errado e vai
contra a palavra que os
próprios religiosos pregam
Queridíssima Lola, é com grande pesar que escrevo esse texto para você.
Meu nome é Gustavo, tenho 18 anos e moro em São Bernardo do Campo, SP.
Na quarta, dia 09/12, aconteceu a votação do Plano Municipal de Ensino (PME) da cidade.
O plano incluía o ensino de tolerância e respeito à gênero, etnia, orientação sexual, identidade de gênero, entre outros, motivo de grande alegria do movimento feminista e da comunidade LGBT da região. Acontece, Lola, que a religião por aqui é extremamente presente, chegando, inclusive, a se misturar de forma absurda no meio político.
Pery Cartola, a cara de um fanático
Algumas semanas atrás os vereadores Rafael Demarchi (PSD), João Batista (PTB) e Pery Cartola (PPS) iniciaram uma campanha difamatória contra a comunidade LGBT em relação ao plano. Até aí, nada além do esperado -- a política brasileira sempre tem esse pé no conservadorismo religioso. O problema, de fato, foi o discurso mentiroso e inflamado que estes senhores fizeram.
O PME foi deturpado nas mãos desses conservadores. Os vereadores alegaram que o plano incluía o uso de banheiros unissex nas escolas, aulas de "exploração sexual" (onde os alunos fariam sexo com ambos os sexos para decidir "o que gostam mais", segundo palavras do vereador Rafael Demarchi, que também se opõe à educação sexual nas escolas), que as crianças seriam educadas com base na premissa de que não existem meninos e meninas (dizendo que o gênero seria uma escolha) e outros absurdos.
O resultado é que o plano foi modificado para incluir apenas a palavra "diversidade", excluindo a especificidade do mesmo.
Na votação de quinta, foi introduzida uma nova emenda, que veta a discussão de ideologia de gênero e orientação sexual dentro de sala de aula. Ou seja, as crianças não podem ser ensinadas a não ter preconceito. Esta emenda foi aprovada.
Graças às mentiras contadas, houve uma enorme comoção cristã na câmara. Nós, representantes presentes do movimento LGBT, do coletivo negro e do movimento feminista, fomos esmagados e silenciados pelo número chocante de pessoas que foram manipuladas por estes senhores. Foi um massacre, não tivemos nem a chance de lutar, já que os vereadores não estavam abertos ao debate: a decisão havia sido tomada antes mesmo das emendas serem assinadas.
Isto sem contar o fato de que a votação parecia não se passar dentro da Câmara, mas sim dentro de alguma igreja. Os políticos bradavam ao microfone: "Glória a Deus", "Jesus é o caminho", "A Família tem que vencer" etc. Até louvor teve, em coro.
Vereador diz em vídeo que educar cabe
à família, não à escola, e que a ideia
de uma escola que educa é "coisa de
comunista"
Na mesma semana, graças a votações passadas, dois homossexuais foram espancados em uma rua próxima à Câmara Municipal.
Tudo isto pode ser provado com as transcrições das votações da PME e, também, pelos vídeos divulgados na página dos vereadores já citados.
Acontece que, com as discussões de gênero vetadas, também fica impossibilitado o ensino de igualdade de gêneros cis binários, ou seja, agora seria proibido, por lei, ensinar nas escolas que homens e mulheres são iguais. Retrocesso ao feminismo e à causa LGBT, tudo isso em uma votação de pouco mais de duas horas de duração.
Igreja ou Câmara de Vereadores?
Não bastasse isso, também temos o fato de que a homofobia e a transfobia surgem exatamente no momento em que o ódio à mulher é tão grande que qualquer coisa que se assemelhe (ou o que os misóginos pensem se assemelhar, já que não existe mulher em uma relação gay) a uma mulher é ridicularizado, renegado e demonizado.
Vereadores (todos homens?) aprovam
o atraso
Estamos, atualmente, procurando as providências legais que podem ser tomadas, já que, além de inconstitucional, a PME da nossa cidade agora é inconforme com o MEC.
Se puder nos ajudar, seria de grande valia.




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