Histórias de Terapias
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Histórias de Terapias


Dai que eu tinha 13 anos e pela primeira vez fomos morar eu e minha mãe,  antes morava em casa de maluco descendente de português: avô, avódrasta,  tias, tios, primos, primas, cachorros e gatos vira-latas diversos, que meu vô era desses de catar bicho doente na rua e levar pra casa pra curar - teve uma vez que levou uma cobra-coral - mas isso fica pra outro post!

Então, mãe passou no num concurso público e era professora do Estado, com isso, levantou poeira e fomos nós duas prum apartamento enoooorme e vazio em um bairro distante de toda a minha infância. Junto, arrancou-me do colégio público onde eu sofria bullying de professor e me matriculou num particular, de freiras, para que eu sofresse bullying de gente ryca e phyna!

Não sei bem quando, mas teve um momento ai que pirei e comecei a achar que o apartamento enooorme era assombrado e ouvia passos, vozes e enxergava rostinhos assustadores pela janela. Ah, e mãe dava aula em quinhentos lugares diferentes e distantes e ainda era bancária, dai que eu chegava a ficar dias sem vê-la.

E como a experiência num colégio de freiras sendo filha de mãe separada, ( lembre-se que isso se dá no inicio da década de 80, pais separados não eram algo tão normal, quanto hoje em dia) não era algo assim que me adicionasse muitos amigos, eu era uma adolescente aterrorizada e só! Absolutamente só.

Mãe muderna que só, mandou filha pirada pra terapia, sugestão da irmã do colégio que me chamava de bastarda. E é disso que esse post trata, da minha analista - que nem lembro nome, nem telefone, só do prediozinho na tijuca, onde era obrigada a ir, todas as terças. Para ficar 1 hora e meia, amiga, contando azulejos da parede do consultório.

Por que a mulher não falava nada, nada, nada! Silêncio mortal durante 1 hora e meia... Eu entrava muda e saia calada.  Durante um ano inteiro, eu ia pra terapia pra contar azulejos na parede! Nunca falei para ela dos fantasmas do apartamento, nem das freiras me olhando com cara de "que pena da bastardinha", nem dos amigos que não me queriam, nem do quase abuso sexual que sofri de um idiota de 22 anos!

Um ano depois, a mulher me dispensou!!!!! Numa conversa ela, eu e mãe muderna, mas muito ocupada, soltou que não estava dando certo entre nós duas! Tipo, depois de UM ANO em silêncio absoluto todas as 3ª feiras, ela finalmente fala pra MINHA MÂE que não estava dando certo entre nós duas!

Fiquei um tempo sem terapia. Tentando me acertar sozinha, mas a coisa piorou a ponto de ter crise de choro dentro de loja de departamento. E ai, fui encaminhada para outra terapeuta... Mas isso já é outro post.
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A minha escritora predileta, Fal Azevedo pediu lá no blog dela:

" Going Bananas
Projeto novo e é assim: quero saber qualquer história de terapia que você queira me contar. Paciente, terapeuta (ou analista, ou psicanalista, ou psicólogo, ou psiquiatra ou o que vc quiser), professor, aluno, familiar, observador, ego-auxiliar. Histórias boas, ruins, mais ou menos, felizes, terapia em grupo, de qrr linha, porque eu fui fazer, porque eu não fui fazer, brigas, medicamentos, internações, grandes descobertas, libertações, viradas na vida, tudo, todas.
Sigilo absoluto."
E como pedido dela é uma ordem para mim, cá estou eu dando uma pequena contribuição, se você tiver a sua e quiser ajudar, manda e-mail para ela :

" Se você quiser mandar e-mail com seu e-mail ou com e-mail falso: [email protected]"

E aproveita vai lá no Drops da Fal e se delicie com seus posts maravilhosos!




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