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IMPRESSÕES FELIZES DA VIDA SOBRE AS ELEIÇÕES
Então, gente ótima, estou tentando escrever um texto minimamente decente sobre a vitória da Dilma, mas continuo sem tempo. É ridículo o tamanho de trabalho que tenho que entregar até o final do semestre, e ridículo também é tudo que deixei de fazer durante as eleições. Quer dizer, não é que eu não tenha me matado de trabalhar e feito um pouco do que tenho que fazer, é só que, pra conseguir realizar esse mínimo, e tocar o blog, só dormindo quatro horas por dia. Mas é péssimo passar vários meses assim, né? Acho que vai corroendo a nossa saúde. Sinto falta de algum momento de lazer, de fins de semana, de feriados, de ir ao cinema, até de ir ao supermercado... E sei que muit@s de vocês se sentem igual. Sei que foi sacrificante se dedicar tanto, nas nossas poucas horas vagas, por um ideal. Mas valeu a pena. A Dilma ganhou. Nós ganhamos. Conseguimos continuar com um governo que transformou o Brasil, e que seguirá transformando. Conseguimos nos ver livres, pelo menos pelos próximos quatro anos, de um projeto de poder que faria o país andar pra trás. E, de lambuja, conseguimos eleger nossa primeira mulher presidente, pra admiração do mundo inteiro. Tenho vontade de dar um abraço apertado em cada uma e cada um de vocês, que lutaram do meu lado. (E a rápida pesquisa que fiz prova que vocês acreditavam. 976 pessoas votaram, e 78% responderam que queriam que a Dilma ganhasse e achavam que ia ganhar). Por outro lado, andei lendo uns blogs de direita, umas tags ultrapreconceituosas do Twitter, e meu deus, o que são essas pessoas? Elas não têm vergonha não? É the horror, the horror. Não vou falar disso agora, pra não contaminar nossos pensamentos, mas precisarei escrever sobre essa turminha barra pesada do mal. Talvez amanhã. Este post, embora looongo, não vai dar conta de expressar tudo que eu quero dizer.Enfim, hoje é dia de festejar. Parece um sonho. Vocês não se sentem meio nas nuvens, como se estivessem de ressaca, mas uma ressaca boa? Ontem, quando terminei meu trabalho de mesária, aqui pertinho de casa, não tive uma sensação boa. Dilma não foi bem na minha seção eleitoral. Na minha seção, ela teve 169 votos, contra 96 do Serra, e 22 nulos e brancos. O número de abstenções foi semelhante ao do primeiro turno, em que tivemos um total de 194 votos. Agora foram 187, uma diferença pequena. Mas, pelo que vi no local onde fui mesária, boa parte do pessoal que votou na Marina no dia 3 foi de Serra. Felizmente, eu é que fui colocada num dos locais mais reaças de Fortaleza! Porque, na cidade toda, Dilma teve 71% dos votos. No estado do Ceará então, a votação foi consagradora: 77% dos votos válidos pra Dilma, contra míseros 23% pro Serra. O Ceará foi o terceiro estado brasileiro em que Dilma teve a maior porcentagem do Brasil, perdendo apenas pro Amazonas e Maranhão. Claro que isso de vitória por estado não quer dizer grande coisa ― afinal, apesar do discurso “o sul é o meu país” dos reaças, o Brasil é um só e não está prestes a ser desmembrado. Ademais, onde Serra teve sua votação mais esmagadora não foi em Santa Catarina (Serra 57% x 43% Dilma) e muito menos em SP (Serra 54% x 46% Dilma), mas no Acre: lá ele teve incríveis 70%! E aí, pessoal civilizado, inteligente, branquinho e cheiroso: diante desses números, na avaliação de vocês, o Acre é melhor que SP? Numa eventual separação do resto do país, vocês vão querer levar o Acre também? Vocês podiam mudar de slogan: "o sul e aquele pedacinho no norte são meu país". (Neste mapa dá pra ver como foi o resultado em cada estado. E, clicando aqui, dá pra ver como sua cidade votou, desde que você consiga localizar sua cidade no mapa, o que não é fácil). Mas a diferença maior foi no ânimo das pessoas. Naquele detalhe de que já falei diversas vezes: a paixão política. Por exemplo: ontem, no dia todo, sabe quantos eleitores entraram na minha seção com adesivo do Serra? Dois! E ele teve 96 votos, certo? Isso quer dizer que 2% dos seus eleitores votavam nele com orgulho, a ponto de colocar seu número e sua cara no peito. E aí, quantos eleitores apareceram com adesivo da Dilma? Too many to count! Perdi a conta. Certamente mais de 70. Esses numerinhos dão uma boa dica de por que estamos felizes, e de por que os reaças estão tendo um velório agora. Pior: demonstram por que o clima seria de velório mesmo que eles tivessem vencido. Essa gente não torce por ninguém, torce apenas contra! E não torcem contra nenhuma pessoa, nenhum partido, tanto quanto torcem contra o Brasil. Mas olha só que engraçado: na minha seção, que fica num dos cursos (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) de um dos campi (o de Benfica) da UFC, havia apenas duas eleitoras analfabetas, de ter que carimbar dedão. Foram as mesmas que, no primeiro turno, uma senhora muito suspeita trouxe pra votar. A senhora quis entrar com elas na urna pra “ajudá-las” a votar. A gente achava que elas nem compareceriam no segundo turno, que isso era compra de voto de algum candidato corrupto a deputado. Mas compareceram. E adivinham em quem votaram? No Serra. Como que a gente sabe? Porque uma das mesárias teve que minimamente ajudá-las a votar. Não deixa de ser irônico que as duas únicas eleitoras analfabetas da minha seção votaram no Serra. Bom, pelo menos elas foram votar! É mais do que pode ser dito da classe média paulista. (Aliás, se vocês quiserem rir muito, dêem uma olhada nessas fotos com legendas da Uol. No início pensei que fossem piada, mas aí me lembrei que, em relação aos reaças, yes, they can. Uma das minhas fotos preferidas é a de uma mulher, revoltada, que não votou ― no Serra ― pra aproveitar o feriadão, e disse ter certeza que o governo programou a eleição no feriado prolongado pra atrapalhar a eleição tucana. Outra foto louvável é a de uma de outra que, cabisbaixa, disse não acreditar que Serra ganharia porque todos os eleitores dele estavam lá, nas praias do Guarujá). Mas de volta ao Nordeste. Um momento engraçado, e até comovente, envolveu uma senhora simpática de 86 anos (mesário acaba sabendo a idade de todo mundo, e muitas velhinhas foram votar, mesmo sem serem obrigadas. Acho ótimo isso). A mulher parecia ótima pra idade, até chegar à urna. Lá ela ficou alguns segundos em silêncio (e a votação foi rapidíssima pra todo mundo), e finalmente apertou alguns números. Não aconteceu nada. A presidente dos mesários então perguntou pra ela se ela sabia no número de quem iria votar. Ela respondeu que sim: 24 na cabeça! Aí a filha dela, uma mulher de meia idade que estava na porta, lá longe, do outro lado da sala, gritou: “Mãe! Você tá com o número anotado na palma da mão! É só olhar! Começa com 1!”. Depois de muito esfoço, a velhinha conseguiu, sozinha. Comemoração geral na seção!Mas, pra ser justa, sabem aquele jovem estressado do primeiro turno, que teve um chilique quando lhe pedimos pra deixar seu celular em cima da mesa, e quis saber qual lei o obrigada a isso? Eu, péssima fisionomista que sou, não o reconheci agora no segundo turno. Até porque sua expressão estava totalmente diferente. Ele estava com um sorriso de orelha a orelha ― e com um adesivo da Dilma no peito. E da outra vez estava transtornado. Lamento dizer que fui a única entre as quatro mesárias que não o reconheceu. A presidente não perdeu a chance: quando ele saía, ela disse pra ele, “Olha, afixado na porta tem a lei dizendo que não se deve entrar com celular”. Ele ainda fez um “Hã?”, como se não soubesse do que ela falava. Ah sim, briguei com um eleitor ontem! Era um homem jovem, que chegou todo nervosinho, xingando e falando alto, aquele velho discurso reaça: que nenhum político presta, que ele não queria votar, que ia anular, que é tudo um bando de fdp ladrão, que o Brasil é uma porcaria e tal. Chegou uma hora que me cansei e disse: “Olha, pode anular o voto, mas não venha gritando aqui. Tem muita gente que ama o Brasil e que acredita num projeto político. Eu sou uma delas. Eu me voluntariei pra ser mesária, e estou aqui porque acredito no sistema. Você está me desrespeitando”. Ele ficou quietinho, e ainda pediu desculpas ao sair.Mas, no geral, a alegria era contagiante, pelo menos vinda de quem votava no partido certo. E não era porque eu estava lá, mas a nossa seção eleitoral era considerada modelo. Não havia filas nem problemas, e todas as quatro mesárias (ok, três mulheres e um homem; tô de saco cheio de usar o genérico masculino até quando os homens são minoria) chegaram no horário e faziam seu trabalho direitinho. Todas servidoras públicas, por sinal. Em outras seções faltavam mesários, chegavam tarde, saíam antes... Tanto que um senhor, antes mesmo das 8 horas da manhã, passou pela nossa sala, pôs a cara pra dentro, viu tudo arrumadinho e pronto pra começar já às 7:20, e gritou: “Isso que é competência, não tem jeito! Tá na hora das mulheres governarem o Brasil!”. Pois é: chegou a hora.
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