Jovens exigem transporte mais barato
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Jovens exigem transporte mais barato


Foto: Ninja
Do sítio da União da Juventude Socialista (UJS):

A terceira manifestação contra o aumento das passagens do transporte coletivo, ocorrida ontem (11) levou às ruas da capital paulista cerca de 15 mil jovens com o lema: Se a tarifa não baixar, a cidade vai parar.

Para presidenta da União da Juventude Socialista (UJS) da capital paulista, Camilla Lima, os governantes “têm privilegiado os carros com meio de mobilidade urbana”, em detrimento de se “investir no transporte coletivo”, além disso, garante, “os usuários sofrem com a demora absurda dos ônibus, que ainda funcionam com precariedade” e “andam superlotados”, além dos “congestionamentos quilométricos”, causando demora excessiva na locomoção e muitas vezes as pessoas são obrigadas a irem “a pé porque não têm dinheiro para pagar as tarifas caríssimas”. Ver aqui íntegra da nota emitida pela UJS da capital.

Os organizadores do Movimento Passe Livre (MPL) encaminharam pedido de audiência com o prefeito Fernando Haddad para negociar a reversão do reajuste de R$ 3 para R$ 3,20 no valor das passagens dos ônibus municipais, que entrou em vigor na semana passada. As tarifas de trem e metrô também sofreram o mesmo reajuste, mas são de competência do governo estadual.

Comunicado do MPL diz que eles não são donos das “mobilizações mobilizações contra o aumento” e reafirma que “esta é uma luta ampla e popular com uma reivindicação única, clara e simples: a redução da tarifa de ônibus de R$ 3,20 para R$ 3. É isto que exigem as pessoas que saem para protestar nas ruas”, reforça o comunicado. Dez manifestantes foram presos sem direito á fiança, endurecendo a repressão ao movimento.

Igor Carvalho da revista Fórum retrata a atitude da Polícia Militar (PM) após os manifestantes terem percorrido cerca de 8 quilômetros pelo centro da cidade. “A PM reprimiu, da forma mais violenta possível”, conta, apos a decisão dos estudantes de entrar no terminal de ônibus no Parque D. Pedro II para informar aos usuários os objetivos da manifestação. Havia jovens tentando mostrar aos policiais a vontade de manifestar-se pacificamente, sem sofrerem violência, distribuindo flores aos policiais.

Mas o mesmo governador que não negocia com os servidores da Saúde do estado em greve há 43 dias, criminaliza os movimentos sociais e trata as manifestações públicas como “caso de polícia”. Aliás, no mesmo dia no vão do Masp, na Avenida Paulista, policiais civis e familiares de PMs realizaram ato de protesto contra a política salarial do governador de São Paulo.

Está programada para hoje (12), às 14h, uma audiência pública no Ministério Público de São Paulo com organizações civis contrárias ao aumento da tarifa de transporte coletivo no município para procurar soluções ao impasse criado pela intransigência do governo do estado. Está prevista a participação de representantes das secretarias estadual e municipal de Transportes. A prefeita em exercício de São Paulo, Nádia Campeão, disse a prefeitura participará do encontro para o assunto. O secretário Municipal de Transportes, Jilmar Tatto, também confirmou presença. Os representantes do governo estadual ainda não confirmaram participação par tentar resolver o impasse.

Para o estudante Vinicius Bocato “as pessoas têm que se decidir. Uma hora dizem que a juventude é despolitizada e que só sabe protestar do sofá, com hashtags; outra que quem sai para protestar na rua é vagabundo” e “novamente bombas de gás lacrimogêneo e sprays de pimenta foram usados sem critério nenhum pela PM, mas a grande imprensa só mostra a reação (condenável, é verdade) de alguns manifestantes a toda essa repressão da polícia”, salienta.

Da mesma maneira, assegura Bocato, “na quinta e sexta passadas, a manifestação estava sob controle até repressão truculenta e desnecessária da PM”. Mas a mídia prefere ver somente os atos violentos de poucos manifestantes e não enxergam a grandeza da causa dos jovens que dispõem de seu tempo pra defender uma questão que afeta a vida da maioria da população, principalmente os mais pobres.

Engraçado é que essa mesma mídia glorifica os jovens turcos que ocupam as ruas de importantes cidades de seu país e erguem barricadas com fogo para conter a repressão policial da mesa forma que os brasileiros.

Para a mídia comercial, que apóia o aumento e ainda fazem cálculos pra dizer que o reajuste deveria ser maior, os nossos jovens são “baderneiros”, “vândalos”, “depredadores”, entre outros pejorativos. E sempre acusam os manifestantes de “agredirem” os policiais que aí sim partem para o revide, quando o inverso é a realidade.

Já Camilla defende com razão que “o ato de se manifestar é constitucional e a rua é um espaço público”, somente “não aceitamos a repressão policial, a inflexibilidade ao negociar o trajeto do protesto”, o que, de acordo com ela, “gera mais revolta e atos extremos por uma minoria dos manifestantes”.

As manifestações contra o aumento de passagens no transporte coletivo não são exclusividade dos paulistanos. Elas têm ocorrido no país inteiro. Em Porto Alegre, ainda no começo do ano, a tarifa voltou ao preço anterior ao aumento de R$ 2,85. Recentemente, um juiz de Goiânia concedeu liminar forçando o retorno do valor das passagens para R$ 2,70, que havia sido reajustada pra R$ 3. Em diversas capitais acontecem manifestações de estudantes para conter o aumento nas tarifas e exigir transporte com qualidade.

Não se pode perder de vista a justeza da bandeira dos manifestantes em reduzir as tarifas e exigir melhorias no transporte coletivo, que tanto maltrata os trabalhadores no seu percurso de ida par ao trabalho e de volta para casa. As manifestações continuarão até o poder público conversar com os manifestantes para tentar uma solução para a questão. O direito de se manifestar publicamente é garantido pela Constituição Federal e a polícia existe para garantir esse direito e não reprimi-lo.

As manifestações dos jovens paulistanos são um chamamento a todos os que se utilizam dos serviços de transporte coletivo de São Paulo a unir-se aos protestos e assim diminuir o peso dos custos com o transporte no orçamento doméstico das famílias. Centrais sindicais e entidades da sociedade civil estão convidadas a engrossar as fileiras dessa luta.




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