Juros parados - MIRIAM LEITÃO
Geral

Juros parados - MIRIAM LEITÃO


O GLOBO - 17/07


Os juros não subiram e nem devem subir até o fim do ano. O principal motivo, segundo o economista José Roberto Mendonça de Barros, é o enfraquecimento cada vez maior da economia. Uma das razões da redução da atividade é a decisão de empresas de interromperem a produção para vender energia no mercado livre. Outro é o estoque alto de automóveis.

AMB Associados, de José Roberto, já derrubou a previsão de crescimento do ano para 0,9% e deve fazer nova redução para 0,5%, dependendo dos próximos indicadores. Essa revisão para baixo das estimativas do PIB está sendo feita pelos departamentos econômicos dos bancos e pelas consultorias. O centro do problema está na indústria.

? Com a crise no setor de energia, inúmeras empresas de vários setores, como cimento, metais, química, ferro liga, estão suspendendo produção para vender no mercado livre, onde os preços estão muito elevados. É um bom negócio vender a energia em vez de produzir. Isso tem sido razão adicional para a queda de bens intermediários ? diz Mendonça de Barros.

Outro fator que puxa a indústria para baixo é o enorme estoque de automóveis e a distância entre demanda e capacidade de produção.

? O programa Inovar-Auto criou uma barreira altíssima ao produto estrangeiro e um incentivo a produzir aqui dentro. As empresas vieram instalar fábricas no Brasil. Aumentou-se a capacidade de oferta exatamente quando estava começando a cair a demanda por carros. O setor vai demorar bastante a se equilibrar ? explica o economista.

José Roberto acha que haverá um fator adicional de preocupação no segundo semestre, que é a aceleração do fechamento de postos de trabalho na indústria. As empresas, primeiro, dão férias coletivas, depois, fazem demissão incentivada, e, no fim, demitem. Ele acha que já estão caminhando para a terceira etapa.

A produção de manufaturados enfrenta também a crise da Argentina, que está comprando cada vez menos do Brasil. A Associação do Comércio Exterior (AEB), que estava prevendo um superávit comercial deste ano em US$ 7 bilhões, reduziu para pouco mais de US$ 600 milhões. E o pior é que pela primeira vez em muito tempo os cálculos são de queda da corrente de comércio.

Num quadro de esfriamento da economia, não faz sentido elevar a taxa de juros. É o que o Banco Central dirá para justificar a manutenção da taxa, apesar de a inflação ter acabado de estourar o teto da meta. Quando sair o IPCA de julho, a distância em relação ao máximo permitido aumentará.

O Banco Central vai dizer também que é preciso esperar o efeito do longo ciclo de elevação de taxas de juros e os primeiros sinais de queda da inflação de alimentos. De fato, os preços de vários alimentos tendem a cair e isso já acontece no atacado. José Roberto explica a razão:

? Está sendo colhida uma vasta safra americana e isso tem derrubado os preços de milho, soja, trigo. A cotação do milho, de março até agora, caiu 20%. Essa redução diminui também os preços das carnes. Em parte é efeito do El Niño, que permite boas safras nas Américas, apesar de poder provocar seca na área de monções da Ásia. Por enquanto, o que se sente é apenas o efeito positivo do aumento da produção de alimentos.

Mesmo com essa queda do item alimentação no IPCA, a MB Associados acha que a inflação terminará o ano em 6,7% por causa da alta dos preços da energia. Outros economistas acham que pode ficar abaixo de 6,5%, mas ainda elevada. Apesar da inflação acima do teto, o esfriamento do PIB será o motivo da manutenção da taxa de juros. Com a eleição, o Banco Central não quer correr riscos de derrubar ainda mais a atividade.




- Dilemas Na Economia - MÍriam LeitÃo
O GLOBO - 30/04 O Banco Central votou ontem diante do pior dos dilemas de uma autoridade monetária: a economia estagnada já encolheu a arrecadação e, mesmo assim, a inflação está bem acima da meta. O BC elevou os juros para 13,25% para derrubar...

- Uma Trilogia Maldita JosÉ MÁrcio Camargo
O ESTADO DE S.PAULO - 09/08 Os indicadores da economia brasileira continuam dando sinais muito ruins. A produção industrial caiu 6,9% ao ano e todos os dados disponíveis até o momento apontam para uma queda do PIB no segundo trimestre de 2014. Ainda...

- Remédio Forte - Miriam LeitÃo
O GLOBO - 16/01 Juros incomodam, mas a inflação incomoda muito mais. Essa pode ter sido a convicção do Banco Central ao decidir manter o mesmo ritmo de alta, apesar de a maioria do mercado apostar que ele reduziria a dose. As apostas em redução...

- Inflação Supera Meta Bc - MÍriam LeitÃo
O GLOBO - 11//01 O Banco Central não cumpriu a meta que estabeleceu para si mesmo. Era um objetivo menos ambicioso que o mandato que a sociedade delegou a ele. Para o BC, tudo estaria bem se a inflação de 2013 fosse menor do que a de 2012, que foi...

- Bc Enfrenta A Inflação - Miriam LeitÃo
O GLOBO - 30/05O Banco Central escolheu combater a inflação a tentar preservar o crescimento que, durante o dia, teve um número decepcionante. Foi uma atitude corajosa que provocará muitas críticas dos empresários e dentro do governo, mas o que...



Geral








.