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Kassab dá nó em Dilma por Campos
Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Demorou tanto a presidente Dilma Rousseff para anunciar as mudanças em seu ministério, esperadas desde o final do ano passado, que o PSD desistiu de aderir ao governo agora, à espera de uma definição do governador pernambucano, Eduardo Campos, do PSB.
O ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, fundador e presidente do PSD, comunicou sua decisão à presidente em jantar na noite de quarta-feira, no Palácio da Alvorada, pegando todo mundo de surpresa, já que ao seu partido estavam reservadas uma ou duas vagas ministeriais.
Com o cacife de 52 deputados federais e o correspondente tempo de televisão na propaganda eleitoral, a moeda de troca mais valiosa em qualquer campanha, Dilma esperava que o PSD pudesse compensar a perda quase certa do PSB na base aliada.
Campos, que a cada dia mais fala e age como candidato, procurando atrair partidos de todas as latitudes descontentes com o governo para a sua candidatura, só deve anunciar sua decisão de concorrer em setembro.
Até lá, quaisquer que sejam as mudanças que Dilma fará no ministério para segurar os partidos da atual base governista, a tendência é que outros sigam o exemplo do PSD e fiquem olhando para o céu, para ver de que lado batem os ventos e, principalmente, o que dirão as próximas pesquisas.
É o caso do PTB, do PDT, do PR e do PP, partidos que estão internamente divididos e podem tanto apoiar a reeleição de Dilma como embarcar na canoa de Eduardo Campos, já que a candidatura do tucano Aécio Neves parece cada vez menos competitiva.
O grande problema da presidente Dilma neste cenário de indefinições é ficar cada vez mais dependente da aliança com o PMDB, um partido que não chega a ser dos mais confiáveis.
O desgaste vivido por ministros que estão na frigideira para ceder lugar a outros aliados indóceis à espera de uma boquinha, certamente vai provocar novos problemas, deixando mais insatisfeitos do que contentes com a minirreforma ministerial.
Em política, tudo tem um momento certo para ser feito, e o tempo perdido por Dilma na interminável negociação de cargos acabou sendo ocupado pelo governador de Pernambuco, que esta semana pontificou em Brasília, quando Kassab também estava lá.
Dono de um partido que se define como "nem de direita, nem de esquerda, nem de centro", o ex-prefeito de São Paulo, que já havia se aproximado do PSB de Campos ainda antes da criação do seu partido, em 2011, percebeu o clima e deu um nó em Dilma.
O principal projeto de Gilberto Kassab é ser candidato a governador de São Paulo e, certamente, mesmo que aderisse ao governo Dilma agora, não conseguiria o apoio do PT para enfrentar o tucano Geraldo Alckmin, atual governador.
Como Campos precisa de um palanque forte em São Paulo, uma aliança do PSD com o PSB pode juntar a fome com a vontade de comer.
Magnânimo, Kassab deixou uma porta aberta ao admitir que o vice-governador paulista Guilherme Afif, cotado para assumir o novo ministério da Micro e Pequena Empresa, poderá aceitar o cargo, mas na "cota pessoal" da presidente, que é o que deve acontecer.
O jogo da sucessão só está começando a ser jogado. E não é para amadores.
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