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LEITORA SE PÕE À DISPOSIÇÃO PARA MELHORAR LOLINHA
Minha coluna no jornal sai aos domingos, e a última foi sobre o casamento da princesa sueca. Então recebi este email, que publico sem mudar nadinha, apenas ocultando o nome da leitora: “Boa tarde senhora Lola. Não a conheço, mas pelo que leio que escreves nesta coluna do jornal, posso concluir que és uma pessoa sem graça, infeliz,desgostosa, pois tudo criticas. Seu vocabulário não é de escritora. Quanto ao assunto do casamento da Princesa Victória então, foi um absurdo. Casamento é um ato sério, se queremos entrar com pai ou mãe é da nossa tradição de quem teve uma família para amparar-nos e cuidar de nós. Não somos filhos criados pelo mundo ou pelos outros. Morar junto não foi isso que aprendemos como critérios de família quando crescemos.Mas é uma situação para mostrar aos outros que estão casados, pois não tiveram uma vida religiosa desde pequenos para valorizar o ato do casamento como levar Deus junto com sua nova família.Casamento na igreja não tem relãção com o casamento no civil que é o contrato de papel, para dividir seus bens.Não estás mais juntadas na verdade porque não casou. Peço que leia e converse com pessoas que lhe expliquem o por porque a igreja faz certas exigências sobre o casamento que tenho certeza que mudarás de opinião.Suas reportagens são muito sem conteúdos e não tem convicção do que diz, achar não é ter certeza. Você dá a sua opinião sem se preocupar com o que a sociedade pensa. Me desculpe, mas é para ajudá-la a melhorsr as suas reportagens. Estou a sua disposição. Professora ****”Então, nem sei se respondo. Primeiro que não entendi exatamente o que a pessoa quis dizer em algumas passagens, porque tá confuso. Depois que ela já concluiu uma série de coisas a meu respeito – e eu a-do-ro quando alguém não concorda com algo que a gente diz e a única conclusão possível é que somos infelizes (faltou o mal-amada, né?). E, se temos uma opinião que vai contra o senso comum, é porque não nos informamos nem sabemos do que estamos falando. Se soubéssemos, certamente mudaríamos de opinião e correríamos para o lado da luz!Isso vindo de alguém que lê jornal mas não distingue reportagem de coluna, notícia de opinião... Agora, a parte de eu escrever sem convicção é interessante, porque é isso mesmo que eu quero passar. Escrevo muito “eu acho”, “creio que”, "talvez", “não tenho certeza” etc porque não é minha intenção ser a dona da verdade. Não quero adotar uma linguagem autoritária e que, pra mim, soa arrogante. Tenho convicções, mas também tenho dúvidas. Muitas. Isso do “você dá a sua opinião sem se preocupar com o que a sociedade pensa” também é relevante. Quer dizer que minha opinião vai contra o que a sociedade pensa, certo? Deve ser porque não tenho muito apreço por essa sociedade que aí está. Gostaria de mudanças. E note como o email muda de tom no final. A leitora até pede desculpas! Suas conclusões de que sou uma pessoa infeliz são só pra me ajudar a melhorar. O que será essa “melhora”? Desconfio que signifique me encaixar melhor na sociedade, aceitá-la como ela é, sem criticá-la. E a leitora ainda se põe à disposição para me consertar (me senti como a Eliza de My Fair Lady, com uma tutora só pra ela!). Assim, quem sabe, eu não apenas entre no caminho certo, como também passe a escrever com vocabulário de escritora. Será que ela sabe que sou doutora? Imagino que, se ela soubesse, exigiria que eu escrevesse como doutora.Aí eu fico pensando: o que é pior? Que exijam que a gente se encaixe num sistema pré-fabricado que não funciona, ou que a gente se comunique numa linguagem apropriada a esse sistema? Ou as duas demandas estão conectadas? Acho que minha pergunta é meio que um “dãããã”, mas decidi fazê-la de todo modo. E o propósito dessas exigências é mesmo nos melhorar? Ou nos calar?
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