Lentes da história - HÉLIO SCHWARTSMAN
Geral

Lentes da história - HÉLIO SCHWARTSMAN


FOLHA DE SP - 28/08

SÃO PAULO - O que aconteceu com o sonho do fim da segregação racial que, há 50 anos, Martin Luther King anunciava para 250 mil pessoas na Marcha sobre Washington? Ele está perto de materializar-se ou continua uma esperança para o futuro?

A resposta depende dos óculos que vestimos. Se apanharmos a lente dos séculos e milênios, a "longue durée" de que falam os historiadores, há motivos para regozijo. A instituição da escravidão, especialmente cruel com os negros, foi abolida de todas as legislações do planeta. É verdade que, na Mauritânia, isso ocorreu apenas em 1981, mas o fato é que essa chaga que acompanhava a humanidade desde o surgimento da agricultura, 11 mil anos atrás, se tornou universalmente ilegal.

Apenas 50 anos atrás, vários Estados americanos tinham leis (Jim Crow laws) que proibiam negros até de frequentar os mesmos espaços que brancos. Na África do Sul, a segregação "de jure" chegou até os anos 90. Hoje, disposições dessa natureza são não só impensáveis como despertam vívida repulsa moral.

Em 2008, numa espécie de clímax, o negro Barack Obama foi eleito presidente dos EUA, o que levou alguns analistas a falar em era pós-racial.

Basta, porém, apanhar a lente das décadas e passear pelos principais indicadores demográficos para verificar que eles ainda carregam as marcas do racismo. Negros continuam significativamente mais pobres e menos instruídos que a média do país. São mandados para a cadeia num ritmo seis vezes maior que o dos brancos. As Jim Crow laws foram declaradas nulas, mas alguns Estados mantêm regras que, na prática, reduzem a participação de negros em eleições.

É um caso clássico de copo meio cheio e meio vazio. Do ponto de vista da "longue durée", estamos bem. Dá até para acreditar em progresso moral da humanidade. Só que não vivemos na escala dos milênios, mas na das décadas, na qual a segregação teima em continuar existindo.




- Pátria Distraída - MÍriam LeitÃo
O GLOBO - 01/09Muita gente no Brasil consegue ver com nitidez o grau de desigualdade racial americana, mas não a brasileira. Fica indignada quando vê os números ou sabe das histórias nos Estados Unidos. É capaz de se emocionar com o discurso de Martin...

- E Ele Não Disse ?África? - DemÉtrio Magnoli
O GLOBO - 29/08 A linguagem de King não desafiava apenas as leis de segregação, seu alvo imediato, mas uma narrativa sobre a origem dos EUA, seu alvo distante Meio século atrás, à sombra do Memorial de Lincoln, em Washington, Martin Luther King...

- Heróis E História - Luis Fernando Verissimo
O GLOBO - 25/07 Poucas coisas na vida me emocionaram tanto quanto a aparição do Mandela antes do jogo final da Copa, ovacionado pela multidão Velha questão: são os homens providenciais que fazem a História ou é a História que os providencia?...

- “meu Presidente É Negro”
Esta é uma semana em que eu adoraria estar de volta aos EUA, comemorando a vitória do Obama, porque sei que o clima lá deve ser de grande alegria. Em junho, fui ao primeiro comício que o Obama realizou em Michigan durante esta longa campanha, e o...

- O Racismo Mata Nos Eua. E A Mídia Abafa!
Por Altamiro Borges Na quarta-feira (17), o jovem branco Dylann Roof, de 21 anos, ingressou na mais antiga igreja de negros em Charleston, no sul dos EUA, e atirou friamente nos fiéis que participavam de um estudo da Bíblia, matando nove pessoas. Um...



Geral








.