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Lutar civilizadamente contra o terrorismo
Ontem o Grupo Socialista do Parlamento Europeu reuniu extraordinariamente em Madrid. E quase todos os seus membros prestaram homenagem vítimas dos atentados terroristas de 11 de Março de 2004, junto ao Memorial erguido entretanto frente à estação ferroviária de Atocha. Nesses atentados foram mortas 191 pessoas e feridas 1800.
Não há dúvida que o terrorismo é, hoje, uma das principais ameaças à nossa segurança. Mas esta é acima de tudo uma luta política, em que é fundamental que as democracias não confundam justiça com vingança, ou firmeza com falta de escrúpulos.
Visitámos Atocha uma semana depois de o sistema judicial espanhol ter dado uma lição ao seu congénere americano (entre outros) no que diz respeito ao combate contra o terrorismo dentro dos limites do Estado de direito.
No dia 31 de Outubro 28 réus ligados ao terrível atentado de Madrid ouviram as suas sentenças num tribunal espanhol. 21 foram condenados a penas entre 3 e 40 anos (o máximo possível) e 7 ilibados.
Claro que o veredicto não põe um ponto final à acção da Justiça sobre o bárbaro crime. Não há certezas sobre a autoria moral do atentado e o nível de intervenção da Al Qaeda. O Ministério Público espanhol já decidiu recorrer da absolvição daquele que é considerado o mentor dos atentados terroristas: erros de tradução de escutas e na deliberação da sentença (descritos pelo El País de ontem) aparentemente justificam o recurso. O parlamento espanhol está a considerar nova legislação que altera o ónus da prova em casos de terrorismo.
Tudo isto, as incertezas, os erros, os recursos, a adaptação (na medida do razoável) da legislação nacional a novos desafios e ameaças é normal e reflecte as limitações e imperfeições do sistema judicial de qualquer democracia.
Mas as democracias só podem combater eficazmente o terrorismo dentro dos limites dos sistemas judiciais nacionais e do Direito internacional. Caso contrário, capitularão moralmente e darão a vitória política aos terroristas, adoptando os seus métodos.
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