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Mais dados fracos - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 18/01
Ontem saiu mais um dado estatístico que aponta para um fraco desempenho da atividade econômica no Brasil também no último trimestre de 2013.
Trata-se do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) levantado e calculado pelo Banco Central. É um indicador que pretende antecipar os principais resultados do PIB, uma vez que os números completos são divulgados apenas trimestralmente e, ainda assim, com um atraso de quase dois meses uma vez concluído o trimestre. Os dados das Contas Nacionais e do PIB do quarto trimestre de 2013, por exemplo, só serão publicados no dia 27 de fevereiro, depois de rodados já dois meses do trimestre seguinte.
Já se esperavam números fracos no IBC-Br de novembro. Mas os que foram ontem anunciados são ainda mais fracos do que os anteriormente projetados: queda de 0,3% na atividade econômica de novembro em relação a outubro e avanço de apenas 2,4% no período de 12 meses.
Enfim, estamos enfrentando mais da mesma mediocridade produtiva já conhecida, mesmo levando-se em conta que, na condição de bastante novo, esse indicador do Banco Central ainda não está perfeitamente calibrado de maneira a antecipar, com a precisão desejada, o que depois as Contas Nacionais do IBGE vão apontar.
A economia brasileira segue tomada por uma síndrome perversa: atividade econômica fraca conjugada com inflação elevada demais e baixo nível de confiança na política econômica, fator que, sozinho, já turbina o pessimismo. Esse quadro é, por si só, anômalo, porque, em todo o mundo, atividade econômica baixa tende a derrubar a inflação, ao contrário do que vem acontecendo aqui.
A reação do governo em relação a esse baixo desempenho da economia tem sido dúbia. Às vezes as autoridades dão a impressão de que apostam na virada do jogo, embora não deixem claro o que pretendem fazer para que isso aconteça. Outras, sugerem, como ainda quinta-feira o fez o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, que a maior parte do problema se deve a uma comunicação deficiente das autoridades com a sociedade. Por esse ponto de vista, não há distorções, nem na economia nem na política econômica; há baixo nível de compreensão da sociedade e dos agentes econômicos.
Na verdade, o problema é duplo. A comunicação do governo com o resto da sociedade é de fato ruim. No entanto, mesmo se fosse boa, não mudaria as coisas porque não há resultados convincentes a apresentar. Pior, não há disposição do governo de abandonar o conjunto de políticas econômicas que fracassaram por uma modelagem mais confiável.
O que pensar de um governo que não entrega o que promete, nem em atividade econômica, nem em controle da inflação, nem em controle das contas públicas, nem em meta de investimento, nem em equilíbrio das contas externas?
E de que adianta um país ter puxado 40 milhões de pessoas para um padrão melhor de consumo, se o desempenho da economia continua tão ruim a ponto de colocar em risco as conquistas sociais?
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