Por Altamiro Borges
Após muito suspense, o sítio da Folha deste sábado garante que a ex-senadora Marina Silva decidiu se filiar ao PSB do governador pernambucano Eduardo Campos. Ambos são potenciais candidatos às eleições presidenciais de 2014 e ainda não há informações de como resolverão a pendenga no interior da sigla. Reproduzo abaixo a matéria dos repórteres Fábio Zambeli, Natuza Nery e Ranier Bragon:
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A ex-senadora Marina Silva decidiu se filiar ao PSB do governador Eduardo Campos (PE). A decisão foi tomada após conversas iniciadas na noite de ontem e concluídas na manhã deste sábado (5).
Assim como Marina, Campos é virtual candidato à Presidência da República. Há, entretanto, um desejo do PSB de ter a ex-senadora, que recebeu 19,6 milhões de votos na disputa presidencial de 2010, como vice na chapa do governador.
A união entre Marina e Campos tem o objetivo de formar uma consistente terceira via na corrida ao Planalto, em contraposição à candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) e à postulação do oposicionista Aécio Neves (PSDB).
Em sua entrevista ontem, Marina já havia dito que sua decisão levaria em conta o desejo de "quebrar" a polarização política existente no país. Desde 1994, PT e PSDB são os principais antagonistas no cenário político nacional.
Na sexta-feira, enquanto Marina Silva discutia seu futuro com aliados, o primeiro contato de Eduardo Campos foi feito. Em seguida, ele pegou um avião para Brasília para uma conversa pessoalmente.
A decisão de migrar para o PSB foi tomada após a Rede Sustentabilidade não ter passado no teste das assinaturas, conforme decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na última quinta-feira.
Depois do naufrágio no TSE, Marina passou a discutir o convite recebido por oito legendas, tendo centrado seu foco no PSB e no PPS devido a dois fatores: serem duas legendas com integrantes e atuação relativamente similar à da Rede Sustentabilidade e terem já estruturas montadas nacionalmente e nos Estados.
De acordo com a última pesquisa do Datafolha, do início de agosto, Dilma lidera a corrida para 2014, com 35% das intenções de voto. Marina tinha 26%. Aécio (13%) e Campos (8%) vêm logo em seguida.
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A surpreendente manobra de bastidores - ainda não confirmada oficialmente por Marina Silva ou Eduardo Campos - deverá ter forte impacto na disputa presidencial de 2014. Ela sinaliza que o PSB, antigo aliado dos presidentes Lula e Dilma, enveredou de vez pelo caminho da dissidência e reforçará a oposição ao atual governo. O discurso da "terceira via" serve apenas para tornar menos traumático o divórcio político. A corrida ao Palácio do Planalto deverá explicitar ainda mais o racha.
Nas últimas semanas, o governador Eduardo Campos intensificou as articulações neste sentido. Com forte dose de pragmatismo, ele garantiu a adesão ao PSB de figuras bem extremadas. Entre os novos filiados estão dois inimigos jurados do chamado "lulopetismo", ambos antigos expoentes do DEM: o ex-senador Heráclito Fortes, do Piauí, e o banqueiro Jorge Bornhausen, de Santa Catarina. A legenda do governador pernambucano tenta se colocar como alternativa à polarização PT-PSDB
O impacto da filiação de Marina Silva também será forte em outras searas. Ele deve abalar ainda mais a cambaleante candidatura de Aécio Neves. O tucano até agora não deslanchou nas pesquisas e pode ser atropelado pela dobradinha Eduardo/Marina, o que reforçará a tensão interna no PSDB. José Serra deve estar excitado com estas mudanças no tabuleiro político, nutrindo novamente o desejo de ser o presidenciável dos tucanos. Por último, a filiação de Marina Silva abala o sonho dos "sonháticos" da Rede, que tentavam se diferenciar dos demais partidos e se apresentavam como o "novo na política".
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