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Missão difícil em Davos - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE - 22/01
Se era acertada a decisão da presidente Dilma Rousseff de aceitar o convite para comparecer e falar aos participantes do Fórum Econômico Mundial, que se reúne em Davos, na Suíça, de hoje até sábado, as últimas notícias sobre a economia brasileira tornaram a viagem simplesmente fundamental. Desde que tomou posse em 2011, a mandatária tem encontrado motivos para evitar se expor naquela que alguns de seus companheiros de partido e colegas de mando na América Latina consideram uma espécie de festim diabólico do capitalismo.
Depois que os números da economia brasileira deixaram de encantar o mercado financeiro internacional, apresentando baixo crescimento do Produto Interno Bruto, inflação alta para os padrões do mundo civilizado e persistentes quedas na geração de superavits primários, o governo acabou compreendendo que não poderia continuar com o conto de fadas do consumo para sempre. Aceitou que era preciso focar no investimento.
Mas, para isso, deveria ter feito o dever de casa de reduzir gastos e gerar poupança. Restou, então, reconhecer que não há como destravar o crescimento da economia sem contar com o capital e a agilidade da iniciativa privada. Até então, o Brasil perdeu tempo precioso. Não soube se valer da escassez de opções para os investidores internacionais depois da crise de 2008, nem do grau de investimento concedido ao país, graças aos penosos ajustes feitos nos anos 1990.
O resultado é que, hoje, o país se apresenta em hora menos favorável para tomar crédito e atrair capitais de risco necessários à expansão de sua produção e à modernização de sua infraestrutura econômica. Certamente terá de pagar mais caro pelo financiamento e ser mais concessivo para trazer o capital de risco, no momento em que a poupança mundial retoma o caminho dos Estados Unidos.
Não é outro o cenário descrito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em seu Panorama Econômico Mundial, divulgado ontem, revelando expectativas otimistas para as economias desenvolvidas e temores em relação aos emergentes. Para o FMI, a economia mundial deve crescer 3,7% este ano e 3,9% no próximo, puxada, principalmente, pelos Estados Unidos e pelo início de retomada da União Europeia.
É hora de os países emergentes que estiverem preparados aumentar suas exportações para essas economias, que têm condições de comprar bem mais do que commodities. Mas o FMI coloca o Brasil na contramão dessa recuperação, baixando as previsões de crescimento do país: de 2,5% para 2,3% em 2014, e de 3,2% para 2,8% em 2015. Motivos: além da concorrência com os EUA pelos capitais, o país foi obrigado a aumentar os juros - o que prejudica o investimento e pode atrasar a solução dos gargalos estruturais de oferta.
O governo brasileiro pode não dar muito crédito ao FMI, mas não é essa a postura do mercado internacional de capitais. A posição de Dilma e equipe em Davos não precisa e não deve ser a de pires na mão. Mas terá de ser convincente de que o Brasil continua sendo destino confiável para o capital, garantindo que o governo não abandonou os paradigmas da política econômica que o levou a ter boa cotação no mercado. Tomara que consigam.
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