NÃO ESTAMOS SOZINHAS
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NÃO ESTAMOS SOZINHAS


Encontrei neste blog, o Shakesville, um anúncio dos cremes caríssimos Lâncome usando a beleza do Clive Owen. Bom, “usando a beleza” é bem relativo, já que o que o anúncio faz é deixar o Clive Owen não parecendo o Clive Owen (sim, esse ao lado é o Clive). Não é fascinante que com o Photoshop tirando todas as rugas, linhas de expressão, imperfeições da pele e provavelmente mexendo no nariz e afinando os lábios, o Clive fique parecendo de plástico? Aqui tenho certeza que não estou sozinha: o Clive “de verdade” é muito mais bonito. A gente gosta dele enrugado, do jeitinho que ele aparece em Perto Demais, no excepcional Filhos da Esperança, e até no tenebroso e ultra-machista Mandando Bala. Mostrei o anúncio e as fotos do Clive retocado e do Clive real pro maridão, e ele não se abateu muito. Tudo que ele disse foi: “Tá vendo como o creme é bom?”.

Não é novidade que a mídia vem sondando os homens pra serem consumidores de produtos de beleza. Não tá nem perto do ataque dirigido às mulheres, mas esse cerco ao público masculino já começa a mostrar alguns efeitos, como aumento nos casos de anorexia e bulimia entre os homens (ainda apenas 10%). Mas pra vender é preciso fazer com que o sujeito se ache feio e incompleto sem aquele maravilhoso produto, e isso é mais complicado, porque o sucesso dos machos costuma ser avaliado de outras formas, não apenas pela aparência física. E também, homem mais velhinho continua sendo considerado lindo (vide o Harrison Ford em Indy 4), enquanto mulheres pós-menopausa são vistas como ogras que deveriam fazer um favor à sociedade e nunca mais sair de casa. O que me espanta é que os publicitários não tenham o senso comum pra sacar que um Clive com rugas atrai mais que um Clive com rosto de andróide.

Pra nós, mulheres, é o mesmo de sempre: um padrão totalmente inatingível, inclusive para as magras. Claro, ser magra é nossa ambição suprema, mas de preferência sem exibir muitos ossos, mantendo seios e um tiquinho de bunda. E como seios são essencialmente gordura, é meio difícil ser um esqueleto com um pouco de gordura bem ali, a menos que seja na base do silicone. Ou do Photoshop. Nesse anúncio com a Keira Knightley, vemos o que ela não aparenta ter nos Piratas do Caribe da vida. Mas gostei da declaração dela sobre o anúncio: “Essas coisas certamente não são minhas. Eu não tenho peito”. Isso a gente sabe e, no entanto, continua se deixando abalar por imagens fantasiosas. Será que vamos ter a companhia dos homens na nossa eterna depressão?





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