NÃO SUBESTIME A GALERA DA INTERNET
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NÃO SUBESTIME A GALERA DA INTERNET


Posso tentar escrever este post sem quase nada de pesquisa? É que estou com pressa. Entre domingo e hoje escrevi 28 lindas dedicatórias pra quem comprou o meu livro (e você tá esperando o quê, hein?) e desse jeito vocês vão me perder. Escrever dedicatória tá parecendo mais divertido que escrever blog! E muito mais legal que escrever um artigo acadêmico que estou devendo desde maio.
É assim: neste final de semana, no Twitter, o bafafá (sempre rolam altas tretas e fofocas no Twitter, e sempre todo mundo ouve falar nelas uns dois dias antes de mim, em média. Eu sou oficialmente a última a saber, sempre!) foi que alguém descobriu a “identidade secreta” de uma blogueira que eu nunca nem tinha ouvido falar. Seu blog, Blogueira Shame (como eu sequer sabia que existia, não sei se fechou), era/é sobre moda, e parece que falava mal de outros blogs de moda. 
O problema de “falar mal” é que você emite julgamento, e inúmeras vezes esses julgamentos resvalam em preconceitos. Por exemplo: ontem mesmo passei os olhos nuns tweets de um cara atacando os desafetos de uma amiga. Pra defender a amiga, ele chamou as moças que a estavam atacando de feias, gordas e mães solteiras. Rapidamente choveram mensagens pra ele do tipo “O que você tem contra mães solteiras?”. E o cara: “Nada, são guerreiras maravilhosas”. 
Mas se o cara gosta tanto de mães solteiras, por que um minuto atrás ele tava xingando alguém que ele não gostava de mãe solteira? Não dá pra dizer “Eu acho mãe solteira uma droga quando eu falo da fulana, mas acho uma guerreira ao falar de vc, minha amazona” (quer dizer, o cara disse isso! Disse que chamou a fulana de mãe solteira pra insultá-la, e ulalá, ela se ofendeu! Nem era insulto, e ela se ofendeu!). O estrago já tá feito. Ao associar mães solteiras a outras palavras pejorativas como feia e gorda, danou-se. O cara passa atestado de babaca preconceituos (e as justificativas são quase um pedido de internação pra tratamento psiquiátrico).
Num blog de moda, então, é facílimo adotar uma postura elitista e, obviamente, gordofóbica. Então parece que a Blogueira Shame colecionava inimigas, pois já havia sido grossa com blogueiras negras, gordas e pobres. Repetindo: eu não acompanhei nada disso, só estou repetindo o que li. E não disfarço muito bem meu desdém por blogs de fofoca e moda terem muuuito mais leitoras que qualquer blog feminista. Como bem definiu a Rboges, “É mais fácil maquiar uma cicatriz do que enfrentar as razões que causam as feridas”. Certo, recebi vários tweets dizendo que não é pra fazer essa divisão, que moda pode ser útil, que não tem que escolher. Mas não é este o tema do post. A esta altura, imagino que vocês já desistiram de encontrar o tema do post.
O que me levou a esta reflexão, digamos assim, foi um tweet de uma moça que manifestou achar toda essa comoção um absurdo. Porque, de fato, qual a importância de descobrir a identidade real da autora de um blog fútil que falava mal de outros blogs fúteis? (E antes que alguém diga que meu blog é fútil, eu concordo! Com sorte, este bloguinho que vos fala tem um ou dois posts mais reflexivos por semana. Mas pelo menos eu não fico xingando sapato ou cabelo dos outros).
Aí me lembrei de uma curta entrevista do Kevin Smith que li não sei onde, mas foi recente. Já imagino vocês aí batendo os pézinhos impacientes e perguntando “Como que ela foi jogar o diretor de Pagando Bem, Que Mal Tem? nessa história?”. Pois é, aguentem firme. Kevin é um diretor jovem (42 anos) e bastante bem sucedido. Lembro do seu primeiro filme, O Balconista, que tem ótimos momentos. Depois lembro do Ben Affleck em Procurando Amy, preocupado com a sexualidade e reputação de sua namorada porque ela já tinha transado com dois caras ao mesmo tempo. Dogma, seu projeto mais ambicioso (nada a ver com o movimento dinamarquês), eu odiei. E agora percebo que não vi nada do Kevin da última década.
Kevin conta como se identificou com Cães de Aluguel, ou pelo menos, como foi uma revolução pra ele que um diálogo de um bando de caras tomando café da manhã falando sobre uma música da Madonna contasse como... bem, como diálogo de cinema. “Se isso conta como diálogo de filme, então eu posso escrever diálogo de filme, porque isso é tudo que faço com meus amigos”. E ele também diz que começou a fazer filmes pra atender uma demanda: a de filmes sobre caras gordos que gostavam de quadrinhos e não pegavam ninguém. Depois, diz ele, quando Judd Apatow passou a fazer o mesmo tipo de cinema, Kevin viu que estava sendo repetitivo.
O interessante nesse relato todo é que Kevin, famoso diretor de 16 filmes (qualquer diretor americano com alguns filmes mainstream é famoso, já que sua obra é exibida em todo o mundo), anunciou sua aposentadoria do cinema. Ele se cansou de fazer filmes e ter que implorar pra que o público comparecesse às sessões. E descobriu um nicho lucrativo: a internet.
Sim, agora Kevin faz podcasts. Todo dia, ou toda semana, ele grava algo espontaneamente, sem muito roteiro, e consegue milhões de espectadores que não lhe pagam nada (ele deve ter patrocinadores, anunciantes, gente assim de quem blogueiros comuns não recebem nem bom dia). E agora sim (até que enfim!) faço a conexão entre Kevin e a blogueira Shame e a perplexidade da leitora em “por que as pessoas se importam com isso?”. Kevin relata que falar todo dia na internet faz com que as pessoas sintam-se próximas, quase íntimas. E que isso cria um laço muito mais forte entre ele e seus espectadores do que aquele que ele tinha no cinema.
Então talvez seja isso. Tem um monte de gente na internet fazendo a mesma coisa: blogs, tumblrs, podcasts, o diabo. E criamos nossas celebridades na internet, que só são famosas na internet. Mas, por todo mundo estar na mesma, a gente se sente íntimo. Eu estou muito longe de ser uma celebridade, mas sou conhecida por um pequeno grupo de gente que não tem problemas em ler textos longos e provocativos (e por outro pequeno grupo de gente que detesta minhas opiniões). Por eu escrever todo dia, em primeira pessoa, num estilo pessoal, muitas vezes falando de mim e da minha vidinha, uma galera se sente próxima a mim. E acontece mesmo: eu me sinto bem íntima de um pessoal que comenta aqui com frequência. E é notável, porque em geral a gente nem se conhece pessoalmente, e ainda assim faz parte desta comunidade imaginária.
Acho que é diferente de gente mais famosa que vemos todo dia na TV, como apresentador de telejornal ou astro de novela. Porque essas pessoas são meio inacessíveis, e não falam diretamente com a gente. Não existe muita interação. E na internet não é assim.
Não sei bem o que estou querendo dizer. Só que se um diretor famoso descarta sua carreira no cinema pra fazer podcasts, alegando que dessa forma alcança uma proximidade maior com os espectadores -– bom, é sinal de que aí tem.




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