NÃO TUDO, MAS QUASE TUDO SOBRE A MINHA DEFESA
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NÃO TUDO, MAS QUASE TUDO SOBRE A MINHA DEFESA


Por onde começar? Pelo começo, que foi na quinta, pro “ensaio” do skype, quando tudo deu errado. Não só a secretaria não tava conseguindo se conectar com o co-orientador nos EUA (um dos membros da minha banca), como o powerpoint que eu e o maridão havíamos preparado não funcionava! É que aqui no nosso computador não temos Microsoft, só Open Office, que é gratuito, e lá na UFSC o Open não abria. Graças à persistência de uma estagiária na secretaria, depois de algumas horas, conseguimos converter os arquivos. Felizmente, o dvd com pedacinhos das cinco produções abria normalmente. Mas todo o resto ficou pra ontem de manhã.
Então o maridão chegou e as coisas começaram a se acertar. No almoço, eu, ele e minha mãe procurávamos um lugar rápido pra almoçar. Fomos pedir informações a um carinha, funcionário da universidade, e ele disse: “Desculpe, pode repetir? É que o brilho dos seus olhos verdes me ofuscou?”. Ah, que fofinho! Na frente do maridão, ainda por cima!
Gente, eu não me preparei pra defesa. Eu falo isso e ninguém acredita em mim. Não sei como a imagem que eu passo é a de uma grande cdf. O maridão morre de rir quando eu conto isso pra ele, porque só ele sabe como eu enrolo e deixo tudo pra última hora. Pra defesa do mestrado, essa sim, eu havia feito um script da apresentação e ensaiado várias vezes, mas pra de doutorado não foi assim. Eu não digo isso com orgulho, muito pelo contrário. Acho que o mínimo que um candidato deve fazer é preparar bem sua apresentação e estudar alguns pontos que ele desconfia que podem cair na argumentação. E, claro, reler a sua tese inteirinha. Eu acabei de reler a minha tese, às pressas, ontem de manhã. Isso é escandaloso, na minha opinião. Não recomendo pra ninguém. Até porque na tese há montes de partes que a gente escreveu faz um tempão, ao longo dos quase quatro anos de doutorado. Eu lia meus dois capítulos teóricos e perguntava: “Ahn? Eu escrevi isso? Parece grego pra mim”. Lógico que não é com essa postura que a gente deve entrar no auditório, né?
Então, uma hora antes da defesa começar, lá estava eu, no carro, treinando minha apresentação oral. E tava cheio de pausas, uhm, eh, I mean, horrível. Mas foi muito legal ver o pessoal que veio. Obrigada, gente! Vocês são uns amores e me passaram grande energia (e super agradecida pelas fotos, Mei, e pelos chocolates, Aline, Andrea e Camila! Não precisava! Mas serão devidamente devorados). E foi uma maravilha ver amigos que eu não via faz tempo! Não vou mencionar nome por nome pra não esquecer ninguém, inclusive porque teve gente que entrou no meio, no final, e eu nem notei. Na parte da arguição eu fiquei de frente pra banca, e de lado pro público. Não deu pra ver ninguém.
Na minha apresentação, fiquei feliz em perceber que não estava nervosa. Mas estava insegura. Acho que essa parte correu bem, sem grandes percalços.
Na hora da sustentação da tese, meu desempenho variou muito. Dependeu do membro da banca e da pergunta. Acho que houve algumas perguntas que eu respondi bem, e outras que eu fugi ou respondi vagamente. Mas defesa de doutorado é um pouco esquisito. A banca fala, fala, fala, e às vezes não tem pergunta nenhuma lá. Enfim. Estou bem ciente que não fui brilhante. Mas quem tava lá viu também que houve uma atitude arrogante e antipática. Mais não posso falar (apesar disso, este será o relato mais aberto que vocês vão ler sobre uma defesa, suponho).
E o ritual é longo e exaustivo. Foram quatro horas de defesa!
Não posso negar, claro, que meu tom seria outro se minha nota não tivesse sido tão decepcionante. Passei, óbvio, mas eu não duvidava que iria passar. Só que tirei média final de 8,78. Aí é o caso de ver a metade do copo cheio ou vazio. É perspectiva. Eu considero uma nota baixíssima, sinceramente. Não necessariamente porque fui eu quem a tirou, mas em geral. A gente só passa com 8, entende? Menos de 8 é reprovação. Portanto, a manobra não é bem entre 0 e 10, mas entre 8 e 10. E eu não me lembro de ter visto um doutorando tirar uma nota tão baixa. Já vi várias defesas, e simplesmente não lembro. Já vi defesa de mestrado em que o candidato passou raspando, com 8. Mas de doutorado, não. A maior parte das pessoas que conheço tira 9,5 pra cima. 10 é raríssimo, nunca vi também, mas 9,8 é bastante comum. Sinceramente? Não acho mesmo que merecia 9,8, mas 9,5 seria ótimo. Eu simplesmente não acho que fui tão mal assim pra tirar a pior nota de que tenho notícia. As notas finais foram 9,1 na tese (que tem peso 5), 9 na apresentação oral (peso 2), e 8,1 (peso 3) na sustentação. Só sei que foi desagradável ser aplaudido por todo mundo e ter que sorrir quando eu (e praticamente todo mundo lá presente) sabia que a nota era baixa. Tanto que, pra quem não ficou até o final, num momento, bem depois de lida a ata, a banca pediu pra que a gente saísse porque podia haver um problema de cálculo com a minha nota. Parece que a banca notou que ela estava baixa demais. Mas voltamos e a nota permaneceu essa mesma.
Aí tem o outro lado. A nota não é apenas baixa, é baixa pra mim, e não reflete meu desempenho em seis anos de pós-graduação. Eu tirei A em todas as matérias do meu mestrado e doutorado. Modéstia à parte, sei que escrevo melhor que bastante gente. Por isso, fico triste que eu tenha ficado com a nota mais baixa assim, da história? (ok, talvez seja exagero, mas que parece ser a pior, parece).
Nota depende demais de quem a gente escolhe pra banca. E também da postura do orientador, que é o presidente daquela banca. Por uma questão de princípios, o meu orientador não só não se intromete, como vota sempre com a nota mais baixa dada por outro membro. E, pelo pouco que sei, as notas dadas por uma banca (de defesa, ou de concurso) não são exatamente individuais. O comitê conversa, discute, e chega a uma conclusão parecida. E, pra minha nota, quatro dos cinco membros votaram igual. Só um deu nota 8,5 pra sustentação, e 9,5 pra tese escrita. Eu sei porque tenho a ata. Imagino que, nessa discussão, quem começou falando foi o meu co-orientador nos EUA (geralmente é quem tem mais prestígio, se o presidente, por ética, não toma a iniciativa). E ele nunca havia participado de uma banca no Brasil. Quando falei com ele, via skype, ele ficou surpreso com a possibilidade que a defesa poderia durar quatro horas. Não sei como são as defesas nos EUA, mas desconfio que sejam mais curtas (além de fechadas ao público), e que não haja essa “inflação de notas altas” que há no Brasil (sim, existe uma inflação por aqui. Mas existe todo um contexto também. Não sei porque tenho que ser eu a receber a “nota justa e real”, enquanto o pessoal recebe notas “inflacionadas”). Então, pro meu amado co-orientador, por quem nutro o maior carinho, por toda a acolhida que ele nos deu em Detroit (tá nos agradecimentos da minha tese, e é 100% sincero: ele e a mulher foram algumas das pessoas mais queridas que já tivemos o prazer de conhecer), 9 pode ser uma nota alta. Ele não conhece os parâmetros daqui. Ele está num outro contexto. Mas os outros membros da banca conhecem o contexto, e acham que eu mereci 8,78 ainda assim.
Essa nota não muda a minha vida, lógico. Ela não aparece em nenhum lugar além da ata. Se eu não fosse uma linguaruda, só as pessoas que estiveram na defesa saberiam da nota. Mas por que vou esconder algo que sinto? É meu blog, minha percepção de vida, minha opinião, e eu tenho pleno direito a ela.
Mas o doutorado praticamente acabou, ufa. Após três anos e dez meses! Agora é corrigir e tentar melhorar a tese, imprimi-la (e gastar mais uns 600 reais na brincadeira), e pronto. Uma nova etapa começa: a de que fazer com o título? (não falem, não falem).
Mas que tirar 8,78 não faz bem pro meu ego, ah, isso não faz mesmo. Espero que daqui a pouco eu esqueça esse detalhe (porque é um detalhe). E lembre só do carinho de todos vocês. Obrigada!




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