Por Miguel do Rosário, no blog Tijolaço:Um dia alguém tem de escrever contos e romances sobre nossa época!
Fazer filmes e seriados!
Não será a Globo, com certeza, que irá fazê-lo, porque ela será personagem principal.
Eu arrisco aqui alguns conceitos que podem ajudar os futuros intérpretes desses tempos sombrios.
Antigamente, os marxistas falavam em lumpemproletariado, para se referir às franjas mais ignorantes e ociosas da classe trabalhadora, um segmento com tendência a uma anarquia autodestrutiva, e que não ajudava a sua própria classe nas lutas contra a burguesia.
A palavra vem do alemão, Lumpenproletariat, e significa “seção degradada e desprezível do proletariado”, de lump ‘pessoa desprezível’ e lumpen ‘trapo, farrapo’ + proletariat ‘proletariado’.
Também se usava a expressão “lumpesinato”, para se referir aos setores degenerados do campesinato.
Se Marx fosse vivo, e observasse o cenário hoje, poderia inventar o termo (se é que inventou e eu não sei) lumpenburguesia: as franjas degeneradas e desprezíveis da própria burguesia.
Afinal, não são apenas conservadores. São positivamente idiotas.
Aquelas pessoas portando faixas pedindo intervenção militar, em pleno 2015, são representantes desta lumpenburguesia.
Suponho que toda sociedade burguesa deva possuir a sua cota de lumpenburguesia, mas receio que, em alguns momentos históricos, estes setores saiam do controle.
No caso do Brasil, a mistura de analfabetismo político generalizado com uma mídia tão concentrada quanto reacionária, fez com que a lumpenburguesia assumisse a liderança de toda uma classe.
A burguesia, que já foi uma classe revolucionária que depois virou conservadora, mas sempre liderada por um setor culto, hoje é guiada por indivíduos que acreditam na Veja e acham que Lulinha é dono da Friboi. Não é chute. Há pesquisa da USP confirmando esse triste fenômeno.
Por isso as eleições de 2014 foram tão nervosas, porque corremos o risco de sermos governados por esses malucos, que vão às ruas protestar contra a corrupção e depois votam em… Aécio.
A lumpenburguesia nada mais é do que o exército de zumbis formado pela mídia. São aqueles que acreditam em tudo que a Globo divulga, apesar de que hoje já se tornaram tão fanáticos que acham que até mesmo a “Globo é petista”.
Mas a Globo lhes trata com um carinho de mãe, condescendentemente. Sabe que seus exageros advêm do excesso de consumo das drogas midiáticas que ela mesmo, a Vênus, lhes oferece diariamente.
Os professores de São Paulo põem 30 mil pessoas protestando contra o governador. A Globo não dá nada, ou não dá destaque nenhum.
Já uma manifestação de meia dúzia de coxinhas na porta do casamento “do médico de Lula e Dilma” vale uma extensa matéria, cheia de fotos, vídeos e entrevistas com vários representantes.
Uma manifestação bizarra, de franjas mal educadas da burguesia, xingando os convidados, batendo panela.
Trabalhadores fazem protestos o tempo inteiro, Brasil à fora, e não são ouvidos.
Já um punhado de lunáticos de barriga cheia e cérebro vazio, viram capa de jornal.
Como dizia um dos pioneiros do jornalismo americano, Joseph Pulitzer: “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.”
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Reproduzo abaixo a matéria, para registro histórico.
Grupo protesta no casamento do médico de Lula e Dilma, em São Paulo
Cúpula do poder marcou presença na cerimônia em bairro nobre da capital paulista; Dilma e Alckmin sentaram na mesma mesa
POR JULIANNA GRANJEIA, O GLOBO
09/05/2015 21:56 / ATUALIZADO 09/05/2015 22:56
SÃO PAULO — Prestigiado por políticos da cúpula do poder e também da oposição, o casamento do cardiologista Roberto Kalil com a endocrinologista Claudia Cozer, na noite deste sábado, teve protesto e panelaço na entrada de convidados. O ato foi promovido por um grupo de aproximadamente 30 pessoas no Itaim, bairro de classe alta da capital paulista, onde ocorria o casório.
Com uma lista estrelada de padrinhos que incluiu a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula, os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do senador José Serra (PSDB-SP), a cerimônia contou com a presença de vários integrantes da cúpula petista, como o ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e o presidente do PT, Rui Falcão. Segundo interlocutores, a presidente sentou na mesma mesa que o ex-presidente Lula, o presidente da Câmara Eduardo Cunha, o senador José Serra (PSDB-SP) e o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).
Quando Dilma chegou, moradores de prédios no entorno do restaurante onde a festa ocorria reforçaram o barulho da rua, por alguns minutos. O esquema de segurança na entrada impediu que manifestantes se aproximassem do salão ou afetassem a festa para 400 convidados, que vinha sendo preparada há seis meses. O salão do Leopolldo, local do casório, foi palco há uma pouco mais de uma semana de outra união, do empresário Roberto Justus com Ana Paula Siebert.Na noite deste sábado, grades foram colocadas na rua para organizar a passagem de veículos com convidados. A checagem na lista de presença era realizada carro por carro, ainda distante do salão. A cerimônia começou com uma hora de atraso. Convidados consultados pelo GLOBO relataram que dentro da festa era possível ouvir o barulho do protesto.
O cartorário Adriano Canteli, de 30 anos, saiu do bar onde estava próximo ao local do casamento, para protestar.
— Xinga o Lula “pra” gente (sic*), fala para ele devolver nosso dinheiro - disse ao senador José Serra, quando ele chegou ao casamento.
— Não sei quem é, mas se está aqui não presta. É tudo da mesma laia - gritou uma das manifestantes que vaiava os convidados.
O empresário Eduan Pinheiro, de 34 anos, disse ser membro do movimento “Acorda Brasil”. Ele afirmou ter sido convocado pela rede social para protestar na portaria da festa. Integrantes do grupo “Vem pra rua” estenderam quatro faixas em protesto.
A hoteleira Selene Salomão, 49 anos, levava um cartaz contra “o apoio do governo brasileiro ao venezuelano Nicolás Maduro”, e dizia ter sido candidata a vereadora na última eleição em São Lourenço, no interior de Minas Gerais, pelo PSOL, legenda ligada à esquerda.
— Era o único partido que fazia oposição ao prefeito — justificou.
O noivo Roberto Kalil é médico pessoal de Dilma, Lula e Serra. Há tempos, ele possui pacientes na cúpula do poder brasileiro. Em seu primeiro casamento, em 1989, entre os padrinhos estavam o deputado Paulo Maluf e o ex-presidente militar João Figueiredo.
A presidente deixou o casamento por volta das 22h45, e seguiu direto para Brasília, onde vai passar o domingo com a mãe e a filha.
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