Nova arma chinesa é a privatização - EDITORIAL O GLOBO
Geral

Nova arma chinesa é a privatização - EDITORIAL O GLOBO


O GLOBO - 07/06

Outrora mais autárquica e fechada que a própria União Soviética, a ex-maoísta China se reinventa mais uma vez e dá lição a países capitalistas como o Brasil



A frase creditada a Deng Xiaoping de que ?não importa a cor do gato, contanto que coma o rato? é batida, virou chavão, mas poucas resumem com tanta precisão a capacidade da China de se reinventar, tão logo, sob o comando de Deng, após a morte de Mao, decidiu incorporar características infalíveis da economia capitalista.

A medida do sucesso da ousadia é conhecida: a China se tornou a segunda economia do mundo em menos de uma geração. E se prepara para fazer outra ?revolução?, ao constatar o esgotamento do modelo de ?economia socialista de mercado?, de ainda grande intervencionismo estatal.

O curioso, e até irônico, é que, ao contrário de países capitalistas como o Brasil, constatada a limitação do modelo, a China não insiste no mais do mesmo, e conclui, com acerto, que a saída está em menos Estado, não em dobrar a aposta no estatismo. Herdeiros do maoismo ensinam aos seguidores do capitalismo de estado.

Há poucos dias, foram divulgadas novas estatísticas que confirmam a desaceleração chinesa: em maio, completaram-se, pela primeira vez, sete meses consecutivos de queda da produção industrial.

Na crise mundial deflagrada em 2008, a China desembrulhou um grande pacote de estímulos oficiais, e deu certo. Agora, a decisão de se abrir novos espaços para o setor privado e reduzir o intervencionismo, algo bem mais radical, se deve à constatação de que o país se encontra diante de limitações estruturais: a população está mais velha, a mão de obra passa a ser mais bem remunerada ? deixa, então, de ser decisiva como fator de impulso às exportações ? e , diante de tudo isso, a China necessita de um novo salto, impossível de ser dado sem o capital privado e mais liberdade às às leis de mercado.

A inflexão, considerada a mais importante em uma década, marca a chegada ao poder de um novo grupo dirigente, à frente dele o presidente Xi Jiping e o primeiro-ministro Li Keqiang, assessorados, segundo o ?New York Times?, por uma equipe de tecnocratas pró-mercado.

A nova elite chinesa entende, com acerto, que sem aprofundar a desregulamentação, privatizar setores será impossível alocar com eficiência os recursos necessários para um novo ciclo de crescimento, cujas características, entre outras, será de uma produção mais voltada ao mercado interno e um sistema produtivo mais eficiente, para compensar a tendência de valorização da moeda nacional.

O anúncio das mudanças, feito no mês passado pelo primeiro ministro Li, para todos os filiados ao Partido Comunista, por teleconferência, é considerado o pronunciamento mais importante em dez anos de uma alta autoridade.

Serve de exemplo ao Brasil, tímido, ainda, para atrair o setor privado a áreas em que faltam capital e capacidade administrativa. Os comunistas chineses parecem mais espertos que os nossos.




- O Gato Que Caça O Rato - Henrique Meirelles
FOLHA DE SP - 18/05 Na crise de 2008, a China não teve problemas de crédito como muitos países. Seu problema, gravíssimo, foi comercial. O motor da economia chinesa eram as exportações para os EUA e para a Europa ocidental, e sua redução levou...

- De Gatos, Ratos E Mercados - Luiz Carlos MendonÇa De Barros
FOLHA DE SP - 07/03 China tem desafios complexos, mas previsão de 90% de chance de catástrofe não deve ser levada a sério O novo governo chinês, na abertura da sessão anual do Congresso Nacional do Povo, fixou como objetivo da política econômica...

- No Concerto Das Nações - Henrique Meirelles
FOLHA DE SP - 26/01 A economia mundial entra em nova fase, marcada pela gradual recuperação dos países desenvolvidos, liderados pelos Estados Unidos, e a desaceleração dos países emergentes, liderados pela China. É uma inversão de ciclo, na medida...

- Reformas Na China E Precauções No Brasil - Editorial O Globo
O GLOBO - 22/01 Para reduzir a dependência de exportações de commodities, o país precisa dar um choque de eficiência na indústria, abrindo-se às cadeias globais de produção Tem sido quase um mantra autoridade brasileira explicar as agruras econômicas...

- Lição Chinesa Para Crescer - Henrique Meirelles
FOLHA DE SP - 02/06 O crescimento do PIB brasileiro de 0,6% decepcionou analistas, empresários e trabalhadores. No momento em que discutimos o que fazer para crescer mais, é interessante olhar outros países. Exemplo importante é o da China, onde a...



Geral








.