Novo problema, novo remédio - HENRIQUE MEIRELLES
Geral

Novo problema, novo remédio - HENRIQUE MEIRELLES


FOLHA DE SP - 21/07

Na economia, como na medicina, diagnóstico correto é o primeiro passo para tratamento correto. O segundo é que o remédio aplicado deve ser adequado ao problema.

Já mencionei aqui a reação da política econômica à crise de 2008 e relatórios do FMI e de outros órgãos considerando a ação brasileira como modelo de enfrentamento de crise de crédito. O mais importante é entender precisamente qual era o problema, o que (e como) foi feito e aprender com isso.

A quebra do banco Lehman Brothers, nos EUA, levou a um colapso das linhas de crédito internacionais, que eram cerca de 20% do total do crédito no Brasil. Isso gerou crise de liquidez em dólares e reais e dúvidas sobre a solvência de empresas e bancos. A resposta do Banco Central foi liberar liquidez em dólares, em reais e nos mercados futuros de forma rápida e decisiva.

A melhor definição que vi para uma crise de crédito é compará-la a um ataque cardíaco. Se a resposta for rápida, precisa e com equipamento adequado, o ataque pode deixar poucas sequelas ou nenhuma. Caso demore, mais problemas causará ao coração, às artérias e ao cérebro, gerando danos irreparáveis ao corpo.

O mesmo acontece na economia. Quanto mais dura for a crise, maiores os danos para toda a economia e, portanto, maior a dificuldade de resolver o problema.

No caso do Brasil, em 2008, a economia se recuperou rapidamente, e as empresas retomaram as vendas depois do tombo da produção industrial de 20% em dois meses e da queda anualizada do PIB de 13% no último trimestre. No início de 2010, a economia já estava normalizada, e o BC ajustou os níveis de liquidez.

A resposta com oferta de crédito naquele momento foi adequada, já que a prioridade era restaurá-lo, uma vez que sua contração era exatamente o problema. A resposta fiscal visando a retomada do consumo, em queda livre devido às restrições de crédito, também colaborou para restaurar o dinamismo.

Hoje, examinando o Brasil, é possível diagnosticar que o problema é de custos elevados e baixo investimento. Essa carência importante é acentuada pelas incertezas da economia brasileira e pelo momento global, no qual os EUA consolidam sua recuperação e atraem capitais investidos em outros países.

Portanto, o caminho do Brasil agora é transmitir confiança e credibilidade aos investidores por meio de regras estáveis, trajetória fiscal clara e política monetária firme. Assim, poderemos criar as condições para o aumento dos investimentos, principalmente para elevar a produtividade e reduzir os custos. Dessa maneira estaremos enfrentando de forma efetiva o problema do momento.




- A Força Dos Fatos - Henrique Meirelles
FOLHA DE SP - 03/08 A eclosão da crise global gerou análises em setores importantes no Brasil de que ela significava a falência do sistema de livre mercado e a vitória definitiva do intervencionismo governamental não só via regulação, que era...

- No Concerto Das Nações - Henrique Meirelles
FOLHA DE SP - 26/01 A economia mundial entra em nova fase, marcada pela gradual recuperação dos países desenvolvidos, liderados pelos Estados Unidos, e a desaceleração dos países emergentes, liderados pela China. É uma inversão de ciclo, na medida...

- Dólar Sintomático - Editorial Folha De Sp
FOLHA DE SP - 11/01 Maior fluxo de saída da moeda dos EUA da economia brasileira suscita alarmes, mas não chega a ser um problema crítico para o país No ano passado, mais saíram do que entraram dólares na economia brasileira. O "fluxo cambial foi...

- O Caminho Do Crescimento - Henrique Meirelles
FOLHA DE SP - 14/07 Relatório recente do FMI reduziu as estimativas de crescimento para a economia mundial. Já o banco central dos EUA (Fed) agita os mercados ao sinalizar a redução dos estímulos diante da recuperação gradual da economia dos EUA....

- Tensão Pré-normal - Henrique Meirelles
FOLHA DE SP - 16/06 Os mercados mundiais, sobretudo os de ações e de renda fixa, têm sofrido grande volatilidade nas últimas semanas. Além das incertezas da economia mundial, com a desaceleração na China e os desafios da Europa, a razão principal...



Geral








.